Tarifaço americano provoca queda nas exportações brasileiras aos EUA e China assume parte da demanda

As exportações brasileiras aos Estados Unidos sofreram uma queda drástica de cerca de 25% nos três meses seguintes à entrada em vigor de uma taxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump para diversos produtos brasileiros.

Entre agosto, setembro e outubro de 2024, o Brasil exportou cerca de US$10,2 bilhões para o mercado dos EUA, no mesmo período de 2025, esse valor caiu para aproximadamente US$7,6 bilhões.

Principais produtos atingidos

O impacto foi especialmente severo sobre produtos do agronegócio e do setor alimentício. Entre os mais afetados estão os açúcares e melaços, que registraram queda de cerca de 78,7%, seguidos pelo tabaco, com diminuição de 70,6%. A carne bovina também sentiu fortemente os efeitos da medida, apresentando redução de 53,6%, enquanto o café não torrado teve queda de 16,6% nas exportações.

Além disso, mesmo produtos que não estavam diretamente sujeitos às taxas, como o petróleo e o minério de ferro, que sofreram retração superiores a 20%. Essa queda é atribuída tanto à diminuição da demanda nos Estados Unidos quanto às mudanças nas cadeias de suprimentos globais, agravadas pela incerteza gerada pela nova política tarifária.

China e outros mercados ganham relevância

Enquanto o mercado estadunidense diminuiu, o mercado chinês se fortaleceu para o Brasil. As exportações brasileiras para a China cresceram 26% no mesmo período analisado, passando de US$21,5 bilhões em 2024 para US$27,1 bilhões em 2025. Parte relevante desse aumento vem da venda de soja, mas houve destaque também para a carne bovina, cujas exportações para o país asiático quase dobraram, saltando de US$1,79 bilhões para US$2,97 bilhões.


Balanço depois do tarifaço contra o Brasil (Vídeo: reprodução/YouTube/@SBTNews)


No caso do café não torrado, o crescimento foi ainda mais expressivo, alcançando 335%, embora em valores menores, cerca de US$125 milhões. Além disso, mercados como o México, os países árabes e as nações do Sudeste Asiático também ampliaram sua importância para segmentos específicos das exportações brasileiras, ajudando a diversificar o destino dos produtos nacionais.

Diversificação de mercados como resposta estratégica

Diante do choque provocado pela taxa estadunidenses, ganhou força o discurso, tanto no setor privado quanto do governo, de que é necessário diversificar os destinos das exportações brasileiras. O objetivo é aliviar a vulnerabilidade do país frente a políticas externas adversas e minimizar os impactos de decisões de grandes parceiros comerciais.

Segundo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, desde 2023 foram abertos mais de 400 novos mercados para produtos brasileiros, em diferentes regiões do mundo. É importante ressaltar que a meta não é substituir completamente o mercado dos Estados Unidos, mas sim diminuir a dependência e ampliar as oportunidades de comércio internacional.

Impactos e desafios para o Brasil

O cenário mostra que a adoção de tarifas elevadas por parte de um parceiro comercial importante, como os Estados Unidos, pode provocar um choque nas exportações brasileiras, especialmente nos produtos agroalimentares que apresentam alto grau de dependência desse mercado. Essa situação evidencia a fragilidade de economias que concentram suas vendas externas em poucos destinos.

Por outro lado, a abertura e a consolidação de mercados alternativos, ainda que representem um desafio, funcionam como um amortecedor diante de crises comerciais. Essa estratégia, no entanto, exige adaptação logística e comercial para atender novos clientes, manutenção de padrões fitossanitários e regulatórios distintos e diversificação do portfólio de produtos e destinos para reduzir riscos.

Além disso, o fato de até mesmo produtos não diretamente taxados terem sofrido queda nas exportações revela o quanto as cadeias internacionais são interligadas e sensíveis a choques de confiança, variações na demanda ou mudanças nas políticas comerciais globais.

Governo avalia realizar conversa entre Lula e Trump por videoconferência

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta semana ter sentido uma “ótima química” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração foi feita após um rápido cumprimento entre os dois na sede da ONU, em Nova York. Segundo o próprio Trump, a conversa durou menos de um minuto, mas foi suficiente para que ambos indicassem a possibilidade de um encontro mais estruturado já na próxima semana.

No entanto, a avaliação do governo brasileiro é de que a reunião não deve ocorrer presencialmente. Fontes da diplomacia em Brasília apontam que a tendência é que a conversa seja conduzida por telefone ou videoconferência, como forma de evitar constrangimentos e de acelerar as negociações. Essa seria a primeira conversa direta entre os dois presidentes desde que Trump reassumiu a Casa Branca.

Entre os principais temas em pauta está o tarifaço de 50% imposto pelo governo americano sobre produtos brasileiros. Além disso, Trump sancionou recentemente autoridades do Executivo e do Judiciário do Brasil, medida que gerou forte repercussão em Brasília e acentuou as tensões diplomáticas entre os países.

Diplomacia brasileira adota postura cautelosa

No Itamaraty, a orientação é de prudência. A cúpula diplomática entende que o momento exige uma preparação cuidadosa para evitar que a reunião resulte em desgaste político. A lembrança de episódios recentes envolvendo outros líderes mundiais, como Volodymyr Zelenski e Cyril Ramaphosa, que foram alvo de constrangimentos públicos por parte de Trump, serve como alerta.

Para os diplomatas brasileiros, a estratégia é criar um ambiente seguro para que Lula não seja colocado em situações desconfortáveis. Nesse sentido, a opção por uma reunião virtual ganha força, já que reduz a exposição pública e facilita o controle sobre os termos do diálogo. O objetivo é assegurar que as pautas centrais — tarifas e sanções — sejam tratadas de maneira clara e objetiva.

Por parte dos Estados Unidos, a porta-voz Amanda Robertson declarou que a iniciativa de organizar a reunião partiu do breve contato entre os presidentes. Segundo ela, caberá às equipes diplomáticas definir os detalhes. Robertson ainda destacou que Washington vê a relação comercial com o Brasil como um tema urgente e que a renegociação de tarifas estará no centro da conversa.

Lula reforça defesa da democracia e da soberania

Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, Lula respondeu indiretamente às ações de Trump, afirmando que a democracia e a soberania brasileira são “inegociáveis”. O presidente também classificou como “inaceitável” qualquer tentativa de enfraquecer o Judiciário e descartou a possibilidade de anistia para ataques contra as instituições democráticas.


Confira discurso completo de Lula na Assembleia Geral da ONU (Vídeo: Reprodução/YouTube/G1)

A fala de Lula foi interpretada como um recado direto ao governo americano, que mantém uma postura crítica às recentes decisões judiciais no Brasil, especialmente a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Trump, aliado de Bolsonaro, já havia demonstrado insatisfação com a condução do processo.

A viagem de Lula a Nova York, a primeira desde o início da crise tarifária, também teve impacto nos mercados. O dólar recuou para R$ 5,27 após o sinal de aproximação entre os dois países, e a Bolsa de Valores de São Paulo atingiu 146 mil pontos pela primeira vez. O movimento reflete a expectativa de que, mesmo em meio a divergências políticas, Brasil e Estados Unidos busquem um canal de diálogo para evitar maiores danos econômicos.

Trump pede tarifaço de 100% da União Europeia contra China e Índia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou de uma reunião na última terça-feira (09) entre altos funcionários do governo e da União Europeia em Washington. O objetivo era discutir modos de aumentar o custo econômico da guerra para a Rússia.

Na oportunidade, ele solicitou que o bloco europeu imponha um tarifaço de 100% sobre China e Índia, como forma de sufocar economicamente as relações dos países com o governo de Vladimir Putin.

No mês de agosto, o governo Trump aumentou as tarifas sobre as importações indianas para 50% devido às compras de petróleo russo pelo país.

Ausência de acordo

O pedido de Trump é resultado de sua insatisfação. Conforme noticiado no Financial Times, o governo americano encontra dificuldades de negociar um acordo de paz e com os ataques aéreos cada vez mais agressivos da Rússia contra a Ucrânia. Além disso, o encontro entre Putin, Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na semana passada, foi um demonstrativo de encontro de aliados, e Trump deseja enfraquecer o movimento.

Em depoimento à CBS News no dia 3 de setembro, o republicano disse que está insatisfeito com os runos da guerra e lamenta não ter conseguido dar fim ao conflito de maneira mais rápida: “Acho que vamos resolver tudo. Francamente, o acordo com a Rússia, pensei, teria sido mais fácil do que os que consegui impedir, mas parece ser algo um pouco mais difícil do que alguns dos outros”, disse ele.


Encontro entre Vladimir Putin, Xi Jinping e o ditador norte-coreano Kim Jong Un na última quarta-feira (03) (Foto: reprodução/ALEXANDER KAZAKOV/POOL/AFP/Getty Images Embed)

Resposta chinesa

Em resposta à reunião realizada entre Estados Unidos e União Europeia, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim não era instigadora nem parte da “crise” na Ucrânia e não deveria ser usada como bode expiatório: “Nós nos opomos firmemente à imposição da chamada pressão econômica sobre a China”, disse.

A China, maior compradora de petróleo russo, está sendo poupada, até o momento, das tarifas “secundárias”. O país conseguiu uma trégua de 90 dias com Washington para reduzir as novas taxas sobre seus produtos para 30%. Anteriormente, as tarifas haviam chegado ao patamar de 145%.

“Conclusão bem-sucedida”

Em relação à Índia, Trump escreveu no seu perfil na rede Truth Social que as negociações comerciais com o país prosseguiriam e sugeriu que elas teriam uma “conclusão bem-sucedida”: “A Índia e os Estados Unidos da América continuam as negociações para abordar as barreiras comerciais entre nossas duas nações. Aguardo ansiosamente para falar com meu grande amigo, o primeiro-ministro Modi, nas próximas semanas”, escreveu.

Em resposta, o premier indiano ratificou o otimismo de Trump de que as negociações seriam bem-sucedidas e disse que os dois países eram “amigos próximos e parceiros naturais”.

O comércio bilateral entre Índia e Rússia atingiu o recorde de US$ 68,7 bilhões em março de 2025, quase 5,8 vezes superior ao comércio pré-pandemia de US$ 10,1 bilhões.


Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (Foto: reprodução/Thierry Monasse/Getty Images Embed)

Sanções da União Europeia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou na última quarta-feira (10) que apresentará uma nova série de sanções contra a Rússia “em coordenação com parceiros”.

A fala de Ursula corrobora com a opinião de Donald Trump e diplomatas americanos na Europa, que afirmam que o governo americano não está disposto a impor medidas punitivas aos compradores de petróleo e gás russos sem a participação do bloco europeu.

Lula debate sobre “chantagem tarifária” em cúpula virtual do BRICS

Em cúpula virtual do BRICS, realizada nessa segunda-feira (08/09), o presidente Lula criticou o que classificou como uma “chantagem tarifária”, em meio a uma guerra comercial iniciada pelo governo dos Estados Unidos que atinge vários países participantes do bloco.

A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para a conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, afirmou o presidente aos chefes de estado presentes.

Sobre a reunião

A reunião não foi transmitida, tendo algumas imagens divulgadas, como a transcrição do pronunciamento de Lula, que foi divulgada pelo Palácio do Planalto. Lula é o atual presidente do BRICS, cargo esse que é rotativo e como divulgado pelo Planalto, o presidente não mencionou Donald Trump, nem os Estados Unidos.

Estiveram participando o presidente chinês, Xi Jinping, o russo Vladimir Putin e o sul-africano, Cyril Ramaphosa, entre outros chefes de estado.


Presidente Lula durante a reunião virtual do BRICS (Foto: reprodução/X/@raul_gimenez10)

Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos. Cabe ao Brics mostrar que a cooperação supera qualquer forma de rivalidade. […] O comércio e a integração financeira entre nossos países oferecem opção segura para mitigar os efeitos do protecionismo”, completou o presidente brasileiro.

Xi Jinping também se posicionou

O líder chinês também deixou suas palavras sobre o assunto, “Devemos defender o sistema comercial multilateral com a Organização Mundial do Comércio como núcleo e resistir a todas as formas de protecionismo”, afirmou ele em seu discurso ao grupo.

Independentemente de como a situação internacional mude, devemos permanecer firmes na promoção da construção de uma economia global aberta, compartilhando oportunidades e obtendo resultados benéficos para todos através da abertura”, acrescentou Jinping.

Incômodo de Trump

Donald Trump, que em oportunidades passadas, já havia demonstrado o seu incômodo com o BRICS, como quando ao anunciar, no início de agosto deste ano, a imposição de tarifas de 25% de produtos importados da Índia aos Estados Unidos, Trump utilizou a participação do país no BRICS como um dos agravantes para a sua decisão.

Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos“, disse Trump à repórteres na Casa Branca.

As palavras deixam claro a visão que Trump possui do bloco e as posturas, para ambos os lados, parecem ser definidas.

Donald Trump ameaça China com novas sanções tarifárias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar o presidente da China, Xi Jinping, com tarifas de até 200% sobre os produtos chineses exportados para a América, caso o país asiático não agilize o processo de compras de ímãs de terras-raras.

A China é a maior produtora de terras-raras, usadas para fabricar ímãs importantes para as indústrias automotiva, eletrônica e de defesa. Desde o início de abril, a China tem tomado medidas para se proteger das tarifas impostas pelo presidente americano, uma dessa precaução foi colocar licenças para a exportação de materiais estratégicos para os Estados Unidos, o que foi entendido por Trump como uma retaliação ao tarifaço imposto por ele.

O que diz Trump

Nesta segunda-feira (25), ele cedeu uma entrevista onde dizia: “Eles têm que nos dar ímãs”, afirmou Trump. “Se não nos derem, então teremos que cobrar uma tarifa de 200% ou algo assim. Mas não acho que vamos ter problemas com isso”, completou ele em coletiva na Casa Branca.

Trump lembrou que os Estados Unidos sempre teve uma boa relação de negócios com a China e que talvez visite o país ainda esse ano.  Mas também caso seja necessário, ele tem cartas melhores para “jogar” contra a China e ela não teria a menos chance em ganhar esse jogo.


Donald Trump ameaça a China com novas sanções (Foto: reprodução/ Instagram/@realdonaldtrump)

A guerra comercial entre os países está cada vez mais forte e cada um responde aos aumentos tarifários com mais tarifas, e essa situação pode chegar a atingir cifras de três dígitos de ambos os lados. Isso obrigou os países a negociarem e reduziu a tensão entre eles, levando o governo chinês a se comprometer a agilizar a permissão de licenças a várias empresas americanas.

O acordo

Os países já se encontraram três vezes entre maio e agosto deste ano para a redução dessas tarifas e melhorar as relações comerciais entre eles. Após as reuniões foi acordado temporariamente que as tarifas para 30% por parte dos Estados Unidos e para 10% por parte da China. O acordo tinha validade por um período de 90 dias, que já foi prorrogado pela segunda vez até o próximo novembro.

Terras-raras chinesas

Terras-raras são elementos químicos que ajudam na tecnologia, no caso da China são 17 elementos, nem todos esses elementos são raros, mas sua retirada da crosta da terra e purificação são difíceis e a China tem mais facilidade nesse processo de retirar e de purificação devido a sua tecnologia.

No caso dos superímãs, além de ser difíceis de serem encontradas nos Estados Unidos, os americanos não têm a tecnologia necessária caso as encontrem em seu país para a sua retirada, e esse elemento é importante para motores de carros elétricos, geradores eólicos, smartphones e computadores. Por isso a pressão do Trump para que a China entregue esse material o mais rápido possível.

AGU contrata escritório de advocacia nos EUA contra sanções de Trump

O governo de Lula (PT) está, por intermédio da Advocacia-Geral da União (AGU), nas negociações finais da contratação de um escritório de advocacia para atuar nos EUA. O objetivo é defender o Estado Brasileiro das sanções impostas pelo presidente americano, Donald Trump.

O contrato será finalizado e o nome do escritório contratado deverá ser anunciado pela AGU nos próximos dias.

Respostas diretas

As ações buscam reverter tanto o ”tarifaço” anunciado em julho e posto em prática no inicio desse mês quanto a aplicação da Lei Magnistsky ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

No mês passado, a AGU já havia trabalhado na contratação de profissionais no território norte-americano para atuarem em nome de Moraes em processos movidos pelo grupo Trump e pela plataforma Rumble.

Os processos buscavam responsabilizar o ministro em supostas censuras que teriam sido cometidas contra empresas e cidadãos norte-americanos. A AGU possui a responsabilidade institucional de defender autoridades brasileiras dentro e fora do país.

Moraes chegou inicialmente a dispensar a proposta de Lula para que a AGU cuidasse do caso da Lei Magnistsky, em entrevista à Reuters, o ministro afirmou que irá aguardar, por opção própria, uma solução pela via diplomática.



As sanções e críticas

Desde julho, o governo norte-americano tem anunciado sanções contra o Brasil e as autoridades brasileiras, com o presidente Trump e seus apoiadores, fazendo declarações críticas e acusações aos poderes, chegando a se posicionar sobre ainda mais diretamente no Relatório anual do Departamento de Estado sobre os direitos humanos, que o Departamento de Estado dos Estados Unidos elabora anualmente em relação a diversos países.

Nos anúncios e discursos feitos por Donald Trump ou representantes da Casa Branca, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) é citado nominalmente, visto que Trump aplicou justamente a Lei Magnistsky com o argumento de perseguição do poder judiciário brasileiro contra o ex-presidente réu pela suposta trama golpista.

Já o ”tarifaço” de 50% veio com a acusação de que o Brasil é uma ameaça a política externa, a economia e os direitos de liberdade de expressão dos EUA. Vale ressaltar que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e filho de Jair Bolsonaro, atualmente vivendo nos Estados Unidos, afirmou em entrevistas e publicações de que participou das articulações para as punições.

Índia mantém negociações comerciais com EUA, mas defende interesses nacionais

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmou no último sábado (23) que as negociações comerciais com os Estados Unidos seguem em andamento. A declaração ocorre poucos dias antes da entrada em vigor de tarifas adicionais de até 50% sobre produtos indianos, adotadas por Washington em resposta ao aumento das compras de petróleo russo pelo país asiático.

Até o momento, 25% das tarifas já estão em vigor, enquanto os outros  25% restantes entram em ação a partir de 27 de agosto. Uma visita de negociadores comerciais dos EUA a Nova Délhi, entre os dias 25 e 29 de agosto, foi cancelada, frustrando as expectativas de um possível adiamento ou redução das taxas.

Temos alguns limites nas negociações, que devem ser mantidos e defendidos”, disse Jaishankar durante evento do Economic Times, destacando a proteção aos agricultores e pequenos produtores do país. Ele também criticou as decisões do governo Trump, definindo-as como “incomuns”, e apontou que preocupações sobre compras de petróleo russo não estão sendo aplicadas a outros grandes consumidores, como China e União Europeia.

Tarifas impactam crescimento econômico e comércio bilateral

O comércio bilateral entre Índia e EUA supera US$ 190 bilhões e já enfrentou tensões no início do ano, quando negociações anteriores fracassaram devido à recusa indiana em abrir setores estratégicos como agricultura e laticínios.

Analistas da Capital Economics avaliam que, caso as tarifas adicionais sejam mantidas, o impacto no crescimento econômico da Índia será de 0,8 ponto percentual neste ano e no próximo. A medida também pode reduzir a atratividade da Índia como centro global de manufatura, afetando investimentos estrangeiros de longo prazo.

Jaishankar ressaltou que a Índia tem o direito de tomar decisões em seu interesse nacional e destacou que a questão do petróleo russo não havia sido levantada em negociações anteriores. Segundo o ministro, o comércio entre Rússia e Europa é maior do que entre Índia e Rússia, o que levanta questionamentos sobre a seletividade das tarifas aplicadas.


Governo Trump dobrou tarifas aos produtos da Índia (Vídeo: reprodução/YouTube/@cnnbrasil)

Repercussões para investidores e empresas

O aumento das tarifas tem gerado preocupação entre empresários e investidores internacionais, que agora reavaliam contratos de exportação e estratégias de entrada no mercado norte-americano. Setores como tecnologia, produtos manufaturados e agronegócio podem enfrentar custos mais elevados, margens reduzidas e atrasos logísticos. A incerteza sobre a continuidade das negociações aumenta a volatilidade nos preços de commodities e pode influenciar decisões de investimento direto estrangeiro, enquanto empresas indianas buscam alternativas de mercado para minimizar os impactos das tarifas impostas pelos EUA.

Enquanto as negociações continuam, empresas indianas e investidores internacionais observam atentamente o desenrolar do conflito tarifário, avaliando seus impactos sobre custos, competitividade e estratégias de exportação em um cenário de crescente tensão comercial global.

Especialistas alertam para aumento de déficit com medida contra tarifaço

A nova taxação de 50% nos produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos entrou em vigor no dia 6 de agosto. Na última quarta-feira (13), o governo brasileiro anunciou o lançamento de um pacote de medidas de contingência para auxiliar empresas afetadas. Um delas é o lançamento de uma linha de crédito.

O pacote de medidas, segundo o governo federal, visa ajudar empresas afetadas pelo tarifaço determinado por Donald Trump ao Brasil. Contudo, segundo especialistas financeiros, isso pode aumentar o déficit, o que aumenta também a desconfiança do mercado financeiro em relação ao governo.

Plano Brasil Soberano

O pacote de contingência, denominado Plano Brasil Soberano, é uma medida provisória com algumas ações cujo objetivo é mitigar os impactos do tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros. Além disso, conforme o noticiado pelo governo, também visa a preservação de empregos, principalmente na indústria e no agronegócio.

Uma das ações que compõe a MP é a concessão de linha de crédito no valor de R$ 30 bilhões. O montante seria oriundo do Fundo Garantidor de Exportações, que existe desde 1999 e alimenta o Seguro de Crédito à Exportação (SCE) para empresas que vendem para outros países. A garantia cobre riscos assumidos pelos exportadores ou pelas instituições financeiras que concedem créditos a essas companhias.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma reformulação do FGE. Segundo declaração, a medida visa “garantir que toda empresa brasileira – não só as grandes – que tiver vocação de exportação terá instrumentos modernos para fomentar a exportação para o mundo inteiro”.

O valor disponibilizado pelo FGE será utilizado como funding, ou seja, como captação de recursos para investimento e com taxas de juros acessíveis. Porém, nem todas as empresas poderão usufruir do pacote, pois um dos requisitos é a manutenção de número de empregos.


Assinatura da MP Plano Brasil Soberano (Vídeo: reprodução/Instagram/@fernandohaddadoficial)

Programa Reintegra

Outro ponto da MP é o Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários), que foi criado em 2015 e que permite que empresas que exportam seus produtos recebam de volta integralmente ou uma parte dos tributos pagos à União durante a produção dos bens, com objetivo de estimular a exportação.

O programa será ampliado em 6% para microempresas e em até 3,1% para médias e grandes empresas. A ação, segundo o governo federal, busca proteger exportadores até a implementação da reforma tributária, que entra em vigor em 2027.

Drawback

O governo também anunciou que irá prorrogar o drawback por mais um ano. Drawback é um benefício fiscal que permite a isenção ou suspensão de impostos sobre matérias-primas em produtos que serão exportados.

A medida contempla as empresas que contrataram exportações para os Estados Unidos que seriam realizadas até o final deste ano. Este benefício permite que os produtos tenham maior competitividade no exterior.

Aleta dos especialistas

Embora o anúncio da MP Plano Brasil Soberano tenha sido feito com entusiasmo pelo governo, especialistas temem que a medida possa mais atrapalhar do que ajudar. Um deles é André Valério, economista sênior do banco Inter.

Para ele, a criação de uma linha de crédito (que são empréstimos oferecidos com juros menores do que os de mercado, normalmente bancados, parcialmente, pelo governo) pode enfraquecer as ações do Banco Central em conter a inflação. Ou seja, se o governo oferece crédito barato enquanto o BC tenta “encarecer” o dinheiro para esfriar a economia, pode haver contradição.

Outro economista que opinou sobre o caso foi Felipe Tavares, do BCG Liquidez. Segundo avaliação, a MP retira R$ 9,5 bilhões do déficit primário, o qual é a diferença entre gastos e receitas do governo, e que isso pode comprometer cerca de 0,86% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com Tavares, Isso fere as expectativas, porque Haddad havia prometido que não haveria surpresas fiscais em 2025.

Para Jeferson Bittencourt, da Asset Management (ASA), mesmo com a ajuda do FGE, o risco (se a empresa não pagar) fica por conta do banco que empresta a quantia. A ação não faz com que o déficit aumente de forma imediata, mas pode, com o tempo, aumentar a dívida pública, criando um custo escondido que pode estourar no futuro.

Governo brasileiro inicia avaliações sobre medidas de reciprocidade aos EUA

Está previsto que nesta terça-feira (12) o Governo Federal lance um plano de ajuda econômica como resposta à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Após o lançamento deste plano de ajuda, o governo dará início ao debate sobre a aplicação das medidas de reciprocidade.

A pauta, considerada polêmica, faz empresários brasileiros temerem a aplicação da Lei de Reciprocidade, pois tal ação pode impactar negativamente na economia como, o encarecimento de produtos importados dos Estados Unidos. Porém, para alguns integrantes dos setores econômicos a utilização da lei pode significar um avanço na tentativa de reverter o tarifaço.

O debate

De acordo com fontes do governo, Lula pediu ao MDCI (Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e ao Ministério da Fazenda que medidas pontuais de reciprocidade sejam analisadas. Segundo os integrantes destas pastas, a orientação é para que medidas específicas sejam tomadas e não ações mais amplas.


Medidas de reciprocidade (Vídeo: reprodução/YouTube/@opovo)

No mês de julho, o presidente Lula solicitou análises sobre tais medidas nos setores agrícola, farmacêutico e de óleo e gás. Dentre as possibilidades analisadas por especialistas destes setores está a interrupção dos direitos de propriedade intelectual, que pode abranger a quebra de patentes para medicamentos e também para agrotóxicos e pesticidas.

Porém, em um evento da Febraban que aconteceu na última quinta-feira (7), o ministro da saúde, Alexandre Padilha, negou que haja uma determinação de Lula para avaliação da quebra de patentes de medicações.

O plano de ajuda econômica

As medidas que visam colaborar com os impactos que empresas poderão sofrer com a sanção do governo de Donald Trump, contemplam as linhas de crédito, para que seja possível o financiamento de investimentos e o capital de giro das companhias; adiantamento das cobranças dos tributos e de contribuições federais por até 60 dias, adotando o mesmo modo aplicado pelo Planalto durante a pandemia de Covid-19; e as compras públicas de produtos perecíveis, pois existe uma apreensão com os estoques de frutas, peixes e mel estocados desde o anúncio do aumento das tarifas.

JP Morgan diz que não há possibilidade do fim das tarifas de Trump

O banco JP Morgan criou recentemente o Centro para Geopolítica, cujo objetivo é auxiliar empresas a lidar com a instabilidade econômica global. A instituição divulgou um relatório na última quarta-feira (6), revelando que a possibilidade do retrocesso das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é praticamente nula, mesmo após o seu mandato.

Conforme publicado no documento, há consenso no setor político americano de que as tarifas são importantes para a economia do país, especialmente no setor industrial. Esse fator faz com que o recuo ao modelo anterior seguido pelos Estados Unidos não seja visto com bons olhos.

Tarifa estabilizada

O Centro de Geopolítica divulgou que o valor das tarifas de importação para os Estados Unidos deve se estabilizar na faixa dos 22%. Um das razões apontadas são os diversos acordos comerciais realizados até o momento.

Com o tarifaço estável, uma reversão ao modelo anterior é tratada como quase que impossível de acontecer. Segundo aponta o documento, “Seria um erro supor que os Estados Unidos retornem a uma era de tarifas baixas e à busca de acordos abrangentes de livre comércio”.

O valor arrecadatório também pesa na decisão de não extinguir o tarifaço no futuro. O JPMorganChase Institute publicou um relatório onde aponta que a implementação das taxas do Liberation Day, anunciadas 2 de abril, chegaria a US$ 187,7 bilhões (o equivalente a R$ 1,02 trilhão)em custos de importação para média-empresas.


Donald Trump comemora início da implementação do tarifaço (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)

Bilhões de dólares fluindo

Na última quarta-feira (6), Trump anunciou, de modo efusivo, que “bilhões de dólares em tarifas estão agora fluindo para os Estados Unidos da América”. O republicano declarou em postagem no Truth Social. Produtos que já estavam nos navios e em direção ao país estarão isentos da nova tarifa, caso cheguem até o dia 5 de outubro.

Os países com as maiores tarifas são Brasil (50%), Suíça (39%), Canadá (35%) e Índia (25%). Recentemente, Trump renegociou as tarifas com o Japão e a União Europeia, estabelecendo o valor de 15% em seus produtos.


Donald Trump e o CEO da Apple, Tim Cook, em anúncio de investimento da empresa nos Estados Unidos (Foto: reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)

Taxa de 100%

Nesta última quarta-feira (6), o presidente americano fez novo anúncio sobre mais tarifas. Desta vez, o alvo é a importação de chips. Segundo declaração de Trump, somente estarão isentas as empresas que estiverem fabricando seus produtos nos Estados Unidos. A declaração aconteceu no Salão Oval da Casa Branca.

Trump realizou esta citação após aceno da Apple de investir mais U$ 100 bilhões no país nos próximos quatro anos, além dos US$ 500 bilhões que a gigante da tecnologia havia prometido anteriormente.