Em tom pragmático, Lula e Trump indicam avanço em negociações comerciais na Malásia

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se reuniram neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). O encontro, o primeiro formal entre os dois líderes desde o início do governo do republicano, marcou uma reaproximação cautelosa entre Brasília e Washington, após meses de tensões provocadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras.

A conversa, que durou cerca de 50 minutos, ocorreu em clima cordial. Ambos evitaram polêmicas e adotaram um tom pragmático. Trump afirmou acreditar em um ótimo relacionamento com o Brasil e sugeriu que a redução das tarifas pode ocorrer nas circunstâncias certas. Lula, por sua vez, declarou esperar boas notícias e afirmou que não há motivos para desavenças entre os dois países.

Discussões sobre tarifaço e sanções

Segundo o chanceler Mauro Vieira, a reunião abriu caminho para negociações imediatas entre as equipes de ambos os governos. Ainda neste domingo, Vieira se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para discutir a possível suspensão ou redução das taxas em setores estratégicos.

O encontro também tratou de outros temas sensíveis, como as sanções impostas a autoridades brasileiras e a pressão americana sobre a Venezuela. Lula se ofereceu para atuar como interlocutor entre Washington e Caracas, destacando que a América do Sul é uma região de paz.


Reunião completa de Lula e Trump na Malásia (Vídeo: reprodução/Youtube/@diarioas)

Durante a conversa, Trump chegou a elogiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando sentir-se mal com o que ocorreu com ele, mas descartou qualquer relação do tema com as negociações comerciais. Lula reagiu com um sorriso e manteve o foco nas pautas econômicas.

Sinais de reaproximação

A reunião em território neutro na Ásia foi articulada após um breve contato entre os dois presidentes durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro. Desde então, as equipes técnicas de ambos os países vinham negociando uma agenda de diálogo.

O gesto é visto como um possível ponto de inflexão nas relações bilaterais, abaladas desde julho. Para o governo brasileiro, o encontro pode indicar disposição de Washington em revisar medidas consideradas mais políticas do que comerciais.

Ao final, Lula classificou a conversa como ótima e reiterou o desejo de ampliar a cooperação econômica com os Estados Unidos. Trump, por sua vez, afirmou que os dois países saberão chegar a um acordo.

Trump anuncia sanções que comparam Moraes e esposa à Bonnie & Clyde

Na última segunda-feira (22), o Governo Trump anunciou que a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi incluída na lista de sanções dos Estados Unidos, baseada na lei Magnitsky. Mas o que chamou atenção foi forma que a Casa Branca apresentou essa medida comparando-os, em comunicado oficial, aos criminosos americanos Bonnie & Clyde.

De acordo com o Governo americano, Viviane de Moraes atua como facilitadora e protetora das ações do esposo. O secretário de Estado Marco Rubio apontou o Ministro como um “ator estrangeiro maligno”, que anteriormente já havia sido imposto à mesma lei.


Ministro Alexandre de Moraes e Viviane de Moraes (Foto: reprodução/G1)

Sobre as sanções

A medida possui embasamento na lei Magnitsky, aprovada durante o governo de Barack Obama, em 2012,   a qual habilita os Estados Unidos aplicar ações como congelamento de contas, proibição de transações financeiras e bloqueio de bens contra pessoas consideradas ameaças, especialmente suspeitos de corrupção ou violação aos direitos humanos.

Com a inclusão de Viviane de Moraes na lista, qualquer movimentação financeira feita na conta da advogada que seja ligada a ela em bancos americanos é automaticamente bloqueada, como, por exemplo, a Lex Instituto de Estudos Jurídicos, empresa da família Moraes. Para que o processo seja retirado é necessário que o sancionado comprove mudança de comportamento, passando por um processo lento de reavaliação.

Possível semelhança entre casais

Bonnie & Clyde, foram um casal de criminosos que agiam contra às leis americanas no período da Grande Depressão, cometendo assaltos às lojas, bancos e até sequestros e assassinatos entre 1932 e 1934, quando foram mortos em uma emboscada policial.  Eles se tornaram famosos por ser um símbolo de resistência e rebeldia da época.


Casal de criminosos, Bonnie & Clyde (Foto:reprodução/Hulton Archive/Getty Images Embed)

Segundo especialistas, a afirmação da Casa Branca em compará- los foi altamente política e simbólica, tendo em vista que Moraes e Viviane teriam possivelmente atuado em parceria para minar instituições democráticas e obter vantagens pessoais.

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal afirmou em nota que não fará comentários sobre decisões de governos estrangeiros.

Eduardo Bolsonaro é denunciado pela PGR por suspeita de coação em processo judicial

Nesta segunda-feira (22), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por uma suposta participação do parlamentar na aplicação de sanções dos EUA ao Brasil e a membros do judiciário. O jornalista Paulo Figueiredo também foi denunciado pelo órgão.

Eduardo Bolsonaro teria atuado com objetivo de atrapalhar o processo judicial que investigou seu pai, Jair Bolsonaro, e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado, julgado na primeira quinzena deste mês.

Influência nas sanções

A PGR entende que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo tiveram influência direta nas medidas de sanções aplicadas dos EUA ao Brasil como uma forma de mudar os rumos do julgamento da trama golpista.

Segundo o Procurador-Geral, Paulo Gonet, o parlamentar e o jornalista não hesitaram em atuar e de deixar claro as suas intenções de fazer com que o governo americano tomasse medidas econômicas contra o Brasil por conta do julgamento por tentativa de golpe de Estado. Para isso, segundo a denúncia, houve a aproximação de ambos com pessoas ligadas ao governo Trump. Gonet ainda menciona as comemorações feitas por eles, em entrevistas e em suas redes sociais, a cada sanção que o Brasil era vítima.

Após a ação do órgão, cabe ao STF decidir se aceita a denúncia, para assim tornar tanto Eduardo, quanto Paulo Figueiredo, réus no em uma ação penal.

Também alvo do inquérito, a procuradoria não encontrou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou da ação com seu filho.


Paulo Figueiredo, Eduardo Bolsonaro, e outros aliados participam de coletiva de imprensa em frente ao Capitólio, EUA (Foto: reprodução/Mandel Ngan/AFP/Getty Images Embed)

Resposta dos denunciados

Em nota, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo negaram qualquer cometimento de crime. Os denunciados pela PGR alegaram que atuaram conforme a Primeira Ementa dos EUA, país onde ambos residem atualmente, que é legítimo peticionar ao governo para que o mesmo faça correção de abusos e injustiças. “É exatamente isso que estamos fazendo e continuaremos a fazer” afirmam o deputado e o jornalista, em texto a resposta da denúncia apresentada por Gonet.

EUA sancionam esposa de Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky

O governo de Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (22) a aplicação da Lei Magnitsky contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A sanção, que congela bens e proíbe transações financeiras nos Estados Unidos, é descrita pelo Tesouro americano como uma medida contra o que classificam como “abusos de direitos humanos” e corrupção no Judiciário brasileiro. A decisão também inclui a revogação de vistos de outras seis autoridades do país.

Justificativas da sanção

Segundo o comunicado oficial do Departamento do Tesouro dos EUA, a sanção contra Viviane se deve ao seu papel como “facilitadora e financiadora” das atividades do marido. Os EUA apontam que o escritório de advocacia do qual ela é sócia e o Instituto Lex, que ela preside, teriam apoiado financeiramente as ações de Moraes, que, segundo o governo americano, incluem “censura, prisões arbitrárias e perseguição a opositores políticos”.

As consequências são imediatas. Os bens de Viviane nos EUA estão bloqueados, e ela está proibida de realizar qualquer transação com cidadãos ou empresas americanas, o que afeta até mesmo o uso de cartões de crédito de bandeiras internacionais. O Instituto Lex também foi incluído na lista de entidades sancionadas. Além disso, o governo americano revogou os vistos de seis outras autoridades brasileiras, incluindo o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o ex-Procurador-Geral da República, José Levi, que atuou em investigações sensíveis.

O próprio Alexandre de Moraes já havia sido sancionado pela Lei Magnitsky, em julho de 2025, como uma resposta às decisões do ministro que envolveram censura, bloqueios de contas em redes sociais e prisões de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.


O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua esposa, Viviane Barci de Moraes (Foto: reprodução/MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images Embed)

Entenda a Lei Magnitsky

A Lei Global Magnitsky é uma legislação americana que permite ao governo dos EUA sancionar estrangeiros por violações graves de direitos humanos ou por atos de corrupção significativa. As sanções podem incluir o congelamento de ativos, proibição de entrada no país e restrição de transações financeiras. A lei, promulgada em 2016, foi usada anteriormente para sancionar figuras como oligarcas russos e autoridades venezuelanas, mas recentemente se tornou uma ferramenta para combater o que o governo Trump considera “abusos” de figuras jurídicas no Brasil.

Reações e impacto político

No Brasil, políticos e ativistas bolsonaristas comemoraram a decisão, classificando-a como um “ato de justiça” e um “estrangulamento financeiro” ao que chamam de “ditadura do Judiciário”. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que há meses vinha articulando essa medida nos EUA, celebrou a notícia nas redes sociais.

Em resposta, Alexandre de Moraes divulgou uma nota classificando a sanção como “ilegal e lamentável”, e reafirmou seu compromisso com a “independência constitucional”. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o STF defenderam a soberania do país, e a Faculdade de Direito da USP condenou a medida como uma interferência indevida em assuntos internos.

Filha e esposa de Alexandre Padilha têm visto americano cancelado

A esposa e a filha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tiveram seus vistos cancelados pelo governo americano. A família de Padilha soube da decisão por um e-mail do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, no início desta sexta-feira (15). Segundo a mensagem do Consulado, a mulher e a criança de 10 anos não eram mais elegíveis para possuírem um visto. O documento do ministro não foi cancelado porque já havia vencido no ano passado e não foi renovado.

Mais Médicos

O governo americano também revogou o visto de profissionais que participam do “Mais Médicos”, programa do governo brasileiro que ajuda a levar assistência média as regiões interioranas do país. Entre os funcionários que tiveram seus vistos cancelados estão Alberto Kleiman, antigo assessor das Relação Internacionais do ministério da Saúde e Mozart Julio Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde.


Ministro da Saúde Alexandre Padilha (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A medida americana foi justificada como uma punição pelo programa “Mais Médicos”, que segundo o comunicado sobre o cancelamento dos vistos, promoveu o regime cubano ao trazer médicos do país para participar da iniciativa brasileira. O ministro da Saúde rebateu e afirmou que o “Mais Médicos” não será prejudicado pelos ataques e a iniciativa é bem recebida pela população.

Declaração de Eduardo Bolsonaro


Deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (Foto: reprodução/Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

O deputado Eduardo Bolsonaro falou sobre a decisão acerca dos vistos dos funcionários do programa “Mais Médicos” na última quarta-feira (13). O deputado licenciado disse que a revogação é mais um acerto do presidente americano e mostra a eficiência e compromisso de Trump para “conter e punir regimes autoritários”. Eduardo, que está nos Estados Unidos, já teve reuniões com Donald Trump e outras autoridades americanas e busca a aplicação de sanções aso Brasil como maneira de resposta ao processo e prisão e de seu pai, o ex- presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe, após perda das eleições em 2022.

Lula diz que Donald Trump deveria experimentar o método do Pix

Durante a 5ª reunião plenária do conselho realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a Donald Trump, então presidente dos EUA, que ele aproveitasse a infraestrutura digital de referência.

Além disso, afirmou que com os recentes acontecimentos vindos do poder dos EUA em relação ao aumento de tarifas imposto ao Brasil e à investigação comercial, o presidente Lula emitiu essa fala já que os Estados Unidos temem que o sistema do Pix possa se expandir globalmente e colocar em risco o modelo tradicional de cartão de crédito.

Investigação comercial contra o Brasil

Em junho, foi anunciado pelo USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) uma investigação movida contra as práticas comerciais do Brasil. O Pix entrou na lista que o considera como uma ferramenta desleal para pagamentos, tendo em vista a grande movimentação do dinheiro.

Governo brasileiro apresentará uma resposta ao governo americano, já que ressaltou em reunião que as práticas são legítimas para o comércio. Em defesa do Pix, o presidente afirmou: “O Pix é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital e aqui eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos EUA”.


 Investigação sobre o pix se baseia em seção de lei comercial do país (Foto: Reprodução/Instagram/@globonews)

O sistema de transferência entrou na visão do dos EUA, em julho deste ano, para as investigações. Em trecho do documento americano o pix é citado como “Serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, esse é o sistema de transferência do Brasil. Afirmou ainda em mais um trecho “se envolve em uma variedade de atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.

Práticas absolutamente legítimas

Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, comentou sobre a resposta que será encaminhada ao governo dos Estados Unidos, após o norte-americano questionar sobre método financeiro utilizado pela população brasileira.

A resposta anunciada pelo ministro é: “Sobre a investida da seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”.

O uso da ferramenta é responsável pelo pagamento instantâneo, incluindo a realização de transferências e pagamentos diretamente entre contas bancárias utilizando chaves cadastradas na agência do cidadão.


Mauro Vieira afirma que sanções são contra práticas legítimas brasileiras (Foto: Reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

O Brasil segue agindo de forma política, buscando o diálogo internacional, porém sem renunciar aos seus interesses estratégicos e ao seu direito de inovar. O futuro do comércio mundial depende de soluções modernas, acessíveis e equitativas, como o Pix.

A expressão da capacidade de criar soluções que atendem às necessidades reais da população consolidou o Pix como um instrumento acessível, seguro e eficiente, promovendo inclusão financeira e facilitando a vida de milhões de brasileiros.

Sanções impostas a Moraes são consideradas “Inadmissíveis” por conselho

Durante a última quinta-feira (31), Consepre (Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil) determinou como “inadmissível” o ato de intervenção efetuada pelos Estados Unidos nos interesses internos do Brasil, se referindo tanto as taxas impostas a produtos brasileiros quanto às sanções direcionadas ao Ministro Alexandre de Moraes como forma de punição.

Nota de esclarecimento

A declaração foi compartilhada por meio de um comunicado, onde o conselho destacou o “seu mais veemente repúdio” à determinação do governo de Trump que exigiu que fossem impostas sanções a pessoas que participam do STF (Supremo Tribunal Federal), com o suporte da lei dos EUA nomeada Magnitsky

As ações direcionadas a Moraes são consideradas uma das punições mais rígidas do estado de Washington contra cidadãos de outros países, sempre impostas a pessoas que cometeram violações aos direitos humanos e com condutas de corrupção.


Presidente Donald Trump(Foto:reprodução/Christopher Furlong/Getty Images Embed)

Na declaração eles comunicam que a ação é uma situação grave e inadmissível e que não é aceitável a intervenção nos tópicos internos do Brasil, um atentado direcionado a soberania nacional e como simboliza um ataque contra à autonomia do Poder Judiciário brasileiro, sendo considerado intolerável que magistrados e magistradas que estejam realizando a sua função regularmente nos paramentos da constituição, sofram algum tipo de represália por medidas ditas no campo do Estado Democrático de Direito, diz o comunicado compartilhado.

Violação aos direitos

O governo atual de Donald Trump comunicou nesta última quarta-feira (30) sanções financeiras contra Alexandre de Moraes, ministro brasileiro. Perante a legislação, o caso é visto como uma grave violação aos direitos humanos, incluindo ditadores, e a decisão de enviá-la contra autoridades brasileiras é incomum, sendo a primeira vez que ocorre.


Alexandre de Moraes (Foto:reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)

Segundo o Consepre, o esforço para tentar “constranger ou intimidar” o Poder Judiciário por intermédio de sanções dos Estados Unidos agride um dos fundamentos e essenciais do Direito Internacional e deixa o respeito e ética entre territórios soberanos fragilizados. O ato abre portas para situações de risco e que podem gerar um conflito com os princípios democráticos, e que precisam fazer parte das relações entre os estados.

“Sem soberania, o Brasil não existiria”, diz Lula após EUA formalizar taxações

Nesta quinta-feira (31), logo após o governo dos Estados Unidos publicar o decreto do tarifaço e aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luís Inácio Lula da Silva voltou a enfatizar que o Brasil não existiria se não fosse um país soberano.

Em uma publicação na rede social X, o chefe de Estado brasileiro compartilhou o artigo 1° da nossa Constituição Federal que fala sobre os princípios fundamentais da República e afirmou que foi a soberania do nosso país que nos proporcionou independência e liberdade e sem ela o Brasil não existiria.

Dizeres de Lula

No texto, o presidente do Brasil também frisou que além de outros princípios fundamentais, a soberania nacional está na primeira posição da nossa Constituição. “Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino. É a capacidade de um país decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo. Soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária”, escreveu.


Imagem Constituição compartilhada por Lula (Foto: reprodução/X/@lulaoficial)

Apesar de não fazer menção direta a questão com os Estados Unidos, Lula disse que o Brasil acredita no fortalecimento do multilateralismo e enfatizou a importância de uma colaboração mundial. Segundo ele, os desafios mundiais, como a fome e as mudanças climáticas, por exemplo, não serão vencidos sozinhos por nenhuma nação. “A soberania deve ser acompanhada pela cooperação internacional. Desafios comuns exigem ações compartilhadas”, disse ele.

Sanções de Trump

Nesta quarta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem executiva que formaliza a nova tarifa que totaliza 50% de aumento contra os produtos brasileiros exportados para o país norte-americano.

Porém, a nova medida possui uma lista com ao menos 700 itens que não serão afetados pela tarifa extra de 40%. Suco de laranja, castanhas, petróleo, minério de ferro e aeronaves estão entre os produtos selecionados para se manter apenas com a taxa de 10% divulgada anteriormente.

A nova medida estava prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira (1°), mas foi adiada para o próximo dia 6 de agosto.

Para além da formalização do tarifaço, o governo norte-americano também anunciou nesta quarta-feira (30) a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.

Moraes determina bloqueio de contas e bens de Eduardo Bolsonaro

Nesta segunda-feira (21), o cenário político brasileiro foi agitado pela notícia do bloqueio de contas bancárias e bens do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio parlamentar confirmou a medida, classificando-a como um “passo natural de ditadura” e “tentativa de asfixia financeira como forma de chantagem“, e reafirmou sua intenção de continuar buscando sanções contra ministros do STF junto ao governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

A estratégia de “asfixia financeira”

A decisão judicial de Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis de Eduardo Bolsonaro. A medida também inclui o congelamento de suas contas bancárias e chave Pix, além da retenção de seu salário como deputado federal. Essa decisão, proferida sob sigilo no último sábado (19), faz parte de um inquérito que investiga as atividades do parlamentar nos Estados Unidos.

Segundo o ministro Moraes, Eduardo Bolsonaro teria “intensificado a conduta ilícita” após a operação da Polícia Federal que teve como alvo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A investigação em curso sugere que Jair Bolsonaro teria transferido R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo Bolsonaro nos EUA. Os elementos apurados indicam que ambos estariam operando em “parceria” visando incitar o ex-presidente Donald Trump contra o Brasil.

A finalidade dessa suposta articulação seria obstruir o progresso da ação penal referente à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, na qual Jair Bolsonaro figura como o réu principal e cujo julgamento se aproxima.


Eduardo Bolsonaro usa suas redes sociais para expor suas opiniões sobre Alexandre de Moraes (Video: reprodução/Instagram/@bolsonarosp)

As sanções buscadas contra autoridades brasileiras

Eduardo Bolsonaro e seus aliados, como o jornalista Paulo Figueiredo Filho, têm atuado em Washington desde o início do ano, buscando a aplicação de sanções contra a Suprema Corte brasileira. A principal ferramenta em foco é a Lei Magnitsky, uma medida do governo dos EUA que permite sanções contra indivíduos estrangeiros implicados em violações de direitos humanos ou práticas corruptas. Essas sanções podem incluir a negação de entrada nos EUA, o congelamento de bens e limitações nas relações comerciais.

Em 18 de julho, foi comunicada a suspensão de vistos de entrada nos EUA para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o de Alexandre de Moraes. Essa medida foi apresentada como uma resposta direta às ações cautelares impostas a Jair Bolsonaro, entre elas, a determinação do uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, apurações indicam que essa ação já estava sendo articulada há semanas por bolsonaristas junto ao governo de Donald Trump.

O objetivo mais amplo dessas sanções é pressionar o Congresso brasileiro a aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Eduardo Bolsonaro afirmou que a suspensão de vistos era “só o início” de novas sanções, que poderiam incluir aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, como a tarifa de 50% já imposta a partir de 1º de agosto, e até a exclusão do Brasil do sistema SWIFT (uma rede global que permite a troca segura de mensagens entre instituições financeiras em todo o mundo). Contudo, a efetividade dessas medidas mais drásticas depende de aprovação no Congresso Americano e colaboração internacional.

Rússia vê envio de armas como sinal para Ucrânia deixar negociações de paz

O governo russo afirmou nesta última quinta-feira (18) que o contínuo envio de armamentos ocidentais à Ucrânia representa um “sinal direto” para que Kiev abandone qualquer tentativa de negociação com Moscou. A declaração ocorre em meio à aprovação de novos pacotes de ajuda militar dos Estados Unidos e da União Europeia ao governo de Volodymyr Zelensky.

Kremlin diz que pressão afasta diplomacia

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os recentes anúncios de envio de armamento pesado à Ucrânia não apenas aumentam a tensão no campo de batalha, como demonstram que o Ocidente “não está interessado em uma solução pacífica” para o conflito. “Trata-se de um sinal claro de que a Ucrânia deve continuar no caminho militar, ignorando qualquer perspectiva de diálogo”, declarou o porta-voz.


Porta Voz de Kremilin, Dmitry Peskov (Foto: Reprodução/ALEXANDER ZEMLIANICHENKO/Getty Images Embed)

O posicionamento russo veio na esteira da liberação de um novo pacote de US$ 2,3 bilhões em ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia, anunciado nesta semana. A ajuda inclui munições de artilharia, sistemas de defesa aérea e armamentos de médio e longo alcance. A União Europeia também confirmou a liberação de recursos do Fundo Europeu de Paz para reabastecer estoques militares enviados a Kiev.

Moscou tem reiterado que, sob tais condições, não vê “clima político favorável” para reiniciar negociações diretas com Kiev. O último encontro formal entre representantes russos e ucranianos ocorreu em Istambul, em 2022, e foi encerrado sem acordo.

Ameaça de sanções gera resposta dura

Além da questão militar, o Kremlin respondeu com firmeza à nova ameaça de sanções dos Estados Unidos. Segundo Peskov, qualquer tentativa de “chantagem econômica” não surtirá efeito sobre a postura russa no conflito. “Sanções adicionais não vão mudar nosso curso. Estamos preparados para enfrentar essas pressões com nossa própria soberania e resiliência econômica”, disse.

Washington indicou que novas sanções poderão ser implementadas caso a Rússia intensifique os ataques contra civis ou bloqueie rotas de exportação de grãos pelo Mar Negro. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou os Estados Unidos de promover uma “guerra indireta” por meio de medidas econômicas e apoio bélico à Ucrânia.

Apesar do endurecimento do discurso, analistas ouvidos pela BBC e pela Al Jazeera afirmam que ambos os lados mantêm canais diplomáticos discretos ativos, principalmente através de países intermediários como a Turquia e a China, embora os avanços sejam mínimos.