Datacenters dos EUA usarão US$ 2,5 Trilhões para Inteligência Artificial até 2030

Nos próximos cinco anos, as empresas que lideram hoje o uso de inteligência artificial como a OpenAI, Google, Amazon, Microsoft e Meta pretendem aumentar a capacidade computacional que operam as IAs, mais do que dobrando o consumo de eletricidade que atualmente é de 40 gigawatts de energia, quantidade suficiente para abastecer 30 milhões de residências.

Lideradas pelas empresas mais ricas do mundo, as IAs de uma forma ou de outra, terão uma solução para se manter funcionando.

Custos astronômicos

Com 50 milhões de dólares por gigawatt de potência computacional instalada, até 2030 serão cerca de US$ 2,5 trilhões gastos, ou na conversão, 13,35 trilhões de reais. Uma média de 80% desse valor será para compra de GPUs de empresas como a Nvidia e a AMD, empresas de tecnologia muito famosas pelo mundo, e os produtos serão utilizados com energia fabricada em novas usinas e linhas de transmissão financiadas pelo resto do montante, que gira em torno de US$ 500 bilhões (ou 2,67 trilhões de reais).

Numa estimativa da Goldman Sachs, um banco de investimentos, os datacenters estadunidenses consumirão 500 terawatts/hora por ano o que por si só é mais de 10% de toda a eletricidade doméstica.

Briga em demanda

Problemas envolvendo datacenters e energia já acontecem pelo território norte-americano. No Oregon, a Amazon Data Services entrou com uma reclamação contra a Pacificorp, que recusou a fornecer energia para ativar os datacenters da empresa na região, que investiam cerca de 30 bilhões de dólares da companhia, uma média de R$ 160, 2 bilhões.

Já na Califórnia, em Santa Clara, dois centros de 50 megawatts, desenvolvidos tanto pela Digital Realty quanto pela Stack Infraestructure, enfrentam um problema parecido. Mesmo prontos, não conseguem eletricidade até a Silicon Valley Power finalizar suas atualizações de rede, previstas para 2028 ou depois, custando mais de 450 milhões de dólares (ou 2,403 bilhões de reais).


Por que data centers consomem tanta energia e água? (Vídeo: reprodução/Youtube/@TheInterceptBrasil)


Dentre cenários pessimistas, Joseph Majkut, diretor de segurança energética do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou que este é um bom problema para os Estados Unidos enfrentarem. “Os EUA estão posicionados para alimentar mais crescimento econômico e indústrias estratégicas do que vimos em décadas”, disse Majkut.

Datacenters com energia própria

Fugindo da situação, muitos desenvolvedores de datacenters estão assumindo o controle ao construir geração de energia no local para não depender de concessionárias. No Texas, esses geradores são especialmente comuns, possuindo a própria rede elétrica e não sujeita à supervisão regulatória federal, facilitando a obtenção de licenças. Muitas petroleiras fazem o mesmo, para lucrar na área com diferentes preços entre gás e eletricidade.

O Projeto Stargate, desenvolvido em parceria pela OpenAI, SoftBank, Oracle e MGX, está instalando 10 turbinas a gás para server como energia de backup no local, em Abilene, Texas. Para o Goldman Sachs, 60% de toda a nova demanda de datacenters será abastecida com gás natural.

Segunda vida ao carvão

Com a nova demanda impulsionada pelas IAs, até o carvão pode voltar a ser utilizado em grande escala. No último ano, seu uso subiu após Donald Trump propor a revogação das regras do governo Biden com a EPA, Agência de Proteção Ambiental. Assim, no Colorado, houveram pedidos para que duas usinas de carvão não fossem fechadas até que haja substitutas.

A Energia nuclear também parece garantir eletricidade abundante. Tanto a Meta, como Microsoft e Amazon contrataram fornecimento de energia por reatores nucleares, tanto velhas como novas.

Por meio de sua “modelagem integrativa” as inteligências artificiais e seus datacenters mostraram como a indústria poderia aumentar reservas globais de petróleo, modernizar linhas de transmissão de alta tensão e permitir que empresas de energia criem programas de resposta à demanda. Se os operadores de datacenters concordassem em diminuir o consumo de energia em apenas 1% e reduzir o uso de eletricidade em momentos de pico, o efeito criaria uma “folga” para os cortes de carga em basicamente 125 GW.

Porsche Cup Brasil faz parceria com Microsoft para o uso de IA avançada

No último sábado (22) ocorreu o final da temporada de 2025 da Porsche Cup Brasil no Autódromo de Interlagos, na Cidade Dutra, São Paulo e durante o evento, uma parceria recém conquistada chegou para inovar a disputa: a inteligência artificial comandada pela Microsoft. Feito para transformar o grande volume de dados gerados pelos carros em decisões estratégicas, o acordo com a produtora de softwares veio para ampliar em até 40% a eficiência durante as corridas.

Resumos, curiosidades e gravações da temporada completa podem ser encontradas no Youtube oficial da Porsche Cup Brasil.

Estratégias tecnológicas

Com uma solução desenvolvida pela Kumulus, uma provedora latina de serviços tecnológicos e pelos produtos focados em mobilidade urbana da IturanMob, a Porsche Cup Brasil tenta otimizar a leitura de dados de performance dos carros com a análise de telemetria em nuvem, dando suporte à tomada de decisão das equipes em tempo real. O sistema estratégico acontece desde 2023 e agora em uma nova fase junto a Microsoft, o ecossistema Microsoft Azure AI Foundry será utilizado durante o evento.


Porsche Cup se une à Microsoft para telemetria de dados (Vídeo: reprodução/Youtube/@MicrosoftBrasil1)


Em um comunicado sobre a parceria, Priscyla Laham, Presidente da Microsoft Brasil contou que participar da tecnologia nas corridas é um ótimo exemplo para reforçar a visão estratégica da Microsoft, aplicando inteligência artificial não para substituir, mas para ampliar a capacidade humana. “Por meio da tecnologia, estamos construindo um ecossistema que conecta eficiência, insights e experiência para elevar a competitividade e manter a emoção durante a Porsche Cup Brasil como protagonista” afirmou ela.

Próximos passos

As ferramentas não param apenas nas análises de telemetria e os próximos passos incluem análises preditivas, alertas automáticos e chatbots inteligentes para auxiliar tanto as equipes quantos os pilotos. Para Thiago Iacopini, CEO da Kumulus, o papel da IA nas empresas é tirar o peso das rotinas humanas e devolver como estratégia. Com a nova tecnologia, mais tempo surge para o que realmente importa nas corridas, ter o carro pronto para voltar à pista.

Paulo Henrique Andrade, CEO da IturanMob, diz que a tecnologia tem sido determinante para ampliar o quão eficiente as operações e a precisão dos dados em todas as etapas da competição se formam. Na Porsche Cup Brasil, assim como em todas as corridas, cada milissegundo importa.

“No último ano, avançamos de forma significativa na estabilidade e precisão dos dados transmitidos em tempo real” explicou Paulo, contando que toda a equipe espera que na próxima temporada, mais dispositivos e recursos avançados sejam incorporados conectando e elevando a experiência das corridas tanto para os pilotos quanto para os espectadores.

OpenAI entra na liga dos gigantes: US$ 500 bilhões e um novo jogo com a Microsoft

A inteligência artificial acaba de ganhar um novo marco financeiro, e simbólico. A OpenAI, criadora do ChatGPT, atingiu uma avaliação de meio trilhão de dólares após fechar um novo acordo de cooperação com a Microsoft. Mais do que um número impressionante, o movimento indica que a empresa quer deixar de ser uma “startup visionária” e assumir de vez o papel de potência corporativa global.

Do laboratório à bolsa de valores

Desde sua fundação em 2015, a OpenAI sempre carregou uma dualidade curiosa: nasceu como uma organização sem fins lucrativos, mas se transformou na empresa que mais monetizou a corrida da IA. O novo acordo com a Microsoft reestrutura a companhia como uma Public Benefit Corporation (PBC), um modelo híbrido que busca equilibrar lucro e propósito público.

Na prática, isso significa mais liberdade para captar investimentos, firmar contratos e expandir produtos — sem abrir mão, ao menos no papel, do compromisso ético com o desenvolvimento responsável da inteligência artificial.

Microsoft, o braço direito (e esquerdo)

A relação entre OpenAI e Microsoft continua próxima, mas com novos contornos. A gigante de Redmond passa a deter uma fatia de 27% da nova holding da OpenAI, um número que traduz não só investimento, mas também dependência mútua.


Imagem editada mostrando a parceria das duas empresas (Foto: reprodução/X/@zealbori)

De um lado, a OpenAI ganha acesso garantido a uma das infraestruturas de computação mais poderosas do planeta, o Azure. De outro, a Microsoft consolida sua posição como guardiã e parceira estratégica da empresa que dita o ritmo da revolução da IA generativa.

A nova avaliação de mercado da OpenAI a coloca em um seleto grupo de gigantes como Meta, Tesla e Nvidia. Mas há quem veja o número como mais um gesto de confiança do que uma medição exata de valor. O faturamento da empresa ainda não acompanha esse patamar, mas a percepção de que ela está na dianteira da corrida pela “inteligência geral artificial” (AGI) faz investidores aceitarem pagar caro por um pedaço do futuro.

Desafios: poder, ética e velocidade

O desafio agora é equilibrar a força tecnológica com responsabilidade. À medida que a IA se torna onipresente, em escolas, empresas, governos, a OpenAI se vê pressionada a provar que consegue inovar sem atropelar fronteiras éticas.

Internamente, a mudança de estrutura também levanta perguntas: quem manda, afinal? O conselho de ética? Os investidores? A Microsoft? O CEO Sam Altman, que há meses vem se equilibrando entre genialidade e pragmatismo, precisará mostrar que a nova OpenAI não é apenas mais rica, mas também mais estável.

O novo eixo do poder em IA

O acordo sela uma nova fase da indústria. Se o Google dominou a busca, a Apple o design e a Amazon o e-commerce, a OpenAI quer dominar a inteligência, o motor invisível que vai mover todos os outros setores.

Com 700 milhões de usuários semanais e presença em praticamente todos os ramos corporativos, a empresa se consolida como o padrão de referência da IA global. E, com o aval da Microsoft, passa a ter fôlego para disputar território com Nvidia, Anthropic e até o próprio Google DeepMind.

Mais que uma empresa, um sinal de época

A valorização da OpenAI a US$ 500 bilhões não é apenas sobre capital. É sobre a mudança de eixo da economia mundial, do petróleo e dos semicondutores para os modelos de linguagem e a capacidade de aprender.

A nova OpenAI nasce mais poderosa, mais vigiada e mais cobrada. E talvez seja justamente essa combinação que definirá a próxima década da tecnologia.

Estudo da Microsoft revela 40 profissões mais expostas à inteligência artificial

Um levantamento inédito da Microsoft, em colaboração com pesquisadores da área de tecnologia e trabalho, revelou as profissões mais suscetíveis à automação por Inteligência Artificial (IA), principalmente aquelas com tarefas baseadas em linguagem natural, matemática, comunicação, computação e produção de conteúdo.

O estudo, intitulado “Working with AI: Measuring the Occupational Implications of Generative AI”, analisou mais de 200 mil interações reais de usuários com o Microsoft Copilot, ferramenta de IA generativa integrada a produtos como Word, Excel e Teams. O objetivo: identificar quais ocupações mais se beneficiam – ou correm riscos – com a adoção da tecnologia.

Publicado como pré-print (ainda sem revisão por pares), o estudo analisou dados exclusivamente do mercado de trabalho dos Estados Unidos, mas suas implicações se estendem globalmente, especialmente em setores com alto grau de digitalização.

Metodologia da pesquisa

A análise se baseou na integração de três fontes de dados: interações reais com o Copilot da Microsoft; a base ocupacional O\NET, que mapeia funções profissionais nos EUA; e ferramentas estatísticas que mediram a proporção do trabalho passível de automação por IA generativa.

Os cientistas criaram um índice de aplicabilidade da IA, que atribui uma pontuação a cada ocupação com base na frequência e na relevância das tarefas que podem ser realizadas com o auxílio de IA. A pontuação não reflete uma substituição total, mas sim, o nível de suporte ou automação que essas ferramentas podem oferecer.

Profissões mais impactadas pela IA

O topo da lista é ocupado por funções que exigem trabalho intelectual, criativo ou repetitivo baseado em linguagem, exatamente o ponto forte dos grandes modelos de linguagem como o GPT-4. Confira a lista:

  • Intérpretes e tradutores
  • Historiadores
  • Redatores, revisores e jornalistas
  • Cientistas políticos e matemáticos
  • Analistas de dados, desenvolvedores web
  • Representantes de vendas e telemarketing
  • Professores universitários de negócios e economia
  • Editores, locutores, agentes de viagem
  • Consultores financeiros e demonstradores de produtos

Profissões menos impactadas pela IA

De outro lado estão as  funções manuais, físicas, operacionais ou relacionadas a cuidados humanos, que exigem habilidades motoras, sensoriais ou empatia. Sendo elas:

  • Operadores de draga, ponte e usinas
  • Técnicos de manutenção e instalação
  • Auxiliares de enfermagem e assistentes cirúrgicos
  • Lavadores de louça e embaladores industriais
  • Trabalhadores da construção civil e florestal
  • Telhadistas, lustradores, pintores e encanadores
  • Flebotomistas e cirurgiões bucomaxilofaciais
  • Engenheiros navais e embalsamadores

Essas atividades, por dependerem de ações no mundo físico, estão longe da automação total, ao menos com a tecnologia disponível atualmente.


baseadas em linguagem natural, matemática, comunicação, computação e produção de conteúdo.
Áreas da matemática, comunicação e computação serão as mais afetadas(Foto:reprodução/Laurence Dutton/Getty Images Embed)

IA como ferramenta, não substituição

A principal conclusão do estudo é que, embora muitas tarefas possam ser executadas por IA, isso não significa a substituição total de empregos humanos. Em vez disso, a tecnologia tende a amplificar a produtividade, especialmente em tarefas burocráticas e cognitivas repetitivas.

Esses achados estão alinhados com o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do instituto polonês NASK, que apontam que 1 em cada 4 empregos no mundo pode ser transformado pela IA generativa, o que reforça a urgência de capacitação digital contínua para os profissionais nas próximas décadas.

 

Microsoft aposenta a icônica “tela azul da morte” do Windows

Em um movimento marcante para o Windows, a Microsoft anunciou que está aposentando a tradicional Blue Screen of Death (BSOD), lançada em 1993 no Windows NT, em favor de uma tela completamente preta. Essa mudança vai acontecer na atualização do Windows 11 24H2, prevista para ser lançada no verão estadunidense de 2025, o que corresponde ao inverno brasileiro.

O que foi alterado

A Cor de fundo sairá do azul icônico e entrará o preto no lugar, isso busca um visual mais moderno e alinhado com o design minimalista do Windows 11. O rosto triste (“:()”) e o QR code, que facilitava o diagnóstico de erros, deixam de ser exibidos e serão removidos. A mensagem não será mais a mesma, agora quando ocorrer um erro aparecerá “Your device ran into a problem and needs to restart”, acompanhada por um código de parada e detalhes técnicos, como o driver responsável. E a última mudança vai ser a barra de progresso que exibirá o percentual de reinício da máquina.

Por que as mudanças

Essas mudanças fazem parte da iniciativa Windows Resiliency Initiative, que começou no fim de 2024 visando tornar o sistema menos estético e mais ágil em respostas as falhas, especialmente após a ocorrência de uma interrupção global causada por uma atualização da CrowdStrike, que exibiu BSOD em milhões de máquinas. David Weston, vice-presidente de segurança empresarial e de sistemas operacionais da Microsoft, afirma que a nova tela “simplifica a experiência de reinicialização inesperada” e ajuda no retorno ao trabalho em cerca de dois segundos para a maioria dos usuários.


Erro do CrowdStrike que gerou a tela azul globalmente (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)

Além dessas mudanças foram adicionados novos programas com o caso do Quick Machine Recovery, uma ferramenta feita e incorporada para restaurar os computadores que não conseguem se inicializar sozinhos, esse programa vai acelerar o processo sem precisar de um suporte técnico manual e adicionaram também uma maior clareza técnica para a nova interface que conserva informações como o código de parada e o driver defeituoso, com melhor legibilidade e alinhamento ao estilo moderno do Windows.

De volta as origens

Curiosamente, a primeira tela azul não foi pensada como um “erro fatal”. Nos anos 1980, servia apenas para mensagens do DOS no Windows 1 e 3.1. Foi só com o Windows NT 3.1 (1993) que ela se tornou o símbolo de falhas críticas, escolhida por um desenvolvedor da Microsoft que gostava da cor azul na época.

Ao longo das diversas atualizações do Windows, a tela azul ganhou algumas mudanças visuais como no Windows 8 lançado em 2012 que incluiu uma carinha triste para reduzir a hostilidade da mensagem, já no Windows 10  lançado em 2016 adicionou o QR code e substituiu “PC” por “device” e por fim no Windows 11  de 2021 trouxe testes com tela preta e remoções temporárias de QR e a carinha triste.

Essa adoção da tela preta indica uma nova fase para o Windows, menos visual e impactante, mas mais rápida e coesa. A BSOD, que se tornou uma figura cultural no mundo da tecnologia, pode até desaparecer em forma, mas permanece viva no imaginário dos usuários como sinônimo de falha crítica. Independentemente da cor, o “Screen of Death” segue presente, só que agora em um novo design.

Parceria entre OpenAI e Microsoft à beira do colapso

A aliança tecnológica mais revolucionária da década aparenta estar entrando em colapso. A OpenAI, criadora do ChatGPT, e a Microsoft, sua principal investidora desde 2019, enfrentam tensões crescentes em negociações que poderão redefinir o curso de ambas as empresas e do mercado de IA.

Origem da crise

A OpenAI deseja formalizar sua transição para uma Corporação de benefício público com fins lucrativos, para viabilizar aportes bilionários (incluindo potencial IPO). Contudo, essa mudança depende da concordância da Microsoft. Sem isso, a OpenAI pode perder até US$ 20 bilhões em investimentos até o final do ano.

A Microsoft, que já injetou mais de US$ 13 bilhões na OpenAI, busca uma participação entre 20% e 49% na nova empresa, além de manter seu atual modelo de participação nas receitas (20%, até US$ 92 bilhões).

Outro ponto crítico envolve a aquisição da Windsurf, startup de IA voltada a codificação (concorrente do GitHub Copilot). A OpenAI quer restringir o acesso da Microsoft à IP da Windsurf, algo que desagrada a gigante de Redmond. O impasse intensificou o atrito.

Além disso, fontes do Wall Street Journal revelam que executivos da OpenAI chegaram a discutir a abertura de uma ação antitruste contra a Microsoft. Essa medida incluiria pedir intervenção de órgãos regulatórios federais e uma campanha pública, cenário que pode abalar a parceria secular.

Riscos e perspectivas de renegociações

Uma ruptura entre elas afetaria o investimento de SoftBank, que comprometeu até US$ 30 bilhões, com risco de o financiamento ser reduzido em US$ 10 bi se o fortalecimento estrutural não ocorrer até o fim do ano. Já do lado da Microsoft, pode haver redução de receitas (caso perca exclusividade sobre modelos), queda na influência na evolução da IA e necessidade de ampliar cooperação com outras plataformas, o que já começou a ocorrer com integração de modelos concorrentes como o Grok da xAI.


União entre OpenAI e Microsoft (Foto: reprodução/Lionel Bonaventure/Getty Images Embed)

Apesar do clima tenso, documentos públicos e fontes oficiais ressaltam que as negociações continuam em um bom estado, com ambas as partes declarando otimismo. No entanto, se não houver um acordo até o fim de 2025, o contrato atual (com validade até 2030) poderá ser desfeito. A Microsoft já sinalizou que pode seguir amarrada ao pacto até lá.

Para a OpenAI, o foco da disputa é a capacidade de operar com independência, continuar adquirindo novos ativos como a Windsurf e diversificar parceiros de infraestrutura (Google Cloud, Oracle, CoreWeave).

Já a Microsoft visa assegurar que terá direitos sobre as novas gerações de IA (incluindo uma eventual AGI), e questões de receita continuadas, além de prioridade estratégica para manter vantagem competitiva.

Então a relação que moldou o cenário da IA moderna está por enfrentar um divisor de águas. De um lado, a OpenAI busca independência, novas fontes de capital e controle sobre sua expansão. De outro, a Microsoft não quer abrir mão de sua posição privilegiada e das receitas geradas. O resultado dessas negociações pode mudar para melhor ou pior a dinâmica do setor de inteligência artificial.

Grandes nomes da OpenAI avaliam acusação contra Microsoft

Executivos da OpenAI estariam considerando formalizar uma acusação de conduta anticompetitiva contra a Microsoft, segundo reportagem publicada pelo Wall Street Journal. A avaliação ocorre em meio a impasses sobre os termos de uma possível reestruturação da OpenAI e os direitos contratuais mantidos pela Microsoft, principal investidora e parceira estratégica da organização.

Conforme a reportagem, membros da alta liderança da OpenAI discutem internamente a possibilidade de levar a questão a autoridades regulatórias federais nos Estados Unidos. A medida incluiria não apenas ações legais, como uma campanha pública que exporia preocupações relacionadas à concentração de poder e à condução das negociações com a Microsoft.

Pontos de conflito nas negociações

Entre os principais pontos de conflito está o controle da Microsoft sobre a hospedagem dos modelos de IA da OpenAI em sua plataforma de nuvem, a Azure. Segundo o WSJ, a empresa deseja manter exclusividade nesse aspecto. Além disso, a Microsoft teria solicitado uma participação acionária de 33% na nova estrutura societária da OpenAI, caso a organização seja convertida em uma “corporation de benefício público”.

Em contrapartida, a Microsoft abriria mão dos lucros futuros provenientes da parceria. No entanto, essa proposta enfrenta resistência interna, especialmente por parte de executivos que defendem maior autonomia da OpenAI na tomada de decisões estratégicas.


Vídeo postado pelo Olhar Digital falando sobre a relação das empresas (Vídeo: reprodução/YouTube/Olhar digital)

Reestruturação da OpenAI e novos modelos jurídicos

A OpenAI atualmente opera sob um modelo híbrido, que combina uma organização sem fins lucrativos com uma unidade de negócios com fins lucrativos limitados. A proposta em discussão prevê a criação de uma entidade de benefício público, com maior ênfase em propósitos sociais, mas sem abdicar da viabilidade comercial.

Essa reestruturação exigiria uma revisão dos contratos existentes e o aval de parceiros estratégicos, entre eles a Microsoft, que mantém diversos direitos exclusivos na operação.

Posição oficial das empresas

Apesar das divergências, Microsoft e OpenAI divulgaram uma nota conjunta nesta segunda-feira (16), informando que as negociações seguem em curso. “Continuamos discutindo com otimismo os próximos passos da nossa colaboração”, diz o comunicado.

Investimentos e dependência tecnológica

A Microsoft realizou seu primeiro investimento na OpenAI em 2019, no valor de US$ 1 bilhão, e aumentou esse aporte para mais de US$ 10 bilhões nos anos seguintes. Em troca, obteve acesso prioritário à tecnologia da empresa, especialmente aos modelos da família GPT, integrando-os ao Microsoft 365, Azure OpenAI Service e outras soluções corporativas.

Paralelamente, a OpenAI tem buscado alternativas para ampliar sua capacidade computacional e reduzir a dependência da infraestrutura da Microsoft, considerando opções como a Google Cloud.

Situação em andamento

Até o momento, não há confirmação oficial de que uma ação legal tenha sido protocolada. As discussões continuam nos bastidores, e os desdobramentos podem influenciar significativamente o mercado de inteligência artificial, especialmente em temas relacionados à concentração de poder e à regulação do setor.