Moraes mantém restrições e veta reunião entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira (22) o pedido apresentado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para receber o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, em sua residência, onde cumpre prisão domiciliar.

O encontro estava previsto para o dia 29 de outubro e, segundo os advogados, teria caráter partidário e de alinhamento de agenda. A solicitação foi apresentada sob a justificativa de que o diálogo direto entre os dois seria necessário para tratar de assuntos internos do PL.

Moraes alega risco às investigações

Ao rejeitar o pedido, Moraes reforçou que permanecem válidas as medidas cautelares impostas a Bolsonaro, entre elas a proibição de manter contato inclusive por intermédio de terceiros com outros investigados ou réus nos processos ligados à tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão também cita que qualquer comunicação entre os envolvidos poderia interferir nas apurações em curso.


Alexandre de Moraes nega visita de Valdemar a Bolsonaro (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

A negativa ocorre um dia depois de a Primeira Turma do STF determinar a reabertura das investigações contra Valdemar Costa Neto. O dirigente é suspeito de envolvimento na articulação que buscava invalidar o resultado das eleições presidenciais e de participação em uma possível organização criminosa voltada para tentar abolir, de forma violenta, o Estado Democrático de Direito.

Investigações reabertas

Durante o julgamento que autorizou a retomada das apurações, Moraes destacou que, conforme o Código de Processo Penal, a investigação pode ser reaberta sempre que surgirem novos elementos de prova, mesmo após o arquivamento inicial.

Com a decisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) volta a analisar o caso e deverá decidir se oferece denúncia formal ou se solicita novas diligências à Polícia Federal.

Valdemar passou a ser investigado após o PL, partido que preside, ingressar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação de parte dos votos registrados nas urnas eletrônicas em 2022. Segundo a Polícia Federal, a legenda teria sido usada para financiar e sustentar narrativas de supostas fraudes no sistema eleitoral, o que teria contribuído para os atos antidemocráticos realizados em frente a quartéis em todo o país.

STF reabre investigação contra Valdemar Costa Neto no caso da tentativa de golpe de Estado

Nesta terça-feira (21) o Supremo Tribunal Federal reabriu a investigação contra Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), por suposta participação na tentativa de golpe de Estado de 2022.

O responsável pela decisão foi o ministro Alexandre de Moraes, que durante seu voto, defendeu o retorno das apurações sobre o papel do presidente nos crimes ligados a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Acusações contra Valdemar

As acusações contra Valdemar são:

Sua participação em organização criminosa armada: que consiste em liderar um grupo de quatro ou mais pessoas, organizado e com divisão de funções, utilizando armas para cometer crimes. A pena varia de 3 a 8 anos, podendo chegar a 17 anos quando há agravantes, como uso de arma de fogo ou participação de agentes públicos.

Tentativa de abolição violenta do Estado de Direito: ocorre quando se tenta, mediante violência ou grave ameaça, eliminar o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o funcionamento dos poderes constitucionais. A pena vai de 4 a 8 anos.


STF reabre investigação contra Valdemar Costa Neto (Vídeo: reprodução/Youtube/@opovo)

Núcleo da desinformação

Durante o julgamento do núcleo 4 da chamada trama golpista, o ministro decidiu pela reabertura do caso. O julgamento mencionado é responsável por disseminar desinformação e realizar ataques ao sistema eleitoral. O núcleo é acusado de tentar desacreditar as eleições de 2022 e gerarem noticias falsas sobre as urnas, todos os réus envolvidos foram condenados

A Polícia Federal (PF) já havia indiciado Valdemar Costa Neto, mas ele não chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a PF, o presidente do PL financiou e incentivou questionamentos sem provas sobre a integridade das urnas eletrônicas e desempenhou papel central na propagação de dúvidas sobre o sistema.


Moraes vota por reabertura de Investigação (Vídeo: reprodução/Youtube/@SBTbrasil)

Durante o julgamento, o ministro Alexandre de Moraes mencionou Valdemar Costa Neto durante à análise do caso de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL) e réu do núcleo 4. Segundo Moraes, Rocha produziu relatórios falsos sobre o funcionamento das urnas eletrônicas, utilizados pelo PL para justificar um pedido de verificação extraordinária dos votos, ação que resultou em multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao partido.

O ministro considerou parcialmente procedente a denúncia da PGR contra Rocha e defendeu sua condenação por organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Com a decisão, o Supremo determinou que a investigação sobre Valdemar Costa Neto seja retomada para apurar se ele cometeu os mesmos crimes.