Um dos principais desafios do futebol brasileiro — a sobrecarga de jogos — voltou a ganhar atenção da CBF. A entidade estuda uma reformulação do calendário nacional e enxerga na exclusão dos clubes brasileiros da fase pré-Libertadores uma alternativa para reduzir o número de partidas, ao mesmo tempo em que permitiria redistribuir datas para os demais torneios. A ideia é negociar com a Conmebol a substituição dessa etapa por uma vaga direta adicional à fase de grupos da Libertadores, totalizando cinco representantes do Brasileirão sem precisar disputar a preliminar. Caso a proposta seja aprovada, os clubes brasileiros teriam quatro datas de descanso a mais ao longo da temporada.

“A gente tem uma conversa com a Conmebol a respeito das nossas datas de pré-Libertadores,” revelou o presidente da CBF, Samir Xaud, em entrevista ao videocast Toca e Passa, do GLOBO.

Mudanças no calendário e nos critérios de classificação

Na última semana, Xaud reforçou ao site Lance! que “a maioria dos campeonatos organizados pela entidade será reformulada”. As mudanças, que devem ser anunciadas em outubro, não terão impacto significativo nas Séries A e B, mas afetarão torneios como Copa do Brasil, Copa Verde e Copa do Nordeste.

Atualmente, o Brasil tem direito a sete representantes na Libertadores: cinco avançam diretamente à fase de grupos (quatro via Brasileirão e um via Copa do Brasil) e dois disputam a pré-Libertadores. Nos últimos seis anos, o país chegou a contar com um oitavo representante quando o campeão atual do torneio era brasileiro. Com a mudança, a Série A enviaria cinco clubes diretamente à fase de grupos, eliminando a etapa preliminar.

Xaud destacou ainda que, nas últimas edições, o chaveamento da pré-Libertadores gerou confrontos entre clubes brasileiros, eliminando automaticamente um representante do país na fase de grupos. Em 2024, por exemplo, o Botafogo avançou ao eliminar o Bragantino; já em 2025, a queda precoce do Corinthians impediu um duelo nacional contra o Bahia.

Histórico e perspectivas

A proposta não é inédita: em 2024, o ex-presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, enviou ofício à Conmebol sugerindo a eliminação da vaga indireta, mas a entidade sul-americana não respondeu. Além disso, contratos comerciais vigentes até 2026 dificultam alterações imediatas na fase preliminar. Por isso, caso aprovada, a mudança só teria efeito a partir da Libertadores de 2027.

Enquanto isso, a única alteração confirmada para 2026 será a redução do número de datas dos Estaduais. Os campeonatos locais terão 11 rodadas, contra 16 atualmente, mas a mudança valerá apenas para os estados com representantes nas Séries A e B, mantendo a programação tradicional para os demais.