A contratação de Jorginho pelo Flamengo, em junho, rapidamente se mostrou determinante para o clube. O jogador de 33 anos ganhou protagonismo e passou a ser peça-chave nas campanhas rubro-negras no Brasileirão e na Libertadores.
Em conversa exclusiva com o ge, o ítalo-brasileiro avaliou o momento e celebrou a chance de atuar pela primeira vez no futebol brasileiro, mesmo em fase mais madura da carreira.
Liderança natural
A torcida rubro-negra já se acostumou à presença marcante de Jorginho, que rapidamente assumiu papel de liderança no elenco. Dentro ou fora de campo, o meio-campista se destaca pela comunicação constante, orientando companheiros, ajustando posicionamentos e influenciando diretamente na organização da equipe. A impressão é de que o jogador tem longa trajetória no clube, embora tenha disputado apenas 27 partidas até aqui.
“Acredito que esse espaço se conquista pela disponibilidade do grupo. O grupo maravilhoso que temos, de jogadores humildes e que todo mundo olha na mesma direção. Eu chego de uma maneira tranquila, só querendo o bem de todo mundo. Acho que eles entenderam isso rapidamente também.
Eu só queria o bem do Flamengo. Consegui me adaptar rápido pelas informações que recebi sobre como iria jogar, entendi o que o treinador queria e as características dos meus companheiros, o que cada um poderia aproveitar melhor. Depois disso, com conversas e convivência no hotel, tudo ajudou muito na chegada e na adaptação. Com o tempo, dia após dia, você acaba conquistando essa confiança, que é muito importante”, avaliou o jorgador rubor-negro.
Jorginho em campo com o Flamengo pela Libertadores (Foto: reprodução/Instagram/@jorginhofrello)
Importância da família
Jorginho foi direto ao explicar por que escolheu defender o Flamengo: o tamanho do clube, uma viagem ao Rio de Janeiro ao lado da esposa e a presença de Filipe Luís pesaram na decisão — sempre com a adaptação da família como prioridade.
A família, aliás, é o alicerce de toda a trajetória do meio-campista. Ele recorda com carinho a origem da veia futebolística, herdada da mãe, Maria Tereza, sua primeira treinadora. Nascido em Imbituba (SC), Jorginho cresceu jogando bola na praia e no quintal de casa. A mãe, que precisava driblar proibições impostas às mulheres que queriam jogar futebol, ganhou do pai o apelido de “Zico”.
O talento para o futebol sempre esteve presente na família de Jorginho. O avô e o irmão dele já praticavam o esporte, e a mãe, Maria Tereza, herdou essa paixão mesmo em um período em que meninas eram desencorajadas a jogar. Por isso, costumava sair escondida de casa para participar de partidas e acabou recebendo do pai o apelido de “Zico”.
Foi essa convivência que marcou a infância de Jorginho. Ele cresceu observando a mãe jogar, treinando ao lado dela e recebendo as primeiras orientações técnicas. Os dois costumavam ir à praia aprimorar domínio de bola, finalização e outros fundamentos. A ligação entre mãe e filho era forte, e o jovem acompanhava suas partidas e compartilhava com ela os primeiros passos no esporte, vínculo que permaneceu até os seus oito ou dez anos.
O atleta também relembrou a decisão de deixar a casa dos pais aos 13 anos para treinar em uma escolinha parceira do Brusque. Graças a um convênio entre o clube catarinense e empresários italianos, foi levado aos 15 anos para o Hellas Verona, na Itália.
O início, no entanto, foi marcado por dificuldades: viveu em um convento, dividiu quarto com outros jovens e recebia apenas uma mesada simbólica. Mais uma vez, encontrou na família a força necessária para seguir adiante.
“Tive a sorte de ter uma família que me apoiou muito e me deu conselhos importantes para continuar em busca do meu sonho. Teve um momento em que eu quis desistir, e meus pais foram determinantes para que eu seguisse. Vi meninos da minha idade desistirem por causa das dificuldades, que eram reais, e infelizmente nem todos tinham o empurrão da família. Eu tive essa sorte”, finalizou Jorginho.
