Master tem liquidação avançada após decisão do Banco Central

IO Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e iniciou um processo que deve se estender por meses, envolvendo levantamento detalhado de ativos, definição da lista de credores e pagamentos por meio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A medida interrompe de vez as operações da instituição, marca o início de um período de fiscalização intensa e reorganiza o caminho para o encerramento definitivo das atividades.

BC nomeia responsável por liquidação

Com a intervenção, o BC nomeou a EFB Regimes Especiais como liquidante, responsável por administrar a massa falida, proteger o interesse dos credores e verificar a situação financeira real da instituição. A empresa assume funções administrativas, jurídicas e operacionais do banco para garantir que nenhuma etapa seja comprometida.

O Regime de Administração Especial Temporária (RAET) também foi instaurado em outras partes do conglomerado, permitindo que algumas operações sejam mantidas enquanto o restante do processo avança.



Clientes serão protegidos pelo FGC

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é a entidade responsável por proteger depositantes e investidores quando uma instituição financeira entra em liquidação. No caso do Banco Master, após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial, o FGC assumirá o pagamento dos valores dentro do limite garantido, enquanto o processo de levantamento de ativos e definição da lista de credores segue em andamento.

Os clientes com valores de até R$ 250 mil terão direito ao ressarcimento por meio do FGC. Para isso, precisam realizar cadastro no aplicativo oficial e aguardar a validação dos dados pelo liquidante, que confirma o saldo e autoriza o pagamento. Esse processo tende a ser mais rápido, já que depende apenas da compatibilidade de informações.

Já investidores com valores acima do limite garantido entram na lista geral de credores do banco e poderão ser ressarcidos somente após o levantamento completo dos ativos. Em casos de disputas, a solução pode envolver negociações administrativas ou até ações judiciais, tornando o processo mais lento e incerto.

Liquidez vem após investigação da PF

A liquidação foi decretada após o avanço de investigações sobre a gestão da instituição e a prisão do fundador, Daniel Vorcaro. O BC identificou deterioração de liquidez e fortes indícios de irregularidades, o que eliminou a possibilidade de recuperação interna e levou à intervenção direta.

Negociações anteriores de venda — como a tratativa envolvendo o BRB — já haviam levantado dúvidas sobre a capacidade do banco de honrar seus compromissos. Com a decisão de liquidação, qualquer operação de compra perde validade e dá lugar à reorganização completa do passivo.

Processo ainda deve demorar a ser concluído

Agora, o liquidante deverá identificar os bens disponíveis, avaliar créditos a receber, negociar ativos e definir a ordem de pagamento dos credores, seguindo a legislação vigente. Parte desses ativos poderá ser vendida para empresas especializadas, especialmente itens considerados de difícil recuperação.

O processo pode se estender por anos, dependendo do volume de dívidas, da complexidade dos contratos e da viabilidade de transformar ativos problemáticos em recursos reais. A liquidação do Master também se torna um marco no mercado financeiro, reacendendo discussões sobre supervisão, risco bancário e proteção ao investidor em períodos de instabilidade.

Suspensão de falência da Oi provoca forte reação e volatilidade na Bolsa

A decisão judicial que reverteu, de forma temporária, a falência da Oi provocou uma reviravolta no pregão desta sexta-feira, expondo a sensibilidade do mercado diante da disputa entre credores e os rumos da recuperação judicial da companhia.

Decisões que reativaram a disputa

A reviravolta na situação do Grupo Oi provocou um movimento intenso no mercado de ações brasileiro. Após a Justiça do Rio de Janeiro suspender o decreto de falência da companhia, investidores reagiram e impulsionaram as ações que tiveram picos de valorização superiores aos 80%. Esse comportamento reflete não apenas o alívio momentâneo do mercado, mas, também, a sensibilidade dos investidores frente as sucessivas decisões judiciais que vêm moldando o futuro da empresa nos últimos anos.

A turbulência começou com a decisão da 7ª Vara Empresarial, que na última segunda-feira (10) decretou a falência da Oi ao entender que a empresa não demonstrava capacidade operacional suficiente para se sustentar sem vender ativos ou contrair novos empréstimos. Essa avaliação reforçava um histórico já marcado por fragilidades: desde 2016, a companhia vinha passando por tentativas de reestruturação, com dívidas que ultrapassam a quantia de R$ 1,5 bilhão e enfrentando dificuldades para a retomada do crescimento orgânico.


Fachada do prédio e logo do Grupo OI (Foto: reprodução/Instagram/@janelapublicitaria)


Reação do mercado e incertezas sobre o futuro

A decisão foi contestada por credores relevantes, como Itaú e Bradesco. Com os recursos apresentados, a desembargadora da 1ª Câmara de Direito Privado concedeu efeito suspensivo, interrompendo temporariamente os efeitos da falência. Na prática, isso devolveu ao Juízo de Recuperação Judicial a responsabilidade por conduzir o processo, mediante cumprimento do plano já aprovado pelos credores. Essa mudança foi determinante para o comportamento do mercado.

Devido a revogação, mesmo que provisória, as ações voltaram a ser negociadas e registraram forte volatilidade. Enquanto OIBR4 disparava, OIBR3 alternava quedas e altas bruscas, refletindo o ambiente de incerteza jurídica. Ainda que a Anatel tenha garantido a continuidade dos serviços por se tratar de atividade essencial, o futuro da companhia permanece dependente da capacidade de executar seu plano e reconquistar a confiança de credores e investidores.