Ouro valoriza diante de expectativas sobre política monetária nos EUA

O contrato do ouro registrou valorização na última sexta-feira (19), após uma semana marcada por volatilidade, em meio às projeções de continuidade da flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed), ainda que em ritmo moderado diante da capacidade de adaptação do mercado de trabalho nos Estados Unidos.

Movimento sob pressão

Na Comex, braço de metais da Bolsa de Nova York (Nymex), o ouro para entrega no mês de dezembro avançou 0,75%, encerrando o dia cotado a US$ 3.705,8 por onça-troy. O movimento ocorreu mesmo diante da valorização do dólar frente às principais moedas, fator que costuma pressionar os preços do metal e de outras commodities denominadas em dólar, em razão da correlação negativa entre câmbio e insumos cotados na moeda americana.

Mesmo com alta, os futuros de ouro ainda ficaram abaixo do recorde de US$ 3.724,9, alcançado na última segunda-feira (15). Durante a sessão desta sexta, a máxima dentro de 24 horas foi de US$ 3.709,5.


Dólar americano, símbolo da política monetária dos EUA (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Expectativas sobre política monetária

As negociações continuam a refletir expectativas em relação ao rumo da política monetária. Analistas do ANZ observaram que, embora a sinalização do Fed após a reunião de setembro tenha sido menos favorável do que as expectativas do mercado, permanece a perspectiva de continuidade do ciclo de cortes de juros, o que tende a dar suporte ao preço do metal.

Rompendo o período de silêncio da instituição, dirigentes do Banco Central norte-americano voltaram a se manifestar. Stephen Miran afirmou à CNBC que não vê risco de instabilidade caso o Fed promova cortes de 50 pontos-base, classificando o ritmo como equilibrado. Já Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, reiterou total apoio ao corte realizado nesta semana e defendeu mais duas reduções da mesma magnitude até o final do ano.

Diante do desempenho da última sexta-feira, o contrato do ouro acumulou ganho semanal de 0,52%, registrando alta pela quinta consecutiva. As informações foram veiculadas pela Dow Jones Newswires.

Diretora do Fed processa Trump por tentativa de demissão

Em um confronto sem precedentes com implicações profundas para a autonomia do banco central americano, a governadora do Federal Reserve, Lisa Cook, recorreu à Justiça para contestar sua demissão, que foi uma tentativa promovida por Donald Trump.

Contexto e Alegações

Lisa Cook, que assumiu como governadora do Fed após confirmação apertada no Senado em maio de 2022, é a primeira mulher negra a ocupar essa posição. Sua cadeira permanece vaga até 2038.

Mas em 25 de agosto de 2025, Trump anunciou sua demissão alegando “má conduta e criminalidade financeira” relacionada a supostas falsificações em documentos hipotecários anteriores à sua indicação para o Fed. A ação causa forte repercussão, pois o Federal Reserve Act exige “causa justificada” para remover um governante e, até então, nunca havia sido feita.


Demissão de Lisa Cook (Vídeo: reprodução/Youtube/Uol)

A governadora assegura que Trump não tem autoridade legal para demiti-la sem motivo legalmente válido. O advogado Abbe Lowell, que a representa, classificou a ação como ilegal e sem fundamentos plausíveis.

Processo Judicial e Impacto Político

No dia 28 de agosto, Cook entrou com um processo formal contra Donald Trump, o Board of Governors do Fed e Jerome Powell, buscando uma liminar que garantisse sua permanência no cargo . O caso, intitulado Cook v. Trump, tramita na Corte Distrital de Washington, D.C., sob a relatoria da juíza Jia M. Cobb.

Especialistas alertam que uma eventual vitória de Trump pode enfraquecer severamente a independência do Fed, abrindo precedente para controle político direto sobre decisões de política monetária, adoção de juros, combate à inflação, entre outras.

A Transferência Criminal e Processos Futuros

Além da disputa judicial, Bill Pulte, diretor da FHFA (Federal Housing Finance Agency) nomeado por Trump, encaminhou ao Departamento de Justiça uma segunda referência criminal contra Cook. Ele acusa a governadora de promover declarações falsas em documentos hipotecários, ao apresentar imóveis como residência principal quando, segundo ele, eram alugados. O teor dessa acusação insinua possíveis benefícios financeiros indevidos por meio de taxas hipotecárias reduzidas.

Já a defesa de Cook justifica que se tratou de um erro de digitação, um “erro administrativo”, além de reforçar que as alegações precedem sua nomeação, já estavam expostas durante sua confirmação no Senado.

A Lisa Cook tem uma trajetória associada à promoção da equidade econômica, com trabalhos acadêmicos renomados que analisam disparidades raciais e fatores socioeconômicos. Seu embate legal não apenas desafia a autoridade presidencial, mas também simboliza a defesa de uma instituição que há mais de um século busca atuar longe de pressões políticas imediatistas. O caso por sua vez ainda pode alcançar a Suprema Corte, com efeitos duradouros no equilíbrio entre Poder Executivo e autonomia do banco central.

Trump anuncia demissão de diretora do Fed; Cook diz que presidente não tem autoridade legal

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (25) a demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve, alegando conduta irregular em assuntos financeiros como justificativa para a medida.

Cook respondeu afirmando que Trump não possui autoridade legal para retirá-la do cargo, que seu mandato vai até 2038 e que não pretende renunciar, indicando que pretende recorrer judicialmente para permanecer na posição. A ação gerou repercussão imediata nos meios políticos e jurídicos, por se tratar de uma tentativa inédita de remover um diretor do Fed antes do fim de seu mandato previsto por lei.

Lisa Cook é economista formada pela Spelman College e pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Antes de integrar o Federal Reserve, atuou como professora na Michigan State University e como conselheira econômica na administração Obama. Ela se tornou a primeira mulher negra a ocupar um cargo na cúpula do Fed, além de defender a inclusão de mulheres negras na economia por meio de programas de mentoria e iniciativas de diversidade na American Economic Association.


Lisa Cook (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Independência do Fed

A disputa sobre a demissão se concentra na independência do Federal Reserve. Especialistas indicam que os governadores do Fed só podem ser demitidos “por justa causa”, conceito ainda não totalmente definido legalmente, e que a ação de Trump pode provocar um litígio na Justiça.

A equipe de Cook, por meio de seu advogado Abbe Lowell, informou que tomará todas as medidas legais para impedir a demissão, alegando que a iniciativa não segue o devido processo.

A questão da autoridade legal e da independência do Fed se tornou o foco central do debate. Cook foi nomeada para o cargo com mandato definido até 2038, e a legislação do Fed limita a possibilidade de remoção sem causa justificada. A medida anunciada por Trump levantou dúvidas sobre os critérios legais para demissão e o impacto sobre a autonomia da instituição na condução da política monetária.

Impactos no mercado

A reação política e do mercado também foi imediata. Parlamentares democratas, como Elizabeth Warren e Hakeem Jeffries, criticaram publicamente a tentativa de remoção. Nos mercados financeiros, os rendimentos de títulos públicos subiram e Wall Street abriu em queda, refletindo a apreensão sobre os efeitos da intervenção na liderança do Fed.

Diretora do Federal Reserve é acusada de cometer fraude hipotecária

O Diretor de Habitação Federal dos Estados Unidos, Bill Pulte, acusa a diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, de cometer fraude hipotecária. Segundo Pulte, Cook possui duas hipotecas supostamente reivindicadas como ocupação principal.

Ela teria falsificado documentos bancários e registros de propriedade para obter condições de empréstimo mais favoráveis. Pulte solicitou uma investigação para a Procuradora-Geral, Pamela Jo Bondi. Após denúncia de Bill Pulte, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu em seu perfil no Truth Social que “Cook deve renunciar, agora!!!”

Denúncia

O diretor de habitação postou em seu perfil na rede social X que Lisa Cook atestou que sua casa, em Michigan era sua residência principal. Isso ocorreu em 18 de junho de 2021. Contudo, em 2 de julho do mesmo ano, ela teria assinado documentos de uma hipoteca de uma casa em Atlanta e alegou que esta era sua casa principal. Lisa teria realizado a fraude visando garantir condições favoráveis ​​de empréstimo.

Pulte também alegou que Cook anunciou seu apartamento em Atlanta, Geórgia, para alugar. Hipotecas para casas usadas como residências principais normalmente têm taxas de juros mais baixas do que imóveis comprados para aluguel. A denúncia foi feita mediante uma carta enviada por Pulte ao Departamento de Justiça no dia 15 de agosto de 2025. O diretor de habitação também publicou em seu perfil os documentos com as assinaturas de Cook.

O responsável do Departamento de Justiça, Ed Martin, planeja investigar Lisa e recomendou que o presidente do Fed, Jerome Powell, destitua-a do cargo no banco central americano. Além disso, Martin disse que seu trabalho de investigação é apartidário: “Se for um republicano cometendo fraude hipotecária, vamos investigar. Se for um democrata, vamos investigar”, disse ele. Em virtude da denúncia contra Lisa, Donald Trump passou a cobrar a renúncia de seu cargo no Fed.


Lisa Cook, no dia de sua nomeação (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Respostas de Cook

Lisa Cook respondeu às acusações de fraude e disse que não pretende renunciar: “Não tenho intenção de ser pressionada a renunciar ao meu cargo por causa de algumas perguntas levantadas em um tweet”. Ela alegou ter tomado conhecimento da investigação por meio da mídia que está cobrindo o caso.

Ela foi nomeada para o conselho administrativo do Fed pelo ex-presidente democrata Joe Biden em 2022 e reconduzida no ano seguinte para um mandato que encerra em 2038. E ela não poderá ser destituída do cargo, exceto se renunciar.


Denúncia de Bill Pulte encaminhada ao Departamento de Justiça (Foto: reprodução/X/@pulte)

Indicação de Trump

A denúncia surge em um período em que o presidente republicano necessita de apoio dentro do Fed para baixar a taxa de juros. Caso Lisa Cook resolva renunciar, o critério que Trump estabeleceu para uma nova indicação é que o nomeado defenda taxas menores.

Recentemente, o presidente do Fed, Jerome Powell, foi criticado por Trump, sendo chamado de “tarde demais”, por não o atender em baixar as taxas há alguns meses. Powell também foi ameaçado de demissão, com possíveis nomes já ventilados na imprensa para ocpar o cargo. Scott Bessent e Michelle Bowman, que atua como membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve desde 2018, são alguns deles.

Trump afunila escolha para comando do Fed nos EUA

De olho em um possível retorno à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump já se movimenta para moldar o futuro da política econômica do país. Com o mandato do atual presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, se encerrando em maio de 2026, Trump revelou que tem quatro nomes em avaliação para sucedê-lo no comando do banco central norte-americano.

Disputa antecipada pelo Fed

Embora a nomeação só deva ocorrer oficialmente no próximo ano, a movimentação nos bastidores já começou. Segundo o próprio Trump, dois dos nomes cotados são Kevin Warsh, ex-diretor do Fed com passagens marcantes durante a crise de 2008, e Kevin Hassett, ex-assessor econômico da Casa Branca durante sua primeira gestão.

Ambos têm perfil pró-mercado e histórico alinhado às ideias de Trump, especialmente no que se refere à redução de juros e estímulo ao crescimento. Outros dois nomes completam a lista, embora apenas um deles tenha sido parcialmente ventilado: Christopher Waller, atual integrante do conselho do Fed e defensor de uma abordagem mais flexível da política monetária.


Jerome Powell (Foto: reprodução/Jamie Kelter Davis/Bloomberg/Getty Images Embed)

Estratégia gradual

A saída recente da economista Adriana Kugler do conselho do Fed criou uma janela de oportunidade para Trump indicar, ainda este ano, um novo membro para o cargo. Caso consiga emplacar um aliado, ele poderá preparar terreno para uma transição mais suave em 2026, caso seja reeleito.

A ideia, segundo fontes próximas, seria nomear agora um conselheiro que pudesse vir a ser escolhido presidente do Fed no futuro, uma espécie de presidente “em espera” já dentro da instituição.

Resistência técnica

Apesar dos planos, a possibilidade de mudanças bruscas na política monetária enfrenta obstáculos. Isso porque os principais cargos do conselho do Fed são ocupados por nomes indicados por Joe Biden, com mandatos que se estendem por vários anos. Qualquer tentativa de reorientar a atuação do banco exigirá negociação e maioria nas votações do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC).

Além disso, as decisões do Fed dependem de equilíbrio institucional e são blindadas contra interferências políticas diretas, algo que poderá testar os limites da administração Trump 2.0.

O que está em jogo

A indicação do próximo presidente do Fed deve ser um dos movimentos mais estratégicos da política econômica dos EUA nos próximos anos. Diante de um cenário global de juros elevados, inflação controlada e crescimento moderado, o novo líder do banco central será determinante para definir a rota dos EUA, seja rumo a um afrouxamento monetário, seja à manutenção de uma postura mais conservadora.

Trump ameaça presidente do Banco Central Americano de demissão

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou de demissão o presidente do Banco Central Americano, o Fed (Federal Reserve), Jerome Powell. O republicano declarou à imprensa que estaria avaliando nomes para substituí-lo.

A atitude de Trump é uma resposta à fala de Powell. Na última terça-feira (24), o presidente do Fed declarou ao Congresso que as altas tarifas impostas pelo presidente americano acarretariam aumento da inflação. A prioridade para o Fed seria a redução da taxa de juros, o que se torna inviável na atual conjuntura.

Taxa de juros

O desentendimento entre Trump e Powell iniciou-se quando o presidente do Fed alegou que não há possibilidade de diminuir as taxas de juros enquanto não tiver certeza de como as medidas tarifárias do republicano podem afetar no aumento da inflação. Trump exigiu que o Banco Central Americano baixasse de 4,25% para 2,25% para, segundo ele, impulsionar a economia. Powell, por sua vez, diminuiu a taxa em apenas em um ponto percentual.

Trump foi questionado sobre o presidente do Banco Central Americano durante coletiva de imprensa na cúpula da OTAN, em Haia. Ao responder sobre possíveis nomes para assumir a cadeira do Fed, o presidente completou: “Ele (Powell) sai em breve, felizmente, porque eu o acho péssimo”. 


Donald Trump na Conferência da OTAN (Foto: Reprodução/Omar Havana/Getty Images Embed)

 


Explicação no Senado

Jerome Powell esteve presente no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na última terça-feira (26) para explicar aos parlamentares que ele não possui pressa alguma em cortar as taxas de juros no momento.

Na sua visão, é mais cauteloso esperar os efeitos em longo prazo das medidas tarifárias impostas por Trump. Powell declarou que vai esperar até setembro para reavaliar o pedido de corte na taxa de juros.


Ao fundo, Scott Bessent, atual Secretário do Tesouro e possível substituto de Powell (Foto: Reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)

 


Possíveis substitutos

A decisão do Fed de aguardar até setembro gerou revolta em Trump. Segundo o site Bloomberg, o presidente já avalia alguns nomes para o lugar de Powell.

Aliados do republicano sugeriram o nome de Scott Bessent, que atualmente ocupa o cargo de Secretário do Tesouro. Outro nome cogitado foi o de Michelle Bowman, que atua como membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve desde 2018.

Haddad chama a atenção para possível recessão técnica nos EUA já no próximo mês

O ministro da Fazenda do Brasil afirmou na última sexta-feira (13) que os Estados Unidos podem entrar em recessão técnica já no mês de julho. A declaração foi feita durante um jantar em São Paulo (capital), num encontro promovido pelo Grupo Prerrogativas, em meio às discussões sobre os efeitos da política monetária norte-americana na economia global.

Resultados da economia americana

O alerta foi feito com base nos recentes resultados da economia americana no último trimestre. Uma recessão técnica ocorre quando um país registra dois trimestres seguidos de encolhimento no Produto Interno Bruto (PIB). No caso dos Estados Unidos, os sinais de desaceleração começaram a se materializar quando os números divulgados no primeiro trimestre de 2025 mostraram que a economia norte-americana encolheu 0,3%, fato que acendeu o alerta entre investidores e formuladores de políticas econômicas.

Fernando Haddad destacou que é necessário, ainda, aguardar, pois o cenário previsto por ele depende de dados do segundo trimestre, mas reiterou que os números indicam uma possível retração contínua. Na visão do ministro, caso haja uma nova queda, mesmo que pequena, na divulgação dos próximos resultados, os Estados Unidos estarão em uma recessão técnica.


Fernando Haddad no evento com o Grupo Prerrogativa (Foto: reprodução/ Instagram/@fernandohaddadoficial)

Atenção ao cenário internacional

A condução da política de juros adotada pelo Federal Reserve (Fed) tem sido acompanhada por especialistas com atenção. As taxas elevadas para conter a inflação têm causado o temor de que o aperto monetário acabe enfraquecendo ainda mais o crescimento econômico. É por meio dessa ótica que Haddad aponta para um cenário de recessão iminente nos EUA.

A probabilidade de recessão na economia americana acende um sinal de alerta e desperta grande preocupação sobre os impactos nas economias emergentes, como o Brasil. De acordo com Haddad, o governo brasileiro acompanha com atenção o cenário internacional a fim de ajustar suas estratégias econômicas e mitigar possíveis efeitos negativos no mercado interno.