SynthID: marca d’água identifica se material é feito por inteligência artificial

Uma ferramenta criada pelo Google, que antes auxiliava jornalistas e profissionais ligados à mídia em geral, agora está disponível para todos os usuários. O Gemini, plataforma de inteligência artificial da empresa, atualizou o SynthID, uma marca d’água que identifica se uma imagem ou vídeo foi gerado de modo artificial.

Além disso, o Google também lançou o “Sobre esta imagem”. O recurso, que está disponível em seu banco de imagens, fornece contexto sobre sua origem.

Como funciona SynthID

O SynthID foi lançado em agosto de 2023 e é uma tecnologia oriunda do Google DeepMind. Ele insere uma marca d’água digital nos pixels do conteúdo gerado por inteligência artificial. Essa marca permanece detectável mesmo se a imagem for alterada.

Desde o seu lançamento inicial, a ferramenta sofreu diversas alterações: em maio de 2024, o suporte foi ampliado para incluir texto e vídeo (modelo Veo). Em outubro de 2024, o SynthID Text foi disponibilizado como código aberto. E em maio de 2025, o Google lançou o Detector SynthID unificado, um portal para verificar conteúdo em múltiplas modalidades (imagem, áudio, vídeo e texto).

Os usuários podem enviar uma imagem para o aplicativo Gemini e fazer a pergunta “Essa imagem foi criada por IA?”. O Gemini então analisará a presença do sinal do SynthID.

A limitação da ferramenta é que somente funciona para imagens criadas ou alteradas pelos modelos de inteligência artificial do Google, como Imagen, Lyria e Veo. Contudo, o programa poderá realizar a verificação identificando se há alguma marca d’água, logotipos ou nomes utilizados por plataformas de inteligência artificial.


Usuários do Reddit alegaram ter extraído a marca d’água “SynthID” (Foto: reprodução/X/@mark_k)


Recurso de imagem

O “Sobre esta imagem” está disponível na Busca de Imagens do Google e no Chrome. Para fazer a verificação, o usuário deve abrir o Google Imagens e clicar nos três pontos ao lado de uma imagem. Caso o faça pela página da web no Chrome, deve clicar com o botão direito do mouse sobre a imagem.

A ferramenta mostra quando o Google encontrou a imagem pela primeira vez, onde ela foi publicada online pela primeira vez e outros lugares onde apareceu. Este novo recurso também auxilia os usuários a verificar se a imagem é real e a encontrar sua origem.

Amazon anuncia aporte de US$ 50 bilhões para turbinar infraestrutura de IA do governo dos EUA

A Amazon vai colocar até US$ 50 bilhões em uma das maiores apostas já feitas em infraestrutura de inteligência artificial voltada ao setor público. O investimento, anunciado nessa segunda-feira (24), ampliará de forma agressiva a capacidade de computação do ecossistema AWS que atende mais de 11.000 agências governamentais nos Estados Unidos.

Infraestrutura tecnológica do governo dos EUA

Com início das obras previsto para 2026, o plano inclui a construção de novos data centers ultrasseguros, equipados com hardware de última geração para IA e HPC (computação de alta performance). O objetivo: adicionar 1,3 gigawatts às regiões AWS Top Secret, AWS Secret e AWS GovCloud, ambientes estruturados conforme camadas crescentes de sensibilidade dos dados.

Para ter dimensão do salto: 1 GW abastece cerca de 750 mil residências. Em termos de nuvem, isso se traduz em musculatura bruta para treinar modelos avançados, executar workloads militares e impulsionar aplicações críticas do governo.

A ofensiva da Amazon ocorre em meio à corrida bilionária por infraestrutura de IA  com OpenAI, Alphabet e outras gigantes da tecnologia disputando capacidade computacional como quem disputa oxigênio em câmara fechada. “Este investimento elimina barreiras tecnológicas que têm impedido o governo de avançar”, afirmou Matt Garman, CEO da AWS. O cronograma detalhado dos gastos não foi divulgado.


Investimento ampliará capacidade de tecnologia de agências governamentais nos EUA (Foto: reprodução/Aerial Footage/Getty Images Embed)


IA no setor público

Com o aporte, órgãos federais ganham acesso ampliado ao stack completo de IA da AWS:

  • Amazon SageMaker para treinamento e customização de modelos;
  • Amazon Bedrock para implantação de modelos e agentes;
  • Modelos proprietários como Amazon Nova e parceiros como Anthropic Claude.

O movimento reforça a estratégia de Washington de reduzir custos, acelerar o desenvolvimento de soluções proprietárias e, claro, não perder terreno para a China na disputa pela liderança global em IA.

Impacto estratégico

O anúncio reforça o movimento de consolidação da Amazon como fornecedora central da nuvem governamental norte-americana, um mercado de alto risco político, mas também de margens robustas. A expansão sugere que os EUA visam garantir capacidade própria de IA sem depender de infraestrutura comercial compartilhada, uma tendência que deve pressionar concorrentes e acelerar novos investimentos em nuvens soberanas.

A Casa Branca ainda não comentou o anúncio.

Porsche Cup Brasil faz parceria com Microsoft para o uso de IA avançada

No último sábado (22) ocorreu o final da temporada de 2025 da Porsche Cup Brasil no Autódromo de Interlagos, na Cidade Dutra, São Paulo e durante o evento, uma parceria recém conquistada chegou para inovar a disputa: a inteligência artificial comandada pela Microsoft. Feito para transformar o grande volume de dados gerados pelos carros em decisões estratégicas, o acordo com a produtora de softwares veio para ampliar em até 40% a eficiência durante as corridas.

Resumos, curiosidades e gravações da temporada completa podem ser encontradas no Youtube oficial da Porsche Cup Brasil.

Estratégias tecnológicas

Com uma solução desenvolvida pela Kumulus, uma provedora latina de serviços tecnológicos e pelos produtos focados em mobilidade urbana da IturanMob, a Porsche Cup Brasil tenta otimizar a leitura de dados de performance dos carros com a análise de telemetria em nuvem, dando suporte à tomada de decisão das equipes em tempo real. O sistema estratégico acontece desde 2023 e agora em uma nova fase junto a Microsoft, o ecossistema Microsoft Azure AI Foundry será utilizado durante o evento.


Porsche Cup se une à Microsoft para telemetria de dados (Vídeo: reprodução/Youtube/@MicrosoftBrasil1)


Em um comunicado sobre a parceria, Priscyla Laham, Presidente da Microsoft Brasil contou que participar da tecnologia nas corridas é um ótimo exemplo para reforçar a visão estratégica da Microsoft, aplicando inteligência artificial não para substituir, mas para ampliar a capacidade humana. “Por meio da tecnologia, estamos construindo um ecossistema que conecta eficiência, insights e experiência para elevar a competitividade e manter a emoção durante a Porsche Cup Brasil como protagonista” afirmou ela.

Próximos passos

As ferramentas não param apenas nas análises de telemetria e os próximos passos incluem análises preditivas, alertas automáticos e chatbots inteligentes para auxiliar tanto as equipes quantos os pilotos. Para Thiago Iacopini, CEO da Kumulus, o papel da IA nas empresas é tirar o peso das rotinas humanas e devolver como estratégia. Com a nova tecnologia, mais tempo surge para o que realmente importa nas corridas, ter o carro pronto para voltar à pista.

Paulo Henrique Andrade, CEO da IturanMob, diz que a tecnologia tem sido determinante para ampliar o quão eficiente as operações e a precisão dos dados em todas as etapas da competição se formam. Na Porsche Cup Brasil, assim como em todas as corridas, cada milissegundo importa.

“No último ano, avançamos de forma significativa na estabilidade e precisão dos dados transmitidos em tempo real” explicou Paulo, contando que toda a equipe espera que na próxima temporada, mais dispositivos e recursos avançados sejam incorporados conectando e elevando a experiência das corridas tanto para os pilotos quanto para os espectadores.

Alta em ativos econômicos faz mercado entrar em alerta

A alta em ativos, como ouro, criptomoedas e até mesmo do preço de imóveis está causando um misto de otimismo e ceticismo no mercado. Se por um lado, os lucros destes investimentos estão em alta, por outro, a recessão é um medo constante. O receio do mercado é de que estas bolhas de ativos estourem a qualquer momento.

Segundo analistas, a recessão econômica ainda não aconteceu graças ao impulsionamento da inteligência artificial.

Entendendo as bolhas

O economista John Kenneth Galbraith, já falecido, analisou bolhas econômicas em suas obras clássicas, principalmente “A Grande Depressão de 1929” e “Uma Breve História da Euforia Financeira”. Ele argumentou que as bolhas são fenômenos recorrentes impulsionados pela psicologia humana, especulação desenfreada, dívida excessiva e a “memória financeira curta” do público.

As bolhas geralmente começam com uma nova ideia ou uma inovação financeira que captura a imaginação do público. Essas ideias são frequentemente ricas em possibilidades imaginativas, mas pobres em possibilidades realistas, permitindo que a especulação se alastre.

A especulação desenfreada é frequentemente sustentada por crédito facilmente disponível e altos níveis de negociação com margem. Essa alavancagem amplifica tanto a ascensão da bolha quanto o impacto do eventual colapso, à medida que os investidores enfrentam liquidações forçadas e chamadas de margem.

Galbraith cunhou ou popularizou o termo “desfalque”, referindo-se à quantidade de fraudes não descobertas que aumenta durante um período de expansão. Quando a bolha estoura, essas fraudes são expostas, acelerando ainda mais a recessão.


Investidores decidiram adquirir ouro em detrimento do papel-moeda (Foto: reprodução/Frame Studio/Getty Images Embed)


Ativos em alta

O Standard and Poor’s 500 (S&P 500) é um índice do mercado de ações que reúne as 500 maiores empresas do mundo listadas na NYSE e na Nasdaq, principais Bolsas de Valores dos Estados Unidos. O objetivo é representar as empresas líderes dos seus setores ao redor do mundo, além de servir como medida do desempenho médio do mercado de ações norte-americano.

O índice S&P 500 alcançou a marca de 6.700 pontos. Este valor dobrou praticamente em cinco anos. A alta é resultado da crescente de empresas do ramo de tecnologia que estão investindo pesado em inteligência artificial. Somente estas empresas representam 40% dessa fatia.

Por conta de questões geopolíticas, investidores estão receosos em investir em papel-moeda, o que impulsionou a compra de ouro. Nesta quinta-feira (13), o preço do ouro por onça troy hoje está US 4.213,00 (o equivalente a R$ 22.286,77). Uma Onça Troy corresponde a 31,104 gramas.

Até mesmo os preços dos imóveis foram afetados e estão em alta. O mercado imobiliário americano está emitindo sinais contraditórios: menos pessoas estão adquirindo imóveis, mas os preços permanecem teimosamente elevados.

O cerne da resiliência do mercado imobiliário não é o aumento da procura, mas a escassez de oferta. Após dois anos de taxas hipotecárias elevadas, não há compradores interessados. As taxas hipotecárias caíram para a faixa baixa de 6%, a mais baixa em cerca de um ano, mas a acessibilidade ainda é um grande obstáculo.

No início de 2025, os preços subiram 60% em todo o país desde 2019 e ainda aumentam a uma taxa de 3,9% ano a ano, segundo o Índice Nacional de Preços de Casas dos EUA da S&P CoreLogic Case-Shiller. Mesmo com as taxas abaixo dos máximos, o pagamento mensal de uma casa com preço médio continua fora do alcance de muitas famílias.

A revolução da Fórmula 1 e como a inteligência artificial virou essencial

Em um esporte onde frações de segundo fazem a diferença, a Fórmula 1 (F1) se reinventa silenciosamente, não apenas em termos de potência de motor ou aerodinâmica, mas principalmente através da inteligência artificial (IA) e do uso massivo de dados.

Os dados como novo combustível

Cada corrida gera uma verdadeira avalanche de informações. São milhares de dados coletados em tempo real sobre a telemetria dos carros, o desgaste dos pneus, a velocidade em cada volta e o histórico de desempenho dos pilotos e das equipes. Esses números, que antes exigiam longas horas de análise manual, hoje são processados instantaneamente por sistemas inteligentes.

Além disso, entram na equação dados considerados “menos importantes”, mas igualmente valiosos. Plataformas digitais e redes sociais fornecem informações sobre o engajamento dos fãs, suas reações durante as provas e perfis demográficos detalhados do público.

A união entre a técnica e o comportamental, permite que os modelos de inteligência artificial transformem um grande volume de informações em insights acionáveis, ou seja, em decisões práticas que impactam diretamente o desempenho nas pistas e a forma como as equipes se conectam com seus torcedores.

Parceria estratégica entre IBM e Ferrari

Segundo o diretor de IA e dados da IBM Brasil, Fabrício Lira, a empresa atua junto à Ferrari em quatro frentes importantes, sendo elas o engajamento de fãs, inteligência artificial aplicada, consultoria em tecnologia e infraestrutura. Essa parceria busca integrar inovação tecnológica tanto dentro quanto fora das pistas, ampliando a eficiência operacional da equipe e aprimorando a experiência do público.

Já nas pistas e durante as corridas os modelos desenvolvidos com apoio da IA ajudam a determinar os momento ideal e mais importantes para as paradas nos boxes, além de realizar a comparações de desempenho entre pilotos e definir estratégias de corrida mais precisas em segundos. Esses sistemas analisam dados em tempo real, durante as corridas e fornecem recomendações que podem alterar o rumo de uma prova em segundos.

Isso monstra que a inteligência artificial não está mais restrita só aos bastidores. Ela se tornou uma parte essencial da tomada de decisões, influenciando diretamente os resultados e tornando-se, de fato, o novo “engenheiro de pista” da Fórmula 1.

Algo que chama atenção é a mudança de que não é mais apenas “quem está no carro”, mas sim “quem está assistindo” que importa. Para Lira, “antes tínhamos um torcedor de fim de semana; agora temos um torcedor do ano inteiro”.

A IA ajuda a mapear perfis de fãs, se eles são jovens, mulheres, públicos conectados e a adequar experiências, criar pontes entre pista e comunidade. O resultado é fidelização, engajamento mais profundo e novas camadas de receita.

Impactos práticos nas corridas

Os modelos de inteligência artificial ajudam as equipes a prever o desgaste dos pneus, indicando o momento ideal para realizar as paradas e qual composto deve ser utilizado em cada fase da corrida. Essa previsão pretende reduzir a margem de erros e pode ser decisiva para o desempenho final dos pilotos.


IA nas corridas (Vídeo: reprodução/YouTube/@olharDigital)


Além disso, a tecnologia permite realizar comparativos detalhados de desempenho entre pilotos e entre voltas, possibilitando ajustes quase em tempo real. Essas análises ajudam a identificar padrões de pilotagem, eficiência em curvas e até o impacto das condições climáticas na performance do carro.

O cruzamento de dados da pista com o histórico de corridas e as condições ao vivo resulta em decisões mais estratégicas e informadas. Assim, o “novo engenheiro de pista” da Fórmula 1 é híbrido, uma combinação entre o raciocínio humano e a precisão da máquina, entre o conhecimento técnico e a inteligência dos algoritmos.

Desafios e considerações éticas

Apesar de todos esses avanços com a inteligência artificial, ainda tem muita coisa importante para se pensar. Uma delas é a questão da confidencialidade dos dados. As equipes de Fórmula 1 lidam com informações sigilosas e por isso protegem ao máximo suas informações. E com isso qualquer vazamento pode acabar entregando a suas estratégias e dar uma baita vantagem para os seus rivais.

Outro ponto é a dependência que a tecnologia pode proporcionar. Quanto mais as decisões passam a depender de sistemas automáticos, maior será o risco de dar algum problema durante as corridas. Pois um erro de cálculo ou uma falha nos sensores pode mudar completamente o resultado de uma corrida, ainda mais em um esporte que cada milésimo de segundo conta.

Também tem o desafio mais impactante para quem consome, o de manter a emoção do esporte. A Fórmula 1 sempre teve aquele toque de imprevisibilidade, o erro humano, o improviso e isso é parte que torna tudo tão empolgante. Se a IA assumir demais os controles, corre o risco de perder um pouco dessa magia, que encanta os fã.

E por fim vem a questão da inclusão digital. Já que a IA está transformando até a forma como o público acompanha as corridas, é importante garantir que todo mundo possa participar dessa nova era independente da idade, do acesso à tecnologia ou de onde viva.

Kim Kardashian diz que ChatGPT a fez errar em prova de direito

AeonEm uma entrevista bastante descontraída, a empresária e personalidade da mídia Kim Kardashian revelou que parte de seus estudos jurídicos tem sido marcada por uma parceria — digamos — conturbada: a inteligência artificial. Segundo ela, o uso da ferramenta de IA consequentemente resultou em reprovações em exames de direito, motivo pelo qual ela não hesita em culpá-la por seus resultados.

IA atrapalha

Kardashian contou que, ao se preparar para perguntas de provas, ela frequentemente recorre a um chatbot de IA — enviando fotos das questões para obter respostas. “Quando preciso saber a resposta para alguma pergunta, tiro uma foto. Isso já me fez reprovar em provas…”, afirmou ela.


Kim Kardashian em Evento (Foto; reprodução/Jamie McCarthy/Getty Images Embed)


O que era para ser uma ferramenta de estudo, segundo Kim, virou uma espécie de “frenemy” (amigo-inimigo):

Ela ainda brincou que chega a “gritar” com o robô quando percebe que o resultado foi negativo.

A revelação ocorre num momento em que Kardashian concluiu seu percurso de estudos jurídicos — sendo aprovada no programa de “leitura de lei” no estado da Califórnia, método alternativo à faculdade tradicional — e aguarda o resultado final para atuar formalmente como advogada.

Ela já havia enfrentado reprovações em exames iniciais (como o “baby bar”) antes de avançar em sua formação.

A declaração de Kardashian traz à tona alguns pontos interessantes:

A confiança depositada em ferramentas de inteligência artificial para estudos: apesar de eficientes em muitos casos, IAs ainda não são infalíveis, especialmente em contextos complexos como o direito.

A necessidade de vetorização humana – ou seja, o controle humano permanece essencial para interpretar, corrigir ou validar os resultados gerados por IA.

A abordagem bem-humorada da celebridade frente às dificuldades — ao admitir suas reprovações e dividir o processo de forma transparente, ela humaniza o caminho até a formação.

Por fim, o caso sugere uma reflexão sobre o papel das tecnologias de IA em contextos de alto nível de responsabilidade como o direito: as ferramentas podem auxiliar, mas não substituir o rigor, o estudo profundo e o pensamento crítico.

Debate aberto

Kim Kardashian, ao revelar que culpa a IA por suas reprovações em exames de direito, entrega mais do que uma curiosidade de celebridade: abre um diálogo sobre como as tecnologias de estudo estão sendo integradas (e por vezes são superadas) em processos de aprendizado tradicionais. Mesmo com todo o suporte tecnológico, a estrada até uma formação jurídica — ou qualquer outra de alto nível — segue com seus desafios, e talvez com a lição de que, por mais sofisticado que seja o assistente digital, o protagonismo ainda cabe ao estudante.

Ferramentas de Inteligência Artificial podem se prejudicar com conteúdos digitais

Diversos estudos envolvendo tipos de inteligência artificial vem surgindo nos últimos tempos e uma pesquisa recente, tenta refletir sobre a possibilidade das IAs sofrerem com “Brain Rot” ao serem treinadas com os mesmos conteúdos que os usuários consomem constantemente na internet.

O termo brain rot significa “apodrecimento cerebral” e é usado para explicar como o consumo incessante de conteúdo online afeta o cérebro humano, prejudicando seriamente a cognição humana: o foco, a memória, disciplina e até o discernimento social de alguém vai definhando pouco a pouco. Ano passado, a Oxford University Press chegou a eleger brain rot como “palavra do ano” com o crescimento dos obcecados por telas.

A tese sobre IAs deteriorando suas funções veio de pesquisadores da Texas A&M University em parceria com a Universidade Purdue de West Lafayette, Indiana. Os estudos começaram com a preocupação de que, se as ferramentas de IA “aprendem” com a mesma enxurrada de lixo digital que os humanos se viciam, como fica a construção lógica da programação dessas ferramentas?

Testando a hipótese

Obviamente, modelos de IA não conseguem pensar ou compreender, mas são desenvolvidos para seguir uma lógica e manter a coerência de acordo com suas funções específicas direto em seu código. Se expostos a conteúdos de baixa qualidade, o resultado traz prejuízos em contextos mais longos e principalmente mais complexos, criando “falhas de raciocínio” e inconsistências na resposta dada pela IA.

“Quando expostos a textos de baixa qualidade, os modelos não apenas soam piores, eles começam a pensar pior” Junyuan Hong e Atlas Wang, coautores do estudo, sobre a base do projeto.


Esboço de Hong e Wang (Foto: reprodução/GitHub/LLMs Can Get “Brain Rot”!)


Os pesquisadores testaram sua hipótese com um amontoado de dados “ruins” tirados da plataforma X, o antigo Twitter, com um grande arquivo cheio de publicações “caça-cliques”, comentários reciclados, postagens feitas para causar brigas e uma chuva de textos feitos por bots, os famosos algoritmos programados.

Treinando modelos com esse conteúdo (Llama 3, do Meta e Qwen LLm da Alibaba, ambos IAs de linguagem), houve um declínio cognitivo considerável, causando um impacto duradouro onde as ferramentas parecem fluentes, mas raciocinam de uma forma superficial e confusa.

Vozes sobre a pesquisa

Os resultados não surpreenderam pesquisadores da área, até os que não participaram do projeto. Ilia Shumailov, ex-cientista, afirmou que o brain rot das IAs estão alinhados com a literatura acadêmica sobre envenenamento de modelos, um termo que explica o que acontece quando agentes mal-intencionados manipulam dados de treinamento de IA, trazendo vulnerabilidades e o próprio fim dos modelos.

Gideon Futerman, um associado do Center for AI Safety, também comentou sobre o uso seguro da inteligência artificial e que a melhoria de dados no pré-treinamento delas pode garantir que os sistemas de IA sejam melhores com o tempo.

Higiene Cognitiva

Junyuan e Atlas apelidaram as avaliações de treinamento de IA como “higiene cognitiva” explicando que o futuro da segurança desses modelos depende da integridade dos dados que estão moldando cada ferramenta, ainda mais se até a primeira base delas, é gerada por uma IA.

Para eles, à medida que o conteúdo online fica cada vez mais sintético e focado apenas no engajamento, é um grande risco para os modelos da inteligência artificial herdarem distorções de raciocínio. Uma prévia da pesquisa “Hipótese do Apodrecimento Cerebral das LLMs” está disponível na plataforma arXiv e passa por uma revisão de pares atualmente.

Astrofotógrafo captura a “Galáxia do Coração” em imagem de alta resolução com IA

A tecnologia voltou seus olhos para o espaço  e o resultado é deslumbrante. O astrofotógrafo canadense Ronald Brecher capturou uma das imagens mais detalhadas já registradas da Nebulosa do Coração (IC 1805), localizada a cerca de 7.500 anos-luz da Terra, na constelação de Cassiopeia.

A fotografia, publicada em setembro de 2025, foi feita com um conjunto de equipamentos de ponta, combinando sensores de altíssima sensibilidade, longa exposição e algoritmos de correção de ruído impulsionados por inteligência artificial.

A nebulosa, uma imensa nuvem de gás e poeira com mais de 300 anos-luz de diâmetro, é uma das regiões mais estudadas da Via Láctea por abrigar um verdadeiro berçário estelar. Localizada no Braço de Perseu, ela é vizinha das nebulosas da Alma (IC 1848) e Cabeça de Peixe (IC 1795).

Como a imagem foi capturada

Para o registro, Brecher utilizou uma câmera astronômica QHY367C Pro, acoplada a um telescópio Sky-Watcher Esprit 70 EDX, com exposição total de 40 horas contínuas. O uso de sensores digitais e softwares de correção espectral permitiu realçar tons invisíveis ao olho humano, criando uma composição em cores Hubble e Foraxx — técnicas que separam os gases cósmicos por frequência luminosa.

“Foi um conjunto de dados divertido e desafiador de processar”, explicou Brecher em seu blog oficial. Segundo ele, esta foi a primeira vez que conseguiu capturar toda a extensão da Nebulosa do Coração em paleta de banda estreita, um formato que utiliza filtros específicos para destacar o brilho do hidrogênio e do oxigênio presentes no espaço interestelar.

Um laboratório natural para o nascimento de estrelas

A IC 1805, também chamada de Sh2-190, é um dos melhores exemplos de como o avanço da tecnologia ajuda a compreender fenômenos cósmicos. A imagem mostra com precisão a estrutura de gás ionizado onde novas estrelas estão sendo formadas. O registro de Brecher oferece dados valiosos para estudos sobre a composição química da região e a interação entre radiação estelar e matéria cósmica.


Embed from Getty Images

Tecnologia poderá auxiliar cientistas nos estudos de fenômenos cósmicos (Foto:reprodução/Lothar Knopp/ Getty Images Embed)

Para entusiastas e astrônomos amadores, a boa notícia é que observar a Nebulosa do Coração não exige equipamentos da NASA. Com telescópios médios e câmeras de longa exposição, é possível localizá-la a cinco graus da estrela Segin, no norte celeste.

Fotografia astronômica impulsionada por IA

O uso de inteligência artificial tem revolucionado a astrofotografia. Softwares de pós-processamento como o PixInsight e o Topaz Denoise AI permitem reduzir ruídos e otimizar contraste de forma automática, revelando estruturas antes imperceptíveis. Especialistas apontam que, com o avanço desses sistemas, será possível combinar dados ópticos e de rádio em tempo real, criando imagens ainda mais precisas do cosmos.

A foto de Brecher, que rapidamente viralizou em comunidades científicas e fóruns tecnológicos, reforça como a fusão entre ciência, arte e tecnologia digital está expandindo os limites da observação astronômica.

Famosos pedem proibição de desenvolvimento de IA superinteligente

Um manifesto idealizado pela organização Future of Life Institute pede a proibição do desenvolvimento de inteligência artificial superinteligente. O abaixo-assinado exige que a ferramenta não seja levada ao público “antes que haja um amplo consenso científico de que isso será feito de forma segura e controlada, e uma forte adesão pública”.

O documento foi assinado por diversas figuras públicas, como o Duque e a Duquesa de Sussex – Príncipe Harry e Meghan Markle – o co-fundador da Apple, Steve Wozniak, o bilionário britânico Richard Branson, o ex-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Mike Mullen e Susan Rice, ex-conselheira de segurança nacional de Obama.

Contudo, o que surpreendeu a todos foi a assinatura de Steve Bannon e Glenn Beck, duas personalidades que representam a direita americana. Bannon foi assessor e estrategista-chefe da Casa Branca na primeira gestão de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Conteúdo do manifesto

Ao contrário de outros documentos que apresentam argumentos embasados e com análises críticas, o manifesto escrito pelo Future of Life Institute possui somente 30 palavras.

“Apelamos a uma proibição do desenvolvimento da superinteligência, que não será levantada antes que haja um amplo consenso científico de que isso será feito de forma segura e controlada, e uma forte adesão pública”

Em uma espécie de prefácio, os idealizadores do documento alegam que “muitas empresas líderes de IA têm o objetivo declarado de construir superinteligência na próxima década que possa superar significativamente todos os seres humanos em essencialmente todas as tarefas cognitivas”. Porém, não apresentam nenhuma prova ou indício que ateste o registro.


Parte dos nomes de quem assinou o manifesto (Foto: reprodução/Instagram/@futureoflifeinstitute)

Quem assinou

A carta é direcionada a grandes conglomerados da tecnologia como Google, OpenAI e Meta Platforms. A lista dos que assinaram é extensa e diversificada e conta com mais de 800 nomes.

Como comentário pessoal, o Príncipe Harry acrescentou que o desenvolvimento da inteligência artificial deve estar voltado para o benefício da humanidade, e não para substituí-la. Segundo ele, o verdadeiro indicador de progresso não está na velocidade das inovações, mas na capacidade de conduzi-las com sabedoria — uma oportunidade que não se repete.

Stuart Russell, pioneiro da inteligência artificial ​​e professor de ciência da computação na Universidade da Califórnia, Berkeley, também assinou o manifesto. Ele ressaltou que “É simplesmente uma proposta para exigir medidas de segurança adequadas para uma tecnologia que tem uma chance significativa de causar a extinção humana.”

Yoshua Bengio e Geoffrey Hinton, co-vencedores do Turing Award, o principal prêmio da ciência da computação, uniram seus nomes à lista. Ambos, pioneiros em inteligência artificial, com Stuart Russell.

Personalidades da política também se uniram ao manifesto. A ex-presidente irlandesa Mary Robinson e vários parlamentares britânicos e europeus e ex-membros do Congresso dos Estados Unidos assinaram.

Dos nomes que assinaram a petição, um deles chamou a atenção. Steve Bannon, ex-assessor e ex-estrategista-chefe da Casa Branca no primeiro mandato de Donald Trump.


Anthony Aguirre, diretor-executivo do Future of Life Institute (Foto: reprodução/Instagram/@futureoflifeinstitute)

O instituto

O Future of Life Institute é uma organização se fins lucrativos cujo diretor-executivo é Anthony Aguirre, físico da Universidade da Califórnia. O grupo trabalha com riscos de larga escala, como armas nucleares, biotecnologia e inteligência artificial. Atualmente, seu maior doador é Vitalik Buterin, co-fundador da blockchain Ethereum.

Aguirre quer forçar uma conversa que inclua não apenas grandes empresas de inteligência artificial, mas também políticos nos Estados Unidos, na China e em outros lugares. Ele alega que as visões pró-indústria do governo Trump sobre inteligência artificial precisam de equilíbrio.

Brasil está entre fascínio e receio com a IA

Uma recente pesquisa realizada pela Hibou, em parceria com a Indico, mostra que o brasileiro está cada vez mais familiarizado com a IA, mas também está mais atento aos riscos. Segundo o levantamento, 65,3% dos consumidores declararam já ter utilizado algum recurso de IA.

Por outro lado, 95,5% acreditam que as empresas precisam impor limites éticos e sociais ao uso da IA, mesmo que isso reduza eficiência ou lucro. O estudo foi realizado nos dias 28 e 29 de setembro de 2025, com 1.230 pessoas de diferentes regiões do Brasil.

Perfil divergente por faixa etária e preocupação

A adoção da tecnologia e o nível de conforto com ela variam bastante segundo a idade. Entre brasileiros de até 44 anos, 80,1% já utilizaram ferramentas de IA. Já para aqueles com mais de 45 anos, o índice cai para 45,4%. Esse contraste revela dois mundos divergentes, de um lado as gerações mais jovens que abraçam mais facilmente a automação e as novas interfaces; de outro, pessoas mais maduras que ainda resistem ou demoram a aceitar as transformações digitais.

Quando questionados sobre quais valores deveriam ser respeitados pelas empresas que usam IA, 55% dos entrevistados apontaram a privacidade de dados como o mais importante. Na sequência vêm a transparência (21,4%) e os direitos do consumidor (10,3%). Apesar da forte demanda por ética, apenas 45,3% acreditam que as empresas fazem uso ético das informações pessoais, enquanto 17,6% avaliam o uso como “nada ético”. A percepção negativa é mais intensa entre os mais velhos.

Aonde a IA já marca presença no consumo

A pesquisa também investigou como a inteligência artificial aparece na experiência de consumo dos brasileiros. Segundo o levantamento, 62% dos participantes disseram já perceber a presença da Inteligência Artificial em seus hábitos diários. Essa percepção se manifesta, principalmente, em interações automatizadas com marcas e serviços. Entre os impactos mais citados estão o uso de chatbots para atendimento (30,1%), recomendações de produtos e serviços (21,5%) e ofertas personalizadas (19,7%). Esses dados revelam que a tecnologia vem se integrando de forma silenciosa, porém constante, às rotinas de consumo da população.

Por outro lado, quase 30% dos entrevistados afirmam não perceberam a influência da IA em seu dia a dia, índice que sobe para 40,9% entre pessoas mais velhas, o que reforça a diferença geracional no reconhecimento e na adoção dessas ferramentas.

Além disso, embora a IA seja bem recebida em alguns segmentos, como o de transporte (52%), ainda há forte preferência pelo atendimento humano em áreas consideradas mais sensíveis com saúde (76,9%), atendimento ao cliente (63%) e educação (60,1%). Esses números indicam que, embora a automação já faça parte do cotidiano, os consumidores brasileiros estabelecem limites claros sobre onde a tecnologia deve, ou não, substituir a interação humana.

O principal dilema: eficiência vs. confiança

De acordo com Christiano Ranoya, CEO da Indico, a inteligência artificial tende a redefinir profundamente a forma como marcas e consumidores se relacionam, transformando a experiência de compra e atendimento. No entanto, ele destaca que o público brasileiro já demonstrou ter uma postura crítica diante dessa evolução, pois a eficiência tecnológica, por si só, não é suficiente para conquistar a confiança do consumidor. Para Ranoya, ética e transparência são fatores indispensáveis, sem eles a automação pode até agilizar processos, mas não será capaz de gerar fidelidade nem credibilidade duradoura.


Camila Veras Mota (Vídeo: reprodução/YouTube/BBC News Brasil)

Em resumo, o usuário quer a comodidade que a IA fornece, mas não à custa de seu direito à privacidade ou de ver suas informações pessoais exploradas sem controle. Essa tensão entre benefício e risco será um dos grandes desafios para empresas e reguladores nos próximos anos.

Por que isso importa

Paras as empresas é sobre entender que essa postura dual do consumidor é essencial. Pois investir em IA já não é mais “se”, mas “como” e parte dessa “como” passa por definir políticas de uso de dados, transparência e proteção da privacidade. Para os reguladores, a pesquisa mostra que a sociedade está exigindo limites éticos para IA. Isso pode impulsionar legislação mais rigorosa ou diretrizes específicas para a tecnologia com foco em proteção de dados pessoais. Já para os consumidores, isso evidencia a importância de estar consciente de como seus dados são usados, e de exigir clareza das empresas. A “caixa-preta” dos algoritmos já não parece ser aceitável para a maioria.

O que observar daqui para frente

Um dos principais desafios que se impõe é como as empresas irão traduzir as expectativas dos consumidores em práticas concretas, especialmente no que diz respeito a contratos, políticas de uso de dados e formas de comunicação. A transparência sobre como as informações pessoais são coletadas e utilizadas deve deixar de ser um detalhe técnico para se tornar um pilar central da relação entre marcas e público.

Outro ponto relevante é a diferença geracional na adoção da IA. Se a tecnologia continuar crescendo mais rapidamente entre os jovens, enquanto os mais velhos permanecem mais cautelosos, essa divisão poderá influenciar diretamente como as marcas se posicionam no mercado brasileiro. Empresas voltadas a públicos mais jovens tenderão a investir em soluções automatizadas e experiências digitais mais imersivas, enquanto aquelas que lidam com consumidores mais maduros precisarão equilibrar inovação e atendimento humano.

Também há uma discussão cada vez mais urgente sobre o impacto regulatório. No Brasil, temas como privacidade, proteção de dados e governança da IA ganham destaque, impulsionados pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O avanço da tecnologia deve vir acompanhado de regras mais claras e mecanismos de fiscalização mais eficazes, garantindo segurança jurídica tanto para empresas quanto para cidadãos.

Nesse cenário, o papel da educação digital será essencial. É preciso capacitar o usuário para compreender os riscos, direitos e consentimentos envolvidos no uso da IA, além de orientá-lo sobre como gerir suas próprias informações pessoais. Um público mais informado é também um público mais protegido e exigente.

Por fim, a evolução da própria IA deve caminhar rumo a sistemas com mecanismos de explicabilidade, responsabilidade e auditoria. Em outras palavras, o futuro da tecnologia depende não apenas de algoritmos capazes de executar tarefas com eficiência, mas também de algoritmos que mostrem como e por que fazem o que fazem, fortalecendo a confiança e a ética no uso da inteligência artificial.