Presidente da Ucrânia fala sobre dilema do país em relação aos Estados Unidos

Em um vídeo publicado nesta sexta-feira (21), o presidente Volodymyr Zelensky discursou a respeito do dilema em que a Ucrânia acabou entrando, declarando que o país “vive um dos momentos mais difíceis da sua história”, a respeito de escolher entre perder a dignidade ou perder um apoio extremamente importante na guerra contra a Rússia, os Estados Unidos, governado pelo presidente Donald Trump.

Falas do Zelensky

O presidente da Ucrânia relata que Kiev está trabalhando com calma com os EUA e com outros aliados para analisar o plano de paz proposto pelo próprio país americano para encerrar a guerra e prometeu trabalhar de um jeito construtivo, porém, ao mesmo tempo, é pressionado por Trump para que lhe traga uma resposta até quinta-feira que vem (27), reforçando o discurso sobre o dilema e momento difícil para a Ucrânia. Ele também disse que apresentará argumentos, persuadirá e oferecerá alternativas, negando que a Ucrânia esteja sabotando o processo de paz. Para ele, é possível negociar sem trair os valores nacionais nem sacrificar a autonomia do país. Foi revelado também que Zelensky havia falado por telefone com o vice-presidente dos Estados Unidos ainda hoje (21), mas nada foi detalhado por enquanto.


Discurso do Zelensky (Vídeo: reprodução/YouTube/


Sobre o plano de paz

O plano de paz proposto por Donald Trump inclui muitas exigências, como a concessão territorial por parte da Ucrânia, garantias de segurança limitadas a Kiev e prevê que o próprio cederia as regiões de Donetsk e Luhansk à Rússia, sendo assim, reconhecidas como regiões russas e isso é o que traz a dificuldade para Zelensky. Não houve ainda uma manifestação de Putin a respeito do plano.


Notícia sobre o plano de paz dado a Zelensky (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)


Apelo do presidente

Zelensky também convocou seus compatriotas à unidade. Ele pediu que políticos e cidadãos deixem de lado disputas internas para enfrentar coletivamente o desafio. “Precisamos nos unir, parar os confrontos, trabalhar como um só povo”, afirmou. Ele destacou que o parlamento e o governo ucraniano devem atuar com eficiência durante este momento delicado.

Além disso, o presidente ucraniano fez um apelo à comunidade internacional, afirmando que o apoio externo é essencial, mas não pode vir a qualquer custo. Ele afirmou que a Ucrânia não aceitará um acordo que comprometa sua dignidade. Zelensky concluiu reforçando sua disposição para negociar, mas reafirmou que nunca colocará o futuro do país acima dos valores que, para ele, são inegociáveis.

Ucrânia teve mais de mil mortos por bombas de fragmentação durante a guerra

Desde o começo da invasão, em fevereiro de 2022, armas chamadas “bombas de fragmentação” atingem áreas civis na Ucrânia. Essas armas dispersam mini explosivos por grandes áreas, muitas vezes não explodindo no impacto inicial, mas permanecendo como munições perigosas. Até o momento, mais de 1.200 pessoas, entre mortos e feridos, foram afetadas por esse tipo de armamento.

ONG ressalta

Foi ressaltado pela ONG, o extenso uso das bombas militares da Rússia desde o primeiro dia. Foi destacado também que a Ucrânia é o país com a maior quantidade de vítimas por bombas de fragmentação registradas a cada ano desde o começo da guerra, um exemplo de 2024, onde o país obteve quase 200 vítimas em todo o mundo. A maioria foi em 2022.

Ameaça prolongada para civis

O risco vai além do momento dos ataques: ao permanecerem no solo, parte dessas submunições não detonadas funciona como minas terrestres. Moradores de regiões rurais ou áreas recentemente recapturadas enfrentam ferimentos sérios muito tempo depois dos combates. Crianças, agricultores e famílias deslocadas estão entre os mais vulneráveis.


Uma das explosões na Ucrânia (Foto: reprodução/Libkos/Getty Images Embed)

Proliferação mesmo entre as partes em conflito

Tanto forças russas quanto ucranianas têm sido acusadas de empregar esse tipo de armamento. A facilidade de uso e o alcance das munições permitem que sejam lançadas do ar ou disparadas de artilharia. Porém, o custo humano é elevado, especialmente em comunidades sem infraestrutura para descontaminação, sem ambulância rápida ou retaguarda médica adequada.

Escassez de proteção internacional clara

Apesar de tratados internacionais proibirem ou restringirem o uso de armas de fragmentação, a Ucrânia e a Rússia não aderiram plenamente a algumas dessas convenções, o que complica a responsabilização. A dificuldade em documentar todos os casos — devido a acessos limitados, combates em curso e infraestrutura destruída — significa que os números oficiais são provavelmente inferiores ao real.

Trump recebe os líderes europeus na Casa Branca

Em uma declaração democrática e estratégica, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que seria uma “grande honra” encontrar os líderes europeus na Casa Branca, em encontro multilateral crítico promovido em meio à escalada da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Um encontro incomum em meio à crise

A reunião, descrita por analistas como um “encontro de crise em tempo de guerra”, reuniu uma série de autoridades europeias, entre elas o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o presidente francês Emmanuel Macron, a chanceler alemã Ursula von der Leyen, o chanceler alemão Friedrich Merz, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o presidente do Conselho Europeu Mark Rutte.

Antes desse encontro Trump havia mantido uma reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. O evento foi marcado por tensões diplomáticas, especialmente após Trump indicar apoio a acordos de paz potencialmente polêmicos envolvendo perdas de parte do território da Ucrânia.

Linhas de segurança e convites ao diálogo

Apesar das divergências, o encontro em Washington gerou avanços perceptíveis, com os líderes europeus defendendo firmemente as garantias de segurança para a Ucrânia similares às do artigo 5 da OTAN, fortalecendo a ideia da Europa disposta a armar Kiev e manter a pressão sobre Moscou.


Acordo entre os lideres para apoiar a Ucrânia (Foto: reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)

Além disso, o primeiro-ministro Keir Starmer anunciou dois resultados importantes da reunião, como a abertura de negociações entre Zelensky e Putin e o alinhamento dos Estados Unidos para garantir a segurança da Ucrânia.

Cenário político após a reunião

A atmosfera política pós-encontro foi marcada por diversos tons. Starmer descreveu o diálogo como “bom e construtivo”, ainda que as perspectivas de um cessar-fogo imediato pareçam distantes . Já Zelensky, mais contundente, denunciou os recentes ataques russos contra civis como “cínicos e demonstrativos”, buscando enfatizar a urgência de ação coletiva frente à agressão em curso.

Por outro lado, movimentos diplomáticos pouco comuns chamaram atenção. Como Trump que chegou a não receber pessoalmente os líderes europeus, optando por delegar esse papel à ex-estrela da Fox News Monica Crowley, hoje chefe de protocolo.

Como tudo, o encontro na Casa Branca transcende o protocolo, tornando-se um palco de negociações, pressões e projeções de interesse americano na segurança europeia. Na frase de Trump, “ser uma grande honra”, há tanto um gesto de cortesia quanto uma tentativa de reafirmar parcerias estratégicas e remodelar o papel dos EUA nas crises globais.

Se inicia reunião de Trump com Zelensky e líderes europeus

A reunião multilateral na Casa Branca, em Washington, entre sete líderes europeus e os presidentes dos Estados Unidos e Ucrânia, Donald Trump e Volodymyr Zelensky, respectivamente, já se iniciou nesta segunda-feira (18).

Conforme a agenda divulgada no dia anterior pela Casa Branca, o presidente americano iniciou às 13h15 no horário local (14h15 em Brasília) a reunião bilateral com Zelensky, no Salão Oval da Casa Branca. Já a reunião com outros líderes europeus, incluindo Zelensky, se iniciou às 15h (16h em Brasília).

Os participantes

Em apoio a Zelensky, estarão presentes Emmanuel Macron, presidente da França, Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Mark Rutte, secretário-geral da Otan, Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália e Alexander Stubb, presidente da Finlândia.


Lideres europeus chegam para encontro com Donald Trump (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN Brasil)

Pós-reunião com Putin

O encontro de hoje acontece após 3 dias da reunião de Trump com Vladimir Putin, presidente da Rússia, no estado do Alasca. O presidente americano ainda pretende realizar uma terceira reunião com a presença tanto de Putin, quanto de Zelensky, visando obter um cessar-fogo em definitivo.

O que está em jogo hoje

A discussão sobre o cedimento de território proposto por Putin, está em alta, e tem ganhado incentivo positivo de outros líderes internacionais, inclusive Donald Trump, e se aguarda uma conclusão definitiva hoje, já que no último domingo (17/08), após uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen em Bruxelas, Zelensky admitiu pela primeira vez que pode ceder parte do território à Rússia para chegar a um acordo pelo fim da guerra.

“Precisamos de negociações reais, o que significa que elas podem começar onde a linha de frente está agora”, afirmou Zelensky.

Atualmente a Rússia ocupa cerca de 20% do território ucraniano no leste e sul do país.