Modelo Tesla tem para-brisa derretido por possível meteorito

Um morador de Whyalla, Austrália, passava a cerca de 140 quilômetros da cidade quando algo atingiu o para-brisa de seu carro, um Tesla Model Y, estilhaçando o vidro em formato circular além de derreter boa parte do local.

O susto aconteceu na parte da noite na rodovia Augusta, quando o veterinário de Whyalla, Andrew Melville-Smith e sua esposa passavam por uma estrada relativamente remota. Entre cinco a dez segundos depois que um caminhão havia passado pelo carro, um estrondo deixou o casal em desespero ao ver fumaça branca por toda parte além do cheiro de algo queimado, “minha esposa achou que o carro estava pegando foto”, contou Andrew.

Operando no piloto automático, o veículo continuou seu trajeto, os estilhaços atingiram Andrew ao ponto de sangrar, mas ele retomou o controle de seu carro logo depois. A polícia de Port Germein, uma cidade costeira da Austrália Meridional, registrou o ocorrido suspeitando que alguns destroços haviam caído do caminhão ou uma bala perdida colidiu com o Tesla, mas as hipóteses foram deixadas de lado quando Melville-Smith contatou o South Australian Museum para investigar a ocorrência.

Impacto raro

Kieran Meaney, minerologista do museu e líder das pesquisas, ressaltou que a possibilidade de ser mesmo um meteorito, são bem baixas, principalmente pela raridade imprevisível da situação, se o veículo estivesse a dez quilômetros mais rápido ou mais devagar, o meteorito teria passado raspando, despercebido.


Museu investiga se meteorito atingiu carro na Austrália (Vídeo: reprodução/Youtube/@abcnewsaustralia)


Ainda assim, o objeto não apenas fez o vidro rachar, mas estava em uma temperatura tão elevada no momento de impacto que amoleceu e fundiu levemente a laminação do para-brisa, algo que não aconteceria se algo escapasse de um caminhão em movimento ao lado do veículo atingido.

Sem registros de tempestades ou outro evento que traria uma explicação para o incidente, a equipe de análise busca possíveis partículas incrustadas para encontrar a origem espacial do meteorito ou o que quer seja o objeto.

Detritos espaciais

De acordo com estudos astronômicos e geoquímicos, cerca de 5,2 mil toneladas de detritos espaciais caem na Terra ao longo do ano, mas a maioria são formados por um material em partículas muito pequenas, grãos de poeira cósmica, que queimam pela atmosfera antes mesmo de estar próximo ao solo.

Gerando um calor intenso na travessia atmosférica, até corpos e objetos espaciais maiores se fragmentam ou evaporam no processo, criando momentos como a queda de um meteorito, algo raro. Com procedimentos complexos para confirmar a existência do meteorito, os resultados provavelmente levarão algumas semanas e até meses para trazer uma conclusão.

Porém, se realmente for um meteorito, o caso traz uma coincidência até cômica. Enquanto vestígios de um corpo espacial atingindo um Tesla são investigados na Terra, outro veículo da marca, um Roadstar vermelho lançado pela SpaceX, orbita o Sol a quilômetros longe enquanto toca sem parar a música “Space Oddity” de David Bowie.

Meteorito oriundo de Marte vai à leilão em 16 de julho

Um meteorito denominado NWA 16788, oriundo do planeta Marte, será leiloado no próximo dia 16 de julho. A rocha pesa cerca de 24 quilos e é considerada o maior fragmento do planeta vermelho já encontrado na Terra.

A arrematação da peça será promovida pela casa de leilão Sotheby’s, em Nova Iorque. Espera-se que o fragmento seja adquirido no valor entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões (em torno de R$ 21,8 milhões).

Peça rara

O meteorito foi descoberto no continente africano, mais precisamente em Níger, na região da cidade de Agadez, a maior do país. Geralmente, meteoritos que caem na Terra tendem a ser pequenos. Contudo, o NWA 16788 é uma peça rara, pelo seu peso e tamanho.

A peça também é rara por ser uma das poucas de Marte a cair em solo terrestre: dos 77 mil meteoritos registrados, apenas 400 são oriundos do planeta vermelho.

Composição do meteorito

A causa da queda da rocha em solo terrestre teria sido a colisão severa de um asteroide com Marte. O choque teria ocasionado a criação de uma camada de vidro em volta do meteorito, formada à medida que caía na Terra.

A rocha possui tom avermelhado. A cor de Marte é resultado da sua composição de minerais com alta concentração óxido de ferro, um processo semelhante à oxidação que acontece na Terra. Um desses minerais presentes em alta concentração é a hematita.



Desagrado dos cientistas

Uma parte dos cientistas se mostraram preocupados com o fato de um material, considerado importante para estudos acadêmicos, ser leiloado ao invés de ser entregue para um museu. Steve Brusatte, professor da Universidade de Edinburgo, na Escócia, alegou que seria um desperdício se o material “desaparecesse na abóbada de um oligarca”.

Já a cientista Julia Cartwright critica que haja pessoas comuns que se interessem por materiais oriundos do espaço e queiram adquiri-los. Para ela, se isso não acontecesse, isso beneficiaria a ciência.

Antes da descoberta do meteorito NWA 16788, Fukang foi a maior rocha já encontrada na superfície terrestre. Pesando mais de mil quilos, estima-se que a peça possua mais de 4,5 bilhões de anos.