Durante o Summit CBF Academy, que aconteceu na tarde desta quarta-feira em São Paulo, a Confederação Brasileira de Futebol apresentou o novo Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), um modelo inédito de Fair Play Financeiro para o futebol brasileiro. Desenvolvido em conjunto com clubes, federações e especialistas, o sistema cria regras para controlar dívidas, gastos com elenco, endividamento e o equilíbrio das contas dos clubes.
A apresentação foi conduzida pelo diretor acadêmico da CBF Academy, Caio Resende, ao lado do economista César Grafietti, especialista no mercado esportivo e consultor técnico do projeto. A implementação começará de forma gradual em 2026 e será fiscalizada pela Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF), órgão independente criado para monitorar e aplicar sanções.
Pilares do projeto
O Sistema de Sustentabilidade Financeira que está sendo adotado no Brasil é inspirado em ligas europeias e se apoia em quatro pilares básicos. São eles: o controle de dívidas em atraso, o equilíbrio operacional, o limite de gastos com o elenco e a restrição ao endividamento de curto prazo. O modelo foi ajustado à realidade brasileira, especialmente ao não impor restrições a investimentos de capital, esta medida foi pensada para não impedir investimentos de SAFs e acionistas estrangeiros, bem comum no futebol brasileiro.
O presidente da CBF, Samir Xaud, destacou que o novo sistema foi construído de forma colaborativa e representa um passo importante para tornar o futebol brasileiro mais organizado e sustentável. Segundo ele, o SSF busca garantir um ambiente mais justo, com clubes cumprindo obrigações, atletas recebendo em dia e maior confiança do torcedor.
O projeto foi apresentado oficialmente durante o Summit CBF Academy (Vídeo: reprodução/ Instagram/ @brasil)
Regras e Punições
As novas regras do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) definem parâmetros claros para controlar dívidas, gastos e endividamento dos clubes, além de exigir maior transparência e equilíbrio nas operações. Com fiscalização independente e implementação gradual, o modelo estabelece limites, objetivos e padrões de gestão que visam tornar o futebol brasileiro mais responsável e competitivo. Sobre as dívidas em atraso, o modelo nacional prevê fiscalização três vezes ao ano: 31 de março, 31 de julho e 31 de novembro.
Dentre as regras definidas as principais são:
- Fiscalização periódica de dívidas; obrigação de superávit operacional em ciclos de três anos;
- Limite de gastos com o elenco entre 70% e 80% das receitas (dependendo da divisão e da fase de implementação);
- Endividamento de curto prazo limitado a 45% das receitas a partir de 2030;
- Medidas específicas para clubes em recuperação judicial, como congelamento da folha salarial;
- Proibição de controle de mais de um clube na mesma competição;
- Demonstrações financeiras auditadas e publicadas anualmente.
A Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF) poderá aplicar sanções como multas, dedução de pontos, rebaixamento e cassação de licença. Para dirigentes, podem haver suspensões e até banimento.
Presidente Samir Xaud em reunião sobre o Fair Play Financeiro (Fotos: reprodução/ Instagram/ @samir.xaud)
Com a criação do SSF e de um órgão regulador independente, a CBF inaugura uma nova fase para a gestão financeira do futebol brasileiro. O modelo busca reduzir distorções, incentivar responsabilidade administrativa e garantir condições mais equilibradas de competição. Se aplicado com rigor, o sistema pode se tornar um marco na profissionalização dos clubes e no fortalecimento sustentável do esporte no país.
