China quer trabalhar Brasil para superar tarifaço dos Estados Unidos

Em nota oficial divulgada pela Embaixada da China no Brasil nesta quarta-feira(06), o país afirmou estar disposto a fazer um trabalho conjunto com o Brasil para se protegerem das incertezas externas por meio de uma cooperação bilateral e estável.

A declaração foi feita logo depois de uma conversa telefônica entre o chefe do Gabinete de Assuntos Internacionais do Partido Comunista Chinês e assessor de Xi Jinping, Wang Yi, e Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Acordo é visto como demonstração de apoio internacional

O objetivo chinês, além de proteger seus investimentos e sua relação com aliados, tem como objetivo demonstrar apoio como aliada e fortalecer a atuação dos países no cenário internacional na defesa da multipolaridade econômica mundial, da ordem internacional e da justiça global.

Para Wang Yi, os países devem defender juntos seus interesses legítimos junto com os dos países do sul global para conseguirem ter uma relação mais equilibrada onde todos saem ganhando.

O assessor de Xi Jinping ainda completa afirmando que China e Brasil sempre se apoiaram mutuamente e tiveram cooperação estreita e que além do BRICS+ trabalham para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável.

Relação entre os países vive momento impar

A relação comercial entre Brasil e China completou 50 anos em 2024 e além dos laços comerciais, também tem cooperação em vários setores, seja por meio de acordos bilaterais ou através do BRICS+ junto com os membros originais Rússia, Índia e África do Sul.

Contudo, a partir de visita feita no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva é que o país asiático se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil, posição que ocupa até os dias atuais.


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Brasil e China estreitaram relações comerciais nos últimos anos (Foto: Reprodução/Luoman/Getty Images Embed)

Apesar de tensões durante o mandato de Jair Bolsonaro, que mantinha um posicionamento anti chinês e pró Estados Unidos, algo que é visto inclusive nas manifestações de apoiadores, os países voltaram a ter uma relação de amizade após a volta de Lula ao poder na vitória da eleição de 2022.

Os países hoje, além das relações comerciais, também tem cooperação em diversas áreas como ciência e tecnologia, educação, cultura, turismo e na promoção de intercâmbios e parcerias entre os países.

Empresas chinesas inclusive tem participado de licitações públicas em setores importantes da economia brasileira como energia, agricultura, telecomunicações, transportes, projetos de infraestrutura no país, como na construção de ferrovias.

Apoio vem em meio a sanções dos Estados Unidos

O apoio da China ao Brasil, que deve ter movimentos confirmados em breve, vem em um momento delicado para ambos os países por conta do tarifaço imposto pelos Estados Unidos através do presidente Donald Trump.

O Brasil desde ontem(06) tem seus produtos importados aos EUA taxados em 50%. A taxação atinge um pouco mais de 40% das exportações brasileiras ao país da América do Norte. Já os chineses têm suas exportações taxadas em 30% dos EUA desde maio de 2025.

Com isso, os dois países buscam de forma conjunta não só se defender do tarifaço como garantir novos mercados para seus produtos, fugindo de um comércio desfavorável com os Estados Unidos.

Os países, por exemplo, já usam moeda local para fazer negócio livre de taxas através do Brics Pay. O mesmo acontece com outros países do BRICS+ exatamente para fugir das tarifações do dólar.

Brasil solicita à OMC uma solução para tarifaço de Trump

O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, solicitou à OMC (Organização Mundial do Comércio) uma solução das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos exportados do Brasil para o país. O pedido foi divulgado nesta quarta-feira (06), mesmo dia em que as taxas entram em vigor.

Segundo o órgão brasileiro, os EUA estão violando compromissos centrais assumidos na OMC. “Como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização“, diz a nota. O governo do Brasil está disposto para negociações e esperam que o pedido de consulta feito à instituição contribua para uma solução.

Tarifas

O tarifaço começa a valer a partir de agosto e está sendo usado como ameaça para o STF mudar sua posição sobre as medidas cautelares e o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O valor das taxas passou de 10% para 50%.

Não são todos os produtos brasileiros que estão na mira da sanção. O suco de laranja e o petróleo, por exemplo, ficaram de fora da lista. Enquanto alimentos como a carne, o café e o açúcar serão taxados a partir deste mês. Todos esses produtos são exportados frequentemente para o território norte-americano.

Segundo analistas políticos, a decisão de Trump é uma forma de pressionar o Brasil sobre sua aproximação com a China e, principalmente, com o Brics.

Desde julho, o presidente Lula tem feito pronunciamentos a favor da soberania nacional. Durante a cerimônia de abertura de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, que ocorreu nesta terça-feira (05), o ex-sindicalista disse que “Nossa democracia está sendo questionada. Nossa soberania está sendo atacada. Nossa economia está sendo agredida“. Para ele, os Estados Unidos fizeram uma “tentativa de ingerência sobre a independência do Poder Judiciário”.


 Veja trecho do discurso (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)

Nota

Veja a nota do Ministério das Relações Exteriores na íntegra:

“O Brasil apresentou pedido de consultas aos Estados Unidos da América (EUA) no âmbito do Sistema de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A solicitação questiona medidas tarifárias aplicadas por meio das Ordens Executivas intituladas “Regulamentação das Importações com uma Tarifa Recíproca para Corrigir Práticas Comerciais que Contribuem para Elevados e Persistentes Déficits Comerciais Anuais em Bens dos Estados Unidos”, de 2 de abril de 2025, e “Abordagem de Ameaças aos Estados Unidos por parte do Governo do Brasil”, de 30 de julho de 2025. Somadas, as medidas podem resultar na aplicação de tarifas de até 50% sobre ampla gama de produtos brasileiros.

As sobretaxas foram adotadas com base em legislações dos EUA, como a Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional (“International Emergency Economic Powers Act” – IEEPA) e a Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana de 1974.

Ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização.

As consultas bilaterais, concebidas para que as partes busquem uma solução negociada para a disputa antes do eventual estabelecimento de um painel, são a primeira etapa formal no âmbito do sistema de solução de controvérsias na OMC.

O governo brasileiro reitera sua disposição para negociação e espera que as consultas contribuam para uma solução para a questão.

A data e o local das consultas deverão ser acordados entre as duas partes nas próximas semanas.”

O processo tende a ser longo e novas informações sobre o caso podem ser acessadas no site do Governo Federal e também nas redes sociais do Itamaraty.

Lula diz que Donald Trump deveria experimentar o método do Pix

Durante a 5ª reunião plenária do conselho realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a Donald Trump, então presidente dos EUA, que ele aproveitasse a infraestrutura digital de referência.

Além disso, afirmou que com os recentes acontecimentos vindos do poder dos EUA em relação ao aumento de tarifas imposto ao Brasil e à investigação comercial, o presidente Lula emitiu essa fala já que os Estados Unidos temem que o sistema do Pix possa se expandir globalmente e colocar em risco o modelo tradicional de cartão de crédito.

Investigação comercial contra o Brasil

Em junho, foi anunciado pelo USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) uma investigação movida contra as práticas comerciais do Brasil. O Pix entrou na lista que o considera como uma ferramenta desleal para pagamentos, tendo em vista a grande movimentação do dinheiro.

Governo brasileiro apresentará uma resposta ao governo americano, já que ressaltou em reunião que as práticas são legítimas para o comércio. Em defesa do Pix, o presidente afirmou: “O Pix é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital e aqui eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos EUA”.


 Investigação sobre o pix se baseia em seção de lei comercial do país (Foto: Reprodução/Instagram/@globonews)

O sistema de transferência entrou na visão do dos EUA, em julho deste ano, para as investigações. Em trecho do documento americano o pix é citado como “Serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, esse é o sistema de transferência do Brasil. Afirmou ainda em mais um trecho “se envolve em uma variedade de atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.

Práticas absolutamente legítimas

Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, comentou sobre a resposta que será encaminhada ao governo dos Estados Unidos, após o norte-americano questionar sobre método financeiro utilizado pela população brasileira.

A resposta anunciada pelo ministro é: “Sobre a investida da seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”.

O uso da ferramenta é responsável pelo pagamento instantâneo, incluindo a realização de transferências e pagamentos diretamente entre contas bancárias utilizando chaves cadastradas na agência do cidadão.


Mauro Vieira afirma que sanções são contra práticas legítimas brasileiras (Foto: Reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

O Brasil segue agindo de forma política, buscando o diálogo internacional, porém sem renunciar aos seus interesses estratégicos e ao seu direito de inovar. O futuro do comércio mundial depende de soluções modernas, acessíveis e equitativas, como o Pix.

A expressão da capacidade de criar soluções que atendem às necessidades reais da população consolidou o Pix como um instrumento acessível, seguro e eficiente, promovendo inclusão financeira e facilitando a vida de milhões de brasileiros.

UE irá suspender medidas de retaliação contra os EUA por seis meses

A União Europeia irá suspender dois pacotes de contratarifas elaborados em resposta à taxação dos Estados Unidos, que inicialmente era de 30% sobre produtos do bloco. O anúncio, feito nesta segunda-feira (4) por um porta-voz da Comissão Europeia, revogou o pacote por seis meses em razão de um acordo comercial com o presidente norte-americano, Donald Trump, que diminuiu as tarifas sobre a UE para 15%. 

Novos acordos 

No dia 27 de julho, Trump anunciou um acordo com o bloco, que apesar de estabelecer a tarifa de 15%, deixou em aberto as taxas sobre vinhos e bebidas alcoólicas e não isentou produtos como carros e peças automotivas. 

Ainda no comunicado desta segunda, foi informado que as autoridades do bloco esperam que mais decretos sejam divulgados em breve. “A UE continua trabalhando com os EUA para finalizar uma declaração conjunta, conforme acordado em 27 de julho“, relatou o representante da Comissão Europeia – braço executivo da União Europeia. 


Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (Foto: reprodução/Mahesh Kumar A - Pool/Getty Images Embed)

Por conta dessa expectativa, a UE suspendeu as tarifas retaliatórias do bloco contra os EUA, que estavam previstas para serem implementadas no dia sete de agosto. 

Além da diminuição da tarifa de 30% para 15%, o acordo publicado por Trump definiu um investimento de US$ 600 bilhões da UE nos Estados Unidos. O bloco também irá firmar acordos para a compra de energia e equipamentos militares norte-americanos. 

Recuo nas contratarifas 

O pacote de medidas retaliatórias mencionado no comunicado foi aprovado no dia 24 de julho pelos países membros da União Europeia. A aplicação dessas contratarifas seria em um cenário sem acordos comerciais entre os dois lados. Com o decreto publicado por Trump, o bloco suspendeu a decisão por seis meses.


Donald Trump e Ursula von der Leyen em anúncio de acordo comercial (Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed) 

As medidas estavam divididas em duas partes: a primeira respondia às tarifas de importação de aço e alumínio impostas pelos EUA, que hoje configuram 50%, mesmo após o acordo comercial anunciado, e a segunda às taxas básicas e de automóveis propostas por Trump. Ao total, 93 bilhões de euros (R$ 604,65 bilhões) em produtos norte-americanos seriam impactados pelo pacote. 

Trump mantém laranja e petróleo fora do tarifaço e expõe limites do protecionismo

Ao manter a laranja e o petróleo fora do tarifaço Donald Trump expõe os limites do protecionismo e evidência o poder da interdependência econômica, Donald Trump decidiu aplicar uma tarifa de 50% a uma grande quantidade de produtos brasileiros. Anunciada em 30 de julho, a decisão provocou forte turbulência nos mercados e trouxe à tona o debate sobre os rumos da política comercial entre Brasil e Estados Unidos.

Apesar da atitude severa, existem exceções que chamam a atenção: a laranja e o petróleo ficaram fora do aumento tarifário. Não se trata de uma escolha aleatória, ela escancara que há um cálculo pragmático por trás do discurso protecionista do presidente americano.

Laranja e petróleo

O suco de laranja brasileiro tem uma vital importância na indústria de bebidas dos EUA. A produção da Flórida está em crise há mais de dez anos devido a uma série de acontecimentos, entre eles, pragas, eventos climáticos e perda de competitividade. Com isso, o país importa mais de 40% do que o Brasil exporta do produto. Portanto, uma tarifa nesse item encareceria alimentos e pressionaria a inflação, um resultado negativo para um momento politicamente delicado na economia americana.

Já no caso do petróleo, a questão ultrapassa as fronteiras do comércio. Desde que o Brasil descobriu o pré-sal, o país se tornou um fornecedor estratégico de óleo leve, produto de extrema importância para as refinarias americanas na composição de misturas específicas. Nesse caso, esse fluxo seria penalizado pela tarifação, a energia dos EUA ficaria mais cara e isso poderia impactar o mercado financeiro global. Tendo em vista que gigantes como Chevron e Exxon Mobil mantém operações bilionárias no Brasil, um atrito desse porte traria custos diretos para a economia americana.


Laranjas (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)
Laranjas (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Impactos e riscos

É verdade que a exclusão dos citados produtos amorteceu os danos, mas os setores de carnes, calçados e manufaturados brasileiros poderão registrar perdas relevantes de até US$ 9 bilhões. A Amcham calcula que 43% das exportações do Brasil ficaram de fora da nova tarifa. A reação inicial no mercado financeiro, foi a volatilidade do dólar que disparou, o índice Bovespa recuou, mas com a exclusão da laranja e do petróleo, papéis vinculados a esses setores se mantiveram estabilizados. Para os EUA, o tarifaço tem um efeito duplo: no curto prazo, fortalece o discurso político, imprimindo pressão sobre os parceiros comerciais. Porém, a médio prazo, a tendência é encarecer produtos e diminuir a competitividade interna.

Efeitos futuros

O que se espera para as próximas semanas são tentativas de negociação, já que o governo brasileiro sinalizou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio e vem buscando diversificar mercados com foco em China, Índia, Indonésia e países árabes. No mercado financeiro, os investidores ficarão atentos à evolução de um diálogo bilateral, bem como à oscilação do dólar e aos preços internacionais de commodities.


Imagem de refinaria brasileira de petróleo (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Interdependência

A exclusão da laranja e do petróleo esclarece que, ainda num contexto de retórica nacionalista, os limites das ações políticas são impostos pela interdependência econômica. Portanto, não há tarifação que, uma vez usada como arma política, deixe de produzir danos domésticos, tendo em vista que, num mundo de cadeias produtivas globais, a interdependência funciona como uma espécie de freio para determinadas ações.

Tarifaço de Trump contra o Brasil poupa alguns setores produtivos

Na última quarta-feira (30), a Casa Branca publicou o decreto assinado pelo presidente Donald Trump, que implanta as tarifas de importação para produtos brasileiros em 50%. A medida entra em vigor a partir de 6 de agosto. Contudo, o denominado tarifaço excluiu alguns produtos considerados importantes para a economia brasileira.

O republicano havia anunciado a medida em 9 de julho, em carta direcionada ao governo brasileiro. A justificativa de tal atitude são as medidas do Judiciário impostas ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

Produtos poupados

O decreto publicado pelo governo americano impõe tarifa de 50% para produtos brasileiros. Produtos como café e carne bovina serão os mais afetados. Porém, a medida isenta as principais importações que os Estados Unidos realizam, como suco de laranja e peças de aeronaves que beneficiam a Embraer.

Fertilizantes, artigos de borracha, madeira tropical e sua polpa química, suco e polpa de laranja, artigos de polpa de papel e pasta de celulose são alguns dos itens que foram excluídos da taxação promovida pelo governo norte-americano. Além destes, o petróleo bruto, o gás natural, o carvão, os lubrificantes, a parafina e até a eletricidade permanecerão fora do aumento.

Os produtos já em trânsito para os Estados Unidos antes da entrada em vigor do decreto, desde que cheguem no país até a data limite de 5 de outubro, não estarão sujeitos às novas tarifas.


Lista completa dos produtos isentos do tarifaço (Vídeo: reprodução/Instagram/@poder360)

Carne sob risco

Se por um lado, Trump poupou alguns setores da economia brasileira, por outro lado, aquele que é considerado o mais importante será duramente afetado. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, e os Estados Unidos, o segundo maior comprador.

Porém, a Austrália se tornou o maior exportador do produto para os americanos. O país enviou 27% a mais de carne bovina para os Estados Unidos no ano do que o Brasil e aumentou seu volume de exportação em 30% em relação a 2024.

A razão está nas tarifas. A carne australiana, que adentrava nos Estados Unidos isenta de tarifas, agora possui somente 10% de taxa. Em contrapartida, o produto brasileiro já estava com uma taxa de 26%, que aumentou para 36% em abril. Com a tarifa de 50%, a carne brasileira terá um aumento total de astronômicos 76%.


Donald Trump assina acordo comercial com a Coreia do Sul (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)

Em negociação

Enquanto o Brasil possui a maior taxação aplicada pelo governo Trump (com exceção da China), outros países obtém êxito em suas negociações comerciais. Um exemplo é a Coreia do Sul, que concordou com a taxa de 15% de importação em seus produtos.

A União Europeia também chegou a um acordo com o governo norte-americano e será taxada em apenas 15%. Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, selaram o acordo no último domingo (27).

Com o México, o governo americano suspendeu o aumento das tarifas, que iria ocorrer a partir de sexta-feira (1º). A taxa de 25% continuará em vigor pelos próximos 90 dias enquanto os países entram em negociação.

Países sem acordo comercial serão notificados até meia-noite, diz Casa Branca

Nesta quinta-feira (31), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, comunicou à imprensa que os países que não firmaram um acordo comercial com os Estados Unidos ou que não foram notificados com uma carta tarifária receberão informações até o final do dia. 

Essas nações serão informadas dos termos das suas relações comerciais com os EUA. O valor exato das tarifas a serem impostas sobre esses países não foi comunicado no anúncio. Apesar disso, declarações recentes do presidente americano, Donald Trump, apontam para uma possível tarifa universal de 15% a 20%. 

Comunicado oficial 

Na coletiva de imprensa, Leavitt delimitou que os países serão notificados até a meia-noite desta quinta-feira. “A equipe comercial tem trabalhado 24 horas para tentar estar em correspondência com a maior quantidade de países possível, mas se eles não receberam notícias nossas ainda, eles receberão na forma de carta ou de decreto até a meia-noite de hoje“, explicou a porta-voz da Casa Branca.


Karoline Leavitt em coletiva nesta quinta (Foto: reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)

Acordo com outros países 

Desde os primeiros anúncios tarifários, em abril, várias nações têm tentado dialogar com a Casa Branca e negociar as taxas impostas, que entrarão em vigor amanhã, dia primeiro de agosto. Alguns acordos já foram firmados, como, por exemplo, com a União Europeia (UE), Japão e Reino Unido.


Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em anúncio de acordo comercial 
(Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)

Para o Brasil, não houve uma negociação. Trump decretou, na quarta-feira (30), uma sobretaxa de 40% (acumulada com a de 10% anunciada em abril) sobre a importação de produtos brasileiros. Na ordem executiva há, porém, uma lista de 694 exceções que estariam de fora da elevação na tarifa – o que alivia a pressão sobre alguns setores como o da aeronáutica, energia e algumas partes do agronegócio. 

Entre a lista de países que foram notificados com cartas tarifárias por Trump, o Brasil lidera com a maior tarifa imposta, de 50%. Vêm seguida os países de Laos e Myanmar, ambos com 40%, Camboja e Tailândia, com 36% e Bangladesh e Canadá, com 35%.

“A negociação começa hoje”: Alckmin vai ao programa de Ana Maria Braga e explica tarifaço

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) participou nesta quinta-feira (31) do programa “Mais Você”, da TV Globo. No café da manhã com a apresentadora Ana Maria Braga, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços comentou e explicou o aumento nas tarifas formalizado pelos Estados Unidos na quarta-feira (30). 

Uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, decretou uma taxa de 40% sobre a exportação de produtos brasileiros no país – valor que acumula com a tarifa-base de 10% anunciada em abril. A medida entra em vigor em sete dias, segundo o comunicado divulgado pela Casa Branca. 

Brasil continua aberto ao diálogo 

Segundo Alckmin, desde o início da guerra tarifária, o Brasil sempre esteve disposto a dialogar. Em sua avaliação, o ministro aponta que apesar da ordem executiva, a negociação não foi encerrada. “Não acabou essa questão, [o que aconteceu] agora acelera a negociação […], ela começa hoje” afirmou.  

Referenciando comentários sobre uma possível ligação entre os dois líderes, o vice-presidente comentou que “o presidente Lula está aberto”. Se depender do lado brasileiro, “a conversa é pra ontem”, mas Alckmin aponta que algo desta dimensão precisa de muito preparo.


Presidente Lula (PT) e vice-presidente Alckmin (PSB) (Foto: reprodução/Alexandre Schneider/Getty Images Embed)

Esse tarifaço é um perde-perde, os americanos vão pagar mais caro no café, na carne, na fruta, no peixe, calçado, e nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento“, comentou o ministro. 

Exceções para alguns produtos brasileiros 

No documento divulgado pela Casa Branca, foram listados 694 produtos exportados pelo Brasil que estariam de fora do aumento da tarifa, como aqueles fornecidos por setores de aeronáutica, energético e uma parte do agronegócio. Segundo Alckmin, cerca de 35,9% dos produtos brasileiros importados pelos EUA serão afetados pelo aumento de 50% na alíquota. 

Entre os que não entraram para a lista de exceção, está o café, que para o vice-presidente, é algo essencial na rotina dos norte-americanos. “Eles tomam aquele café grandão, eles precisam do nosso café arábica para o blend. […] O Brasil é o maior exportador do mundo, maior produtor do mundo, [vamos] primeiro trabalhar para baixar a tarifa, eles não produzem café”.


Publicação do Governo Federal sobre a participação de Alckmin no programa (Vídeo: reprodução/X/@govbr)

Medidas de proteção e soberania brasileira 

Como forma de suporte para os produtores prejudicados pela taxação, o ministro adiantou que o governo está desenvolvendo um plano de proteção aos empregos e às produções. “Ninguém vai ficar desamparado. Os 35,9% efetivamente atingidos pela tarifa, dos 10% mais 40%, vamos lutar para diminuir“, ressaltou.

Alckmin frisou também que o país não irá renunciar a sua soberania e saiu em defesa do ministro do STF Alexandre de Moraes, que tem sido alvo recente de sanções dos EUA. 

“Sem soberania, o Brasil não existiria”, diz Lula após EUA formalizar taxações

Nesta quinta-feira (31), logo após o governo dos Estados Unidos publicar o decreto do tarifaço e aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luís Inácio Lula da Silva voltou a enfatizar que o Brasil não existiria se não fosse um país soberano.

Em uma publicação na rede social X, o chefe de Estado brasileiro compartilhou o artigo 1° da nossa Constituição Federal que fala sobre os princípios fundamentais da República e afirmou que foi a soberania do nosso país que nos proporcionou independência e liberdade e sem ela o Brasil não existiria.

Dizeres de Lula

No texto, o presidente do Brasil também frisou que além de outros princípios fundamentais, a soberania nacional está na primeira posição da nossa Constituição. “Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino. É a capacidade de um país decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo. Soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária”, escreveu.


Imagem Constituição compartilhada por Lula (Foto: reprodução/X/@lulaoficial)

Apesar de não fazer menção direta a questão com os Estados Unidos, Lula disse que o Brasil acredita no fortalecimento do multilateralismo e enfatizou a importância de uma colaboração mundial. Segundo ele, os desafios mundiais, como a fome e as mudanças climáticas, por exemplo, não serão vencidos sozinhos por nenhuma nação. “A soberania deve ser acompanhada pela cooperação internacional. Desafios comuns exigem ações compartilhadas”, disse ele.

Sanções de Trump

Nesta quarta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem executiva que formaliza a nova tarifa que totaliza 50% de aumento contra os produtos brasileiros exportados para o país norte-americano.

Porém, a nova medida possui uma lista com ao menos 700 itens que não serão afetados pela tarifa extra de 40%. Suco de laranja, castanhas, petróleo, minério de ferro e aeronaves estão entre os produtos selecionados para se manter apenas com a taxa de 10% divulgada anteriormente.

A nova medida estava prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira (1°), mas foi adiada para o próximo dia 6 de agosto.

Para além da formalização do tarifaço, o governo norte-americano também anunciou nesta quarta-feira (30) a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.

EUA e Coreia do Sul chegam a acordo e taxa para país é reduzida para 15%

Na manhã desta quinta-feira(31), o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou a redução da taxação de produtos importados da Coreia do Sul de 25% para 15%.

A medida vem acompanhada do anúncio do investimento em insumos estadunidenses para o país asiáticos na casa de 350 bilhões de dólares.

Custo para a Coreia segue alto apesar de redução

A taxa passou a ser mais branda para o aliado de longa data dos Estados Unidos na Ásia, mas apesar dessa redução, o custo para o país asiático adentrar o mercado estadunidense ainda vai continuar alto.

De acordo com Trump, a Coreia do Sul anunciou um investimento de 350 bilhões de dólares na economia dos EUA e a compra de 100 bilhões de dólares em gás natural e outros insumos energéticos do país, fazendo a taxa sobre produtos sul-coreanos ficar em 15%, sendo a menor dentre as anunciadas pelo presidente no início de julho.


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Indústria automotiva sul-coreana é a mais afetada pela taxação de Trump (Foto: Reprodução/Moment/Insung Jeon/Getty Images Embed)

Somando os dois valores anunciados por Trump, o acordo vai custar cerca de 450 bilhões de dólares para Seul. Além desses valores, o presidente estadunidense ainda afirmou que o país asiático ainda vai investir uma quantia de dinheiro adicional que não teve o valor informado.

A Coreia do Sul exporta para os Estados Unidos em sua maioria produtos como automóveis, autopeças, produtos eletrônicos, aço e produtos químicos.

Taxação de Trump causa receio no Mundo

Desde que assumiu a presidência em janeiro de 2025, Trump tem adotado políticas agressivas para a economia mundial, começando com a taxação de todos os produtos em 10% e depois evoluiu para as taxações variáveis anunciadas de tempos em tempos pelo mesmo visando zerar o déficit na balança comercial estadunidense.

O temor de especialistas e do mercado é que essas taxações estadunidenses possam gerar um conflito comercial entre os países e acirrem tensões.

Ainda segundo alguns especialistas, algumas taxas não fazem sentido por conta da balança comercial ser mais favorável aos Estados Unidos ou equilibrada entre os países.
Um exemplo disso é a balança brasileira, que tem um certo equilíbrio, mas que é favorável aos Estados Unidos por alguns milhões de dólares. Porém, o Brasil recebeu uma taxação de 50% sobre quase a metade de produtos exportados.