EUA avaliam ação contra cartéis na Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quinta-feira (27) que o governo americano pretende ampliar sua atuação contra grupos de narcotráfico ligados à Venezuela, com a possibilidade de iniciar operações terrestres “muito em breve”. A fala ocorreu durante uma videoconferência com militares no Dia de Ação de Graças e representa uma mudança no formato das ações até então adotadas, concentradas sobretudo em rotas marítimas. A afirmação reacende preocupações diplomáticas e gera dúvidas sobre o alcance e as implicações de uma eventual intervenção.

Mudança de foco após operações no mar

Nos últimos meses, autoridades americanas intensificaram ações navais contra embarcações suspeitas de transportar drogas oriundas da Venezuela. Segundo Trump, essa estratégia reduziu significativamente o fluxo marítimo, o que teria levado grupos criminosos a buscar novas rotas por terra. Sem fornecer detalhes operacionais, o presidente afirmou que o país está preparado para ampliar o escopo das operações para conter o tráfico em zonas terrestres, classificando essa etapa como “mais simples” para impedir que as remessas continuem.

A ausência de informações oficiais sobre como essas ações ocorreriam, se restritas a fronteiras, áreas de trânsito ou além delas, alimenta a incerteza sobre os limites da operação. Especialistas observam que uma ofensiva terrestre, dependendo de sua configuração, pode ter impactos muito mais amplos que as ações marítimas já conhecidas.


Donald Trump (Foto: reprodução/ Pete Marovich/Getty Images Embed)


Reação imediata da Venezuela

A fala de Trump provocou uma resposta rápida de Caracas. O governo de Nicolás Maduro afirmou que qualquer ação considerada intrusiva será tratada como ameaça à soberania nacional. Autoridades venezuelanas informaram que setores das Forças Armadas foram colocados em prontidão, especialmente a Força Aérea, para responder a possíveis movimentações militares.

O histórico recente de tensões entre os dois países contribui para que o anúncio seja visto com cautela. A relação diplomática já é marcada por disputas políticas, sanções e troca de acusações envolvendo segurança regional e tráfico internacional de drogas.

Preocupações regionais e diplomáticas

A possibilidade de operações terrestres gera inquietação entre observadores internacionais e governos da América Latina. Além do impacto direto sobre o combate ao narcotráfico, a medida pode alterar o equilíbrio político e militar no norte do continente, especialmente se houver risco de confronto entre forças dos dois países.

Analistas também alertam para efeitos colaterais: aumento de fluxos migratórios em áreas de fronteira, tensionamento de tratados regionais de segurança e dificuldades para organismos multilaterais atuarem em zonas afetadas. Outro ponto de preocupação é a falta de clareza sobre eventual cooperação com países vizinhos à Venezuela, que poderiam ser impactados logisticamente por movimentações militares.

Expectativa por desdobramentos

Até o momento, o governo dos EUA não apresentou um cronograma oficial nem especificou os moldes jurídicos ou diplomáticos da operação mencionada por Trump. A sinalização, porém, é suficiente para recolocar o tema na agenda internacional e intensificar discussões sobre o papel dos EUA no combate ao narcotráfico na região.

O anúncio deve continuar repercutindo nos próximos dias, especialmente conforme autoridades americanas esclareçam, ou não, a extensão da estratégia e os objetivos da possível ação por terra.

Governo dos EUA anuncia operação contra o narcotráfico

Nesta quinta-feira (13), em conjunto com o Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos (Southcom), a operação “Lança do Sul” foi ordenada pelo presidente americano Donald Trump.  Segundo o anuncio feito pelo secretário de defesa Pete Hegseth, o operação tem como objetivo “remover narcoterroristas” e proteger o país das drogas.

Até o momento não foi informado o local da operação, mas o aumento da presença de navios e aviões militares próximos da costa da Venezuela acendeu um sinal de alerta no governo de Nicolás Maduro, que interpreta como um possível preparo para uma invasão.

A operação “Lança do Sul”

Através de uma postagem na rede social X, Pete Hegseth anunciou a operação “Lança do Sul”, afirmando que a missão é combater os narcoterroristas do hemisfério ocidental e proteger o país das drogas, que segundo Hegseth, “estão matando o nosso povo”.


EUA anuncia a operação Lança do Sul (Foto: reprodução/X/@SecWar)


Nesta semana, a Marina dos EUA anunciou que o USS Gerald R.Ford, o maior porta-aviões do mundo, havia chegado em área de operação da América Latina para dar apoio ao combate das grandes organizações criminosas internacionais.

O Comando Sul já havia anunciado uma operação em janeiro (2025) com o nome Lança do Sul em seu site. Na ocasião, foi comunicado o uso de “sistemas robóticos autônomos para apoiar a detecção e o monitoramento do tráfico ilícito”.

Governo americano acusa Maduro

Nos últimos meses, os EUA atacaram diversas embarcações no Caribe e no Pacífico. Segundo o governo americano, estas embarcações faziam parte de organizações narcoterroristas. Ao todo, foram atacadas mais de 20 embarcações, deixando mais de 70 mortos.

Os ataques começaram em setembro, logo após os EUA anunciarem a recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem a prisão ou condenação do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusado pelo governo americano de liderar o Cartel de Los Soles, grupo classificado como organização terrorista internacional.

O governo venezuelano anunciou, nesta semana, que vai mobilizar suas forças armadas em todo o país para dar resposta à presença de navios de guerra dos EUA próximo ao seu território, no mar do Caribe.

Países sulamericanos se alinham aos EUA em meio a tensão com a Venezuela

Em meio a crescente das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, países sulamericanos começam a se posicionar na tensão entre os presidentes Donald Trump e Nicolás Maduro.

A informação deste posicionamento partiu de Marco Rubio, secretário de estado do governo Trump, que classificou o apoio internacional como incrível.

Apoio vem contra cartel de drogas

O apoio internacional vem após os Estados Unidos, um suposto grupo criminoso que trafica drogas internacionalmente chamado Cartel de los Soles é liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro estaria em franca atuação no continente.

O Equador foi o primeiro país a se posicionar a favor dos EUA, classificando o Cartel de los Soles como uma organização terrorista e uma ameaça a segurança nacional. Com isso, o serviço de inteligência equatoriano investiga a influência desse grupo sobre as gangues do crime organizado identificadas e classificá-las.

A Argentina também classificou o cartel como organização terrorista e afirmou que sua decisão é baseada em relatórios sólidos sobre o grupo e que os países devem fortalecer a cooperação entre si para combater o cartel.

Além desses, o Paraguai também classificou como organização terrorista, mas diferente dos outros classificou como uma organização internacional e também defendeu a cooperação entre os países para combater o crime transnacional.

Venezuela e Colômbia afirmam que cartel não existe

Para Maduro, a acusação é infundada e o tal cartel se quer existe e afirma que o objetivo dos EUA é atacar a soberania venezuelana. Além disso, o ministro do interior da Venezuela também questionou a decisão dos países.

A Colômbia seguiu o posicionamento da Venezuela afirmando que o cartel não existe e questionando o interesse de Trump em combater o tráfico de drogas na América do Sul, afirmando que este posicionamento é uma estratégia da extrema-direita quando um líder não a obedece.


Venezuela busca apoio contra medidas dos EUA no Brasil (Foto: Reprodução/Instagram/@cancilleria.ve)

O Brasil até o momento não se posicionou, mas na quarta-feira(27) os ministros das Relações Exteriores dos dois países conversaram por ligação telefônica para discutir a situação do continente e das Zonas de Paz proclamadas pela CELAC em 2014 e das disposições do Tratado de Tletaco de 1967.

Oposição a Maduro comemora

As medidas de combate ao Cartel de los Soles e as declarações anti Maduro feita pelos países nos últimos dias foram comemoradas pela oposição ao presidente Nicolás Maduro.

A líder da oposição Maria Corina Machado saudou a iniciativa dos países sulamericanos e agradeceu principalmente aos presidentes Santiago Peña do Paraguai e Javier Millei da Argentina, afirmando que as medidas ajudam a desmantelar o sistema de governo da Venezuela.

Massacre em bar no Equador deixa 17 mortos

No último domingo (27), um grupo de homens armados deu fim à vida de pelo menos 17 pessoas e feriu outras 11 em um brutal ataque a um bar na cidade de El Empalme, que fica na província costeira de Guayas, no Equador. O ocorrido chocou o país e reforçou a alarmante violência ligada ao narcotráfico e ao crime organizado. Entre as vítimas está uma criança de 12 anos.

A procuradoria equatoriana recuperou mais de 40 peças de evidência balística no local, indicando o uso de pistolas e fuzis. A ação, que também resultou na morte de outras duas pessoas a poucos quilômetros do bar antes do ataque principal, sugere seletividade dos alvos, em um cenário de retaliação entre facções.

Território de disputas sangrentas

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se tornou um corredor estratégico para o tráfico de drogas, gerando uma intensa disputa entre grupos criminosos. A província de Guayas, onde o ataque ao bar “La Clínica” aconteceu, é um epicentro dessa violência, com gangues como Los Choneros, Los Lobos e Los Pepes vivendo uma guerra territorial pelo controle do contrabando. A taxa de homicídios no país subiu de 6 para 38 a cada 100 mil habitantes de 2018 para 2024, com um pico de 47 em 2023. Em 2025, foram registrados 4.619 assassinatos nos primeiros seis meses, um aumento de 47% em relação ao ano anterior.


A polícia invade uma casa em busca de um membro de gangue em 13 de fevereiro de 2024 em Esmeraldas, Equador (Foto: reprodução/John Moore/Getty Images Embed)

O ocorrido se une ao rol de casos que ilustram a barbárie que assola o país, como o assassinato de 12 pessoas disfarçadas de militares em uma rinha de galos em abril, e os confrontos que mataram 15 pessoas em 12 horas em Manabí devido à extradição do traficante “Fito”, em julho. Ataques a velórios, cemitérios e massacres em prisões, que já vitimaram cerca de 500 detentos desde 2021, completam um cenário de profunda insegurança e desestabilização social.

Resposta do governo

Diante da crise, o presidente Daniel Noboa declarou “conflito armado interno” em janeiro de 2024, classificando 22 grupos criminosos como organizações terroristas. Medidas foram implementadas como estados de exceção, toques de recolher e o envio de 2.000 soldados a Manabí, em julho. O governo busca uma postura de linha-dura, inclusive com parcerias internacionais, como a “aliança estratégica” com Erik Prince, fundador da Blackwater, e um pedido de apoio de forças especiais de países aliados.

Em junho, a Assembleia Nacional aprovou a concessão de mais poderes legais ao governo, para desmantelar as redes de tráfico de drogas. No entanto, a violência persiste atingindo diretamente a vida dos equatorianos, que vivem com medo e são forçados a fechar seus comércios e restritos de circular em cidades como Guayaquil e Quito.