Miu Miu traz crítica social a desfile e ressignifica o trabalho feminino

A marca de luxo Miu Miu se tornou uma das mais comentadas no mundo da moda essa semana, após lançar sua nova coleção primavera/verão 2026 na Paris Fashion Week. Com 65 looks femininos entre camisas oversized e polo, jaquetas pesadas, roupas de jardineiro, calças, vestidos curtos e longos e diversos acessórios como bolsas, colares e cintos, o que mais se destacou foi um item inusitado no evento: aventais.

Desfile vira critica social

Ao trazer aventais de diferentes estilos, como de couro, robustos, bordados, floridos e simples, o tema central da coleção se tornou “o trabalho das mulheres”, tanto o que é visivelmente valorizado, quanto o que passa despercebido pelos olhos da sociedade, como o que ocorre nos lares e se torna invisível e emocional.


Peça da nova coleção da Miu Miu (Foto: reprodução/Instagram/@miumiu)

Miucca Prada quis dar espaço para esse tipo de trabalho especificamente, mostrando que, apesar de não ser reconhecido, merece ser valorizado: “Nós, do mundo da moda, sempre falamos sobre glamour e riqueza, mas também precisamos reconhecer que a vida é bem difícil”, disse em entrevista para a revista Vogue Runway, “Para mim, o avental contém a verdadeira vida difícil das mulheres na história, desde as fábricas, até em casa”.

Uma celebração às mulheres

Nos últimos anos, o termo “trad wife” ganhou espaço nas redes sociais, se referindo a um ideal de mulher que se dedica exclusivamente a tarefas domésticas e a sua vida familiar. Como todos os outros tópicos, há pessoas que enxergam esse estilo de vida como algo desejável, enquanto outras o repugnam.

O termo “homekeeping” (sem tradução literal, mas podendo ser entendido como “cuidador da casa”), no entanto, parece fazer mais justiça a coleção, pois depende do que a audiência escolhe ver, mas podendo ser encarado como alguém que cuida do lar.


Desfile completo da marca na PFW (Vídeo: reprodução/YouTube/Miu Miu)

Miucca trouxe sua crítica desse lugar, refletindo sobre o trabalho invisível dessas mulheres e dizendo que ele merece ser reconhecido, sendo tratado como “um símbolo de amor e importância”. Sua intenção com os aventais não foi baseada em uma opinião pessoal, mas em como a grife celebra todas as mulheres.

Miuccia Prada ressignifica o trabalho feminino no verão 2026 da Miu Miu

Mais do que moda, a Miu Miu apresenta um discurso sobre o fazer e o cuidar, resgatando a importância histórica do trabalho feminino. No verão 2026, o avental ganha novas formas, entre bordados, rendas e materiais industriais, como símbolo de resistência, afeto e criação.

O desfile da Miu Miu em Paris não foi apenas uma apresentação de roupas, mas um manifesto sobre o valor do trabalho — especialmente o feminino. Logo no look inicial, desfilado pela atriz Sandra Hüller, o avental surgiu como peça-chave da narrativa criada por Miuccia Prada. Em versões bordadas, rendadas, de lona ou couro, a peça comum se elevou ao patamar de luxo e reflexão

Avental como símbolo de trabalho

O avental, peça simples e universal, sempre esteve presente em diferentes contextos de trabalho: da dona de casa à cozinheira, do artista plástico ao mecânico. Ele representa dedicação, cuidado e propósito. Ao trazê-lo para o centro da passarela, Miuccia Prada resgata um objeto historicamente associado ao invisível e o torna protagonista, carregado de dignidade e significado.



Na coleção verão 2026, esse símbolo ganha novas leituras. Cristais, rendas delicadas, lona crua e couro industrial revelam sua dualidade: vulnerabilidade e força, leveza e rigidez. O resultado é uma peça que atravessa fronteiras, transformando o utilitário em luxo e questionando hierarquias de vestimenta.

Entre o invisível e o celebrado

Miuccia Prada propõe um olhar atento ao trabalho feminino, tantas vezes relegado ao silêncio e à invisibilidade. Ao colocar o avental no centro, a estilista cria uma ponte entre cuidado e criação, oferecendo espaço para a valorização de gestos cotidianos que sustentam o mundo.

Referências às fotógrafas Dorothea Lange e Helga Paris reforçam esse discurso. Conhecidas por registrar a rotina e a luta de trabalhadores, suas imagens ecoam na coleção da Miu Miu, que se aproxima da vida real e transforma a moda em ferramenta de memória, resistência e reflexão.

O luxo do real

Em um cenário em que a moda de luxo busca reconexão com a vida prática, Miuccia Prada mostra que o verdadeiro glamour pode nascer do trabalho. A imperfeição, o desgaste e a repetição de gestos ganham status de beleza, e o avental torna-se a metáfora perfeita dessa ressignificação.


Miu Miu se afasta de luxo aderi no avental na Semana de Moda de Paris (Vídeo: Reprodução/Instagram/@miumiu)

Assim, a Miu Miu se afasta de um luxo distante e inalcançável e se aproxima daquilo que é humano e essencial. Ao elevar o avental, a marca propõe um novo tipo de sofisticação: o que celebra o esforço, o afeto e a resistência feminina.

No verão 2026, Miuccia Prada transforma um objeto banal em símbolo de revolução silenciosa. Ao ressignificar o avental, a Miu Miu celebra o trabalho feminino e dá voz ao invisível, unindo história, afeto e propósito em uma coleção que ultrapassa a estética e se torna manifesto. Se o luxo é reconhecer valor, talvez o maior gesto da moda seja finalmente enxergar quem sempre sustentou o mundo com as próprias mãos.

Miu Miu Verão 2026: marca apresenta o avental como símbolo de rebeldia e reflexão

Paris testemunhou mais uma provocação de Miuccia Prada — dessas que fazem o público rir primeiro e pensar depois. Na manhã desta terça-feira (6), durante a Semana de Moda, a Miu Miu serviu um banquete visual de ironia e introspecção, transformando o cotidiano em discurso. O ponto de partida foi o avental: peça doméstica por excelência, banalizada pela rotina e carregada de significados históricos sobre gênero e trabalho.

Miuccia o retira da cozinha e o leva à passarela, agora revestido de pedrarias, rendas e couro estruturado, desafiando a fronteira entre utilidade e desejo. Ao vesti-lo sobre alfaiatarias e jaquetas oversized, a estilista transforma o que antes representava submissão em um manifesto de autonomia e sofisticação — uma resposta sutil, porém incisiva, à ideia de fragilidade ainda projetada sobre o feminino.

Do lar à passarela: o poder de um gesto

Ao longo da carreira, Miuccia Prada sempre explorou as fronteiras entre o privado e o público, o real e o idealizado. Nesta coleção, o avental — tantas vezes sinônimo de serviço e submissão — ganha novas leituras: aparece sobre calças de alfaiataria, jaquetas estruturadas, camisas oversized e até biquínis, revelando uma sensualidade que é, ao mesmo tempo, irônica e subversiva.


Coleção primavera verão 2026 da Miu Miu (Vídeo: reprodução/Instagram/@miumiu)

O cenário, com mesas de fórmica coloridas e estética quase burocrática, reforçava o conceito de um “ambiente de trabalho”, onde o ato de vestir torna-se também um ato de contestar. Na beleza, rostos limpos e cabelos desalinhados traduziam a recusa ao artifício, celebrando o imperfeito e o real.

Ironia, crítica e o olhar feminino

Mais do que uma tendência, a coleção funciona como um manifesto. Em tempos de revalorização do arquétipo “trad wife” nas redes sociais — mulheres que idealizam o retorno à domesticidade dos anos 1950 —, Miuccia responde com humor afiado. Ao transformar o avental em fetiche de luxo, ela devolve às mulheres o controle sobre a própria imagem.

Entre babados, rendas e transparências, a Miu Miu reafirma seu espaço como laboratório do female gaze: um olhar que entende a moda não como prisão estética, mas como ferramenta de expressão, crítica e desejo.

A presença de figuras como Sandra Hüller e Milla Jovovich, desfilando lado a lado de modelos jovens, traduz essa pluralidade de experiências — uma forma de lembrar que o feminino é múltiplo, imperfeito e, acima de tudo, livre.

Prada transforma desfile em manifesto visual na Milão Fashion Week

Durante o terceiro dia da Semana de Moda de Milão na última quinta-feira (25), a Prada apresentou sua coleção primavera/verão 2026, intitulada Body of Composition, que trouxe para a passarela uma forte crítica estética à rigidez da moda tradicional, explorando cores vibrantes, tecidos contrastantes e silhuetas em constante mudança.

Coleção Primavera/Verão

Com direção criativa da estilista italiana Miuccia Prada e do designer belga Raf Simons, a coleção Body of Composition (corpo de composição) surge na passarela da Milão Fashion Week, como um manifesto visual sobre o vestir, como forma de se expressar. A proposta da marca foi contrariar normas preestabelecidas, apostando em composições visuais que desafiam a simetria e a harmonia clássica. A coleção é marcada por peças em movimento constante, que parecem mudar de forma conforme as modelos se movem. Reafirmando o conceito proposto pela grife, da moda como extensão do corpo e das emoções.


Coleção primavera/verão 2026, Prada (Foto: reprodução/Instagram/@fashionweek)

A estética da coleção chama a atenção para calças amplas com estrutura de macacão, salopetes em recortes geométricos, saias feitas de patchwork com sobreposição de diferentes tecidos, contrastantes entre si, tops com estrutura solta, luvas coloridas e saltos brancos. As combinações inesperadas e vibrantes de cores que compuseram os looks, muitas vezes não complementares, criaram uma atmosfera que permeava entre o futurístico e o distópico, apontando para uma moda mais livre e menos comprometida com a rigidez visual.


Desfile da Prada na Milão Fashion Week (Vídeo: reprodução/Instagram/@prada)

Moda como crítica e expressão cultural

Segundo a grife italiana, a coleção é uma resposta direta à “sobrecarga da cultura contemporânea”, uma época marcada por estímulos constantes, aceleração e excesso de informação. Ao desconstruir peças clássicas  e reinventá-las, como sutiãs sem estrutura ou saias suspensas nos ombros, a Prada questiona os fundamentos das roupas e seu papel na sociedade.

A proposta de Miuccia e Raf é que as peças possam “flutuar”, mudar e se adaptar ao corpo e ao momento, refletindo as mudanças e transformações internas de cada indivíduo. As roupas apresentadas por eles para a coleção primavera/verão, não é apenas sobre estética, mas também sobre linguagem. Cada composição se transforma em tempo real na passarela, rejeitando a ideia de rigidez e propondo elegância mais fluida, despojada e sobretudo humana.

Prada apresenta um jardim de cores e nostalgia em Milão

Aconteceu ontem (22) em Milão, Itália, o desfile da coleção primavera/verão 2026 da Prada. Intitulada “Uma mudança de tom” (em tradução livre), o desfile mostrou exatamente isso. Com uma variedade de cores maior, entre tons mais quentes e cores mais vivas, a passarela se transformou em um jardim, trazendo certa nostalgia de volta.

Prada transforma a passarela em um jardim

O desfile, que aconteceu na Fondazione Prada, e trouxe um ar de primavera para quem assistia. Com alguns tapetes em forma de flores no chão, a maison de fato mostrou seu jardim com a entrada dos modelos nas passarelas. Diversas cores e tons foram usados na coleção, como marrom, caqui, verde, rosa, amarelo e roxo. Sobre os acessórios, além de chapéus, também foi possível ver bolsas masculinas adornando e completando o visual. Calças com tecidos mais leves também faziam parte da coleção, mas a volta dos shorts masculinos foi o que mais chamou atenção, com um leve toque de nostalgia.

“Queríamos uma mudança de tom. O oposto da agressividade, do poder e da maldade que dominam o mundo hoje.”, comentou Miuccia Prada após o desfile, em uma declaração para a imprensa.

Não era de se surpreender que a coleção de primavera/verão da maison deixaria um pouco de lado os tons mais sóbrios e traria mais cores às passarelas. A parceria entre Miuccia Prada e Raf Simons (codiretor criativo) mostra a conexão e similaridade entre os dois designers. Entre as peças, estavam suéteres, batas, agasalhos em tricô, casacos, calças largas e os shorts masculinos. A combinação de cores entre as peças também chamou do público na Semana de Moda de Milão.


Desfile primavera/verão 2026 da Prada em Milão (Vídeo: reprodução/YouTube/@Prada)

Sobre a Semana de Moda de Milão

A temporada de desfiles Ready-to-Wear primavera/verão 2026, começou na última sexta-feira (20). Até o momento, já foram às passarelas grifes como Dolce & Gabbana, Emporio Armani, PDF, Setchu, Simon Cracker e Dunhill. A semana de Milão se encerra amanhã (24), e ainda espera apresentações de Giorgio Armani, Victor Hart, Outbreak Lab e Sagaboi. Ainda amanhã, começará a Semana de Moda de Paris. Tanto Milão quanto Paris, apresentam as coleções Ready-to-Wear masculinas para primavera/verão 2026.