Suspeito de matar ex-delegado em SP é identificado pela polícia

Nesta terça-feira (16), Guilherme Derrite, Secretario de Segurança Pública do estado de São Paulo, divulgou que um dos suspeitos por matar o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi identificado por meio da coleta de material dentro do veículo utilizado na emboscada do crime.

A informação foi divulgada em entrevista durante o velório do ex-delegado nesta manhã. A cerimônia, que estava marcada para se encerrar às 15h, aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Linha investigativa

Segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio Costa de Oliveira, as forças de segurança já estavam cientes das ameaças ao ex-delegado desde 2019, incluindo ameças feitas a tiros. Para ele, a morte de Ruy Ferraz Fontes foi motivada por vingança. Porém, autoridades afirmam que não há exclusão de nenhuma hipótese e nenhuma linha de investigação será descartada.

No momento há entre três e quatro alternativas de investigação sendo trabalhadas ao mesmo tempo, pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em conjunto com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Dentre as linhas investigativas, a principal é a de vingança das facções criminosas, especialmente o PCC (Primeiro Comando da Capital). De acordo com Osvaldo Nico, secretário-executivo da Segurança Pública de São Paulo, o ex-delegado estava sendo “caçado” e o crime tinha um “nome certo”.


Suspeito é identificado (Vídeo: reprodução/YouTube/@SBTnews)

O crime

Na última segunda-feira (15), Ruy Ferraz Fontes foi assassinado em Praia Grande, litoral paulista.

Câmeras de segurança registraram o momento em que um veículo persegue o carro da vítima que acaba batendo em um ônibus e capotando. Logo após, três criminosos desembarcam do automóvel e disparam mais de 20 tiros de fuzil.
Um dos veículos utilizados na emboscada foi encontrado abandonado e trancado, pois os criminosos não conseguiram queimá-lo a tempo, o que permitiu a identificação de um dos suspeitos após coleta de material no interior do veículo.

De acordo com Derrite, o suspeito já havia sido preso diversas vezes por roubo e tráfico, além de também ter sido preso quando era adolescente.

Quem era Ruy Ferraz Fontes

Ruy Ferraz Fontes tinha 63 anos e era delegado de polícia desde 1988. Durante sua trajetória profissional, trabalhou em uma delegacia especializada em roubo a bancos por 15 anos.

O ex-delegado era reconhecido como pioneiro e um dos maiores especialistas no país ao combate da facção criminosa PCC.

Em 2006, ele e sua equipe indiciaram todos os principais líderes da facção relacionados a uma série de ataques que ocorreram no estado de São Paulo naquele ano, deixando mais de 500 civis e 50 agentes públicos mortos. Por está ação, no ano seguinte Ruy recebeu da Câmara Municipal de São Paulo a medalha Tiradentes.

Diante de sua medidas contrárias ao PCC, o ex-delegado tornou-se alvo da facção criminosa, chegando a ter sua morte ordenada por Marcola, líder máximo do PCC, em 2019.

Durante sua carreira, Ruy ocupou diferente posições no seu cargo e entre 2019 e 2022 foi delegado geral da Polícia Cívil de São Paulo, onde se aposentou. Em janeiro de 2023, Ruy Ferraz Fontes assumiu o cargo na Secretaria de Administração em Praia Grande, litoral paulista.

Delegado Ruy Ferraz é morto a tiros na Praia Grande

O ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes de São Paulo e atual secretário de Administração de Praia Grande, foi assassinado nesta segunda-feira (15), pouco após deixar o trabalho na prefeitura. O ataque ocorreu a cerca de 650 metros do Paço Municipal e foi registrado por câmeras de segurança. Conforme a Polícia Militar, os autores do crime desceram de outro veículo e dispararam diversas vezes contra o veículo em que ele estava.

O crime ocorreu por volta das 18h, na Av. Dr. Roberto de Almeida Vinhas, em Nova Mirim, próximo ao Fórum. O Samu foi acionado e confirmou a morte de Ruy Ferraz Fontes no local. Segundo a Guarda Civil Municipal (GCM), marcas de tiros foram encontradas perto da Secretaria de Educação, indicando que a perseguição começou em ruas paralelas.

Trajetória na Segurança Pública

Ruy Fontes atuou por mais de quatro décadas na Polícia Civil de São Paulo e ocupou o cargo de delegado-geral entre 2019 e 2022. Foi figura-chave no enfrentamento ao crime organizado e pioneiro nas investigações sobre o PCC. Ao longo da carreira, comandou unidades estratégicas como o DEIC, DENARC, Homicídios e o DECAP, consolidando sua influência na segurança pública do estado.


Ruy Fontes assassinado após expediente (Foto: Reprodução/G1/Prefeitura de Praia Grande)

No início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, Ruy Ferraz Fontes iniciou as investigações sobre o PCC, mapeando sua estrutura e prendendo líderes da facção. Ganhou destaque nos ataques de maio de 2006, quando teve atuação estratégica no combate à violência promovida pelo grupo em São Paulo. Após se aposentar da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes assumiu, em janeiro de 2023, o cargo de secretário de Administração de Praia Grande. Ele ocupava a função até o momento em que foi assassinado.

Crime deixa dois feridos em Praia Grande

A Prefeitura de Praia Grande informou que um homem e uma mulher que passavam pelo local foram atingidos por disparos e socorridos pelo Samu. Inicialmente, ambos foram levados à UPA Quietude e, em seguida, transferidos para o Hospital Municipal Irmã Dulce. Segundo o município, os dois estão fora de risco.

Governo Lula prepara plano nacional de segurança pública

Ao que tudo indica, o governo federal está prestes a iniciar uma grande ofensiva contra as facções criminosas que se espalham pelo Brasil. Nos últimos meses, foi divulgado que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está elaborando uma estratégia abrangente para enfrentar o crime organizado, com foco especial nos dois grupos mais poderosos e influentes do país: o Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem sua base em São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), predominante no Rio de Janeiro.

Internamente, esse projeto tem sido chamado de Plano Real, em referência à medida econômica de 1994 que estabilizou a moeda e controlou a inflação no Brasil. A analogia busca reforçar o simbolismo de uma ação transformadora: se na década de 1990 o país venceu a crise econômica, agora seria a vez de enfrentar e conter a crise da segurança pública. Assim, o nome ganhou uma versão mais abrangente: “Plano Real da Segurança”.

Os pontos de mudança

O plano será apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que tem enfatizado a necessidade de atacar diretamente as estruturas do crime organizado. O projeto contempla 12 eixos de mudanças, entre eles:

  • A criação de um banco de dados nacional capaz de mapear facções criminosas e identificar seus integrantes, facilitando o monitoramento e o combate integrado.

  • A implantação de uma agência nacional especializada no enfrentamento às facções.

  • O endurecimento das penas para crimes relacionados à criação, promoção ou financiamento de grupos criminosos.

  • Adoção de punições mais severas e eficazes para agentes públicos e empresas que atuem em parceria com organizações criminosas.

  • Restrições à progressão de pena para detentos que façam parte de facções, dificultando sua reintegração à sociedade enquanto mantiverem vínculos com esses grupos.

Avanços na segurança pública


Governo Lula (PT) diz que vai preparar uma espécie de 'Plano de Ação' para combater facções no país (Vídeo/Reprodução/@fbtvnews/Instagram)

Paralelamente a esse plano, o governo já avançou em medidas estruturais. Um exemplo é a chamada PEC da Segurança, aprovada pela Câmara dos Deputados em julho. A proposta traz mudanças significativas:

  • Dá à União maior poder para estabelecer diretrizes de atuação das forças de segurança e organizar a política nacional de segurança pública. O objetivo é padronizar ações e integrar polícias e guardas municipais.

  • Amplia as atribuições da Polícia Federal, assegurando sua competência para investigar milícias e crimes ambientais, áreas nas quais já atua, mas de forma limitada a decisões judiciais específicas.

  • Redefine a função da Polícia Rodoviária Federal, que passará a se chamar Polícia Viária Federal, assumindo também o patrulhamento de ferrovias e hidrovias, além das rodovias.

Essas medidas mostram que, mesmo longe dos holofotes, a segurança pública tem ocupado um espaço central na agenda do governo. O “Plano Real da Segurança” surge, portanto, como uma tentativa de atacar de frente o crime organizado e reorganizar as estruturas de combate à criminalidade no Brasil.