Valentino Rockstud retorna em “O Diabo Veste Prada 2”

O universo da moda adora um revival, e poucos retornos causaram tanto burburinho quanto o do Valentino Rockstud. A aparição discreta (mas nada inocente) do modelo no teaser de O Diabo Veste Prada 2 reacendeu o imaginário coletivo em torno de um sapato que marcou os anos 2010 e virou símbolo de atitude em um mercado dividido entre romantismo e rebeldia controlada. Nos segundos iniciais do vídeo, Miranda Priestly cruza os corredores da Runway com seus saltos vermelhos, pontuados pelas icônicas tachas metálicas, e o público entende imediatamente: alguma coisa está sendo dita ali, mesmo sem palavras.

Muito mais do que um acessório, o Rockstud sempre embarcou aquela sensação de “mistura perfeita” entre a herança romana da maison e a ousadia contemporânea. Criado na coleção de outono/inverno 2010 por Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, o modelo rapidamente ultrapassou o status de tendência e virou assinatura cultural, daqueles objetos que contam histórias sobre como a moda estava pensando, sentindo e se comportando.

Um retorno estratégico e uma nostalgia anunciada

Se a nostalgia anda forte nas passarelas e no street style, a Valentino não perdeu tempo em transformar o momento em estratégia. Um dia após o teaser viralizar, as redes sociais da marca voltaram a destacar o Rockstud em diferentes variações, sinalizando que o comeback não é coincidência, é construção. A parceria entre o estúdio e a maison, confirmada por executivos da própria Valentino, reforça o poder das narrativas cinematográficas na ressurreição de objetos de desejo.


Teaser de O Diabo Veste Prada 2 (Vídeo: reprodução/Instagram/@resolvidesapegar)


Para além da ficção, o Rockstud foi um fenômeno real na década passada: celebridades como Sofia Vergara, Dakota Fanning e Emma Stone transformaram o sapato em um item onipresente, ao ponto de saturar o mercado e desaparecer discretamente nos anos seguintes. Agora, com a nova geração consumindo moda por camadas de nostalgia, o retorno parece quase inevitável — e Priestly, naturalmente, assume a dianteira dessa conversa.

Miranda, o vermelho e a leitura por trás do figurino

A escolha do figurino não é acidental. Vermelho na moda nunca é neutro, fala de poder, de presença, de um magnetismo que atravessa eras. Em O Diabo Veste Prada 2, os Rockstud escarlates ajudam a construir a narrativa dessa Miranda pós-2010: uma mulher que já viu todas as tendências nascerem e morrerem, e que agora parece revisitar seu próprio repertório para se manter à frente de um mundo que muda rápido demais.


Modelos do icônico Valentino Rockstud (Vídeo: reprodução/Instagram/@maisonvalentino)


E há outro detalhe interessante: o resgate do Rockstud dialoga com a transição criativa da própria Valentino, que vive uma nova fase sob Alessandro Michele. Enquanto o designer imprime sua estética maximalista e onírica, o retorno do modelo criado na era Piccioli/Chiuri funciona quase como um comentário visual sobre passado, presente e futuro da marca. Uma conversa silenciosa — mas poderosa — entre momentos históricos distintos da maison.

O que o público vai descobrir, quando o filme chegar às telas, ainda é mistério. Mas uma coisa já ficou clara: quando Miranda Priestly volta a caminhar, ninguém desvia o olhar. E os Rockstud, mais uma vez, provam que alguns ícones não desaparecem, apenas esperam o momento certo para serem lembrados.

Tendências dos anos 2010 voltam a ganhar força na moda

As tendências de moda são cíclicas e, em 2025, o resgate da estética dos anos 2010 está mais evidente do que nunca. Marcas, celebridades e o próprio comportamento das ruas mostram que a década passada ainda tem muito a dizer sobre o presente. Peças que dominaram o visual há pouco mais de uma década retornam agora com novas leituras, adaptadas para o cenário atual da moda e para os desejos de uma geração que busca conforto, identidade e, ao mesmo tempo, um toque de nostalgia.

O retorno dessa estética acompanha um movimento cultural mais amplo: o das redes sociais como espaços de resgate e reinvenção de tendências. Com o TikTok e o Instagram ditando boa parte do que se veste, jovens redescobrem ícones fashion de sua infância ou adolescência e incorporam essas referências de forma espontânea. A estética dos anos 2010, portanto, ressurge não apenas como memória afetiva, mas como uma reafirmação do estilo pessoal.

Sandálias gladiadoras e Boho

As sandálias gladiadora, famosas pelos modelos com tiras que sobem até o joelho, voltaram a aparecer nas coleções de verão. Hoje, no entanto, o visual é menos carregado e mais elegante. As marcas apostam em versões minimalistas, com tiras finas e materiais sofisticados, como couro macio ou acabamentos metalizados. O calçado, que nos anos 2010 foi sinônimo de ousadia, agora é visto como uma peça versátil, combinando bem com vestidos fluidos, saias e shorts de alfaiataria.


Susie Lau usando gladiadora durante a Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Jeremy Moeller/Getty Imagens Embed)

O estilo boho, um dos símbolos da moda da década passada, também está de volta às vitrines. Inspirado no universo hippie e folk, o visual aposta em estampas florais, batas amplas, saias longas e acessórios em couro ou com pedrarias naturais. Porém, diferente da estética de festival que dominou os anos 2010, o boho atual chega com uma pegada mais sofisticada e urbana, adaptado às tendências contemporâneas.


Marina Ruy Barbosa usando um look Chloé (Fotos: reprodução/Instagram/@marinaruybarbosa)

Celebridades já aderiram à releitura do estilo, como é o caso de Marina Ruy Barbosa, que recentemente usou um look da grife Chloé marca que tem liderado esse movimento de resgate do boho, agora com foco em peças de corte refinado, tecidos fluidos e acabamentos de luxo. A Chloé, aliás, se tornou uma das principais responsáveis por esse retorno, atualizando a estética boêmia e tornando-a novamente desejada no cenário da moda internacional.

Peplum e Ugg Boots

A silhueta peplum, caracterizada pelo volume adicional na região da cintura, foi sensação entre 2012 e 2014 e agora volta de forma mais sutil. Se antes o peplum era usado em blusas estruturadas e vestidos rígidos, hoje ele aparece em tecidos leves, com babados delicados e recortes modernos. A proposta é trazer movimento à peça sem marcar tanto o corpo, criando um visual elegante e fluido.


Demi Moore usando um vestido peplum durante um evento (Foto: reprodução/Charley Gallay/ Getty Imagens Embed)

 A prova disso foi o look usado por Demi Moore em um recente evento, a atriz apostou em um vestido da grife Nina Ricci de Poá com modelagem peplum, que traduz bem o novo momento da tendência, que equilibra romantismo e modernidade, sem deixar de valorizar a silhueta.

As UGGs, aquelas botas de camurça com forro de lã aparente, são outro clássico dos anos 2010 que estão de volta ao cenário da moda. Ícone do visual casual e confortável da década passada, o calçado foi resgatado por celebridades e influenciadores nos últimos meses, consolidando seu retorno ao street style.


Emy Venturini usando Ugg Boots em Paris (Fotos: reprodução/Edward Berthelot/ Getty Imagens Embed)

Antes associadas ao look de aeroporto ou ao dia a dia em casa, as UGGs agora aparecem combinadas a peças de alfaiataria, vestidos midi e até produções mais sofisticadas, que fazem parte do estilo do cozy chic.