Fux vota para manter delação de Mauro Cid no STF

Na última quarta-feira (10), o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), alinhou-se aos colegas Alexandre de Moraes e Flávio Dino e votou a favor da manutenção da delação premiada de Mauro Cid. Esse voto fortaleceu a maioria na Primeira Turma do STF em favor da manutenção da validade da colaboração, que fundamenta as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 33 réus. Embora houvesse críticas em relação à quantidade de depoimentos fornecidos por Cid, a decisão foi unânime.

Fux segue o voto de Moraes e Dino

O ministro Luiz Fux, que a princípio era considerado um possível voto divergente, surpreendeu ao se juntar aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Ele admitiu que, apesar do grande número de depoimentos, Cid havia esclarecido as omissões e contradições identificadas pela Polícia Federal. Fux também indicou que, ao avaliar a dosimetria da pena, poderia concordar com a análise de Dino a respeito da preservação dos benefícios estabelecidos no acordo de colaboração premiada.


 Luiz Fux elogiou Moraes, mas questionou o tempo para as defesas que receberam um "tsunami de dados"(Vídeo: reprodução/Instagram/@portalg1)

A defesa de Bolsonaro contesta a validade da delação

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro alegou que o número de depoimentos de Cid apontava inconsistências na delação premiada. Eles afirmaram que o ex-ajudante de ordens foi negligente ao fornecer informações essenciais, o que afetaria a validade da colaboração. Contudo, o STF não aceitou esses argumentos, considerando a delação válida e admissível para as investigações em curso.


Defesa de Bolsonaro contesta delação de Mauro Cid e nega plano de golpe (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

A decisão do STF de preservar a delação de Mauro Cid destaca a relevância da colaboração premiada como ferramenta de investigação, apesar das críticas em relação ao número de depoimentos. A concordância dos ministros Fux, Moraes e Dino sugere uma posição unificada da Primeira Turma quanto à validade da colaboração. Isso indica que, embora existam algumas divergências, há um consenso sobre a importância de intensificar as investigações ligadas à tentativa de golpe de Estado.

Porta-voz de Trump cogita sanções ao Brasil após julgamento de Bolsonaro

A declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, movimentou a cena política nesta terça-feira (9). De acordo com Leavitt, a gestão de Donald Trump estaria “preparada para recorrer a sanções econômicas ou até a medidas militares” em nome da defesa da liberdade de expressão, mencionando diretamente a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). A fala foi dada em resposta a um questionamento do jornalista Michael Shellenberger, do site Public News.

Leavitt destacou que Trump “trata a liberdade de expressão como prioridade” e que não descarta agir caso considere esse direito em risco. Ao ser questionada sobre possíveis novas medidas contra o Brasil, a porta-voz afirmou que, por enquanto, não há ações em curso, mas deixou em aberto a possibilidade de decisões futuras. Pouco depois, a própria embaixada americana compartilhou o trecho da coletiva em suas redes sociais.

Reação brasileira

A reação do governo brasileiro veio logo em seguida. Em nota oficial, o Itamaraty repudiou o uso de sanções e qualquer ameaça de força contra a democracia nacional. O comunicado ressaltou que a defesa da liberdade de expressão deve caminhar junto com o respeito à soberania e às urnas. “Os três Poderes da República não se intimidarão diante de qualquer forma de atentado à nossa soberania”, destacou o texto.


 Porta-voz da Casa Branca fala sobre julgamento de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O julgamento no STF

A polêmica acontece em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete aliados próximos, apontados como integrantes do núcleo central da tentativa de golpe de Estado em 2023. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já votou pela condenação dos réus, afirmando que o grupo atuou de forma organizada para tentar manter o ex-presidente no poder.

Entre os acusados estão ex-ministros, militares de alta patente e assessores diretos de Bolsonaro, como Mauro Cid e Braga Netto. As acusações envolvem crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, organização criminosa e dano ao patrimônio público. Somadas, as penas podem ultrapassar 40 anos de prisão. O desfecho do julgamento ainda depende dos votos dos demais ministros da Primeira Turma do STF.

Alexandre de Moraes vota pela condenação de Jair Bolsonaro e mais 7 réus

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, abriu o processo e citou que Bolsonaro e organização criminosa queriam instituir Golpe e a volta da Ditadura Militar no Brasil, por não querer reconhecer a derrota nas urnas nas Eleições de 2022. Moraes foi firme nas palavras e ainda disse que o ex-presidente não aceitou a derrota e não sabe perder as eleições.

Voto de Moraes abre julgamento de Bolsonaro

Alexandre de Moraes é o relator do caso e foi o primeiro ministro a votar na condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, e mais outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Moraes abriu a sessão do julgamento de ontem, (09/09) e mostrou um slide em que Bolsonaro e aliados, além de tentar dar um golpe de Estado, cometeu mais dois crimes, o de liderar uma organização criminosa e o de Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Flavio Dino votou também a favor da condenação, hoje, (10/09)  o voto do ministro Luiz Fux, contrariou os dois primeiros votos, ele votou para a absolver todos os réus do crime de organização criminosa; outros crimes ainda serão analisados, faltam votar os ministros Carmén Lúcia e Cristiano Zanin.


Jair Bolsonaro, ex-presidente da República (Foto: reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)

Possível pena que Bolsonaro pode pegar

Se condenado pela maioria dos ministros, Bolsonaro e mais sete réus podem pegar até 43 anos de prisão, pela primeira vez na história da política brasileira, um ex-presidente é julgado pelo crime de Golpe de Estado, além desse o ex-presidente será julgado por mais quatro crimes contra o país, ainda faltam votar os demais ministros – Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Moraes disse que, em 7 de setembro de 2021, Bolsonaro utilizou o ato público do Dia da Independência para instigar milhares de apoiadores contra o STF, dirigindo-se ao ministro e o chamando de “canalha”. Lives e manifestações feitas pelo ex-presidente Bolsonaro em que ele e seus apoiadores políticos estavam inflamaram atos golpistas, no 8 de janeiro de 2023, em que vários patrimônios públicos foram destruídos em Brasília, e manifestantes pediam Intervenção Militar e o AI-5.


Jair Bolsonaro em manifestação na Av Paulista (Foto: reprodução/MIGUEL SCHINCARIOL/Getty Images Embed)

As penas dos crimes que tornaram Bolsonaro réu

As penas para os crimes cometidos por Bolsonaro e os 7 réus são:

  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 4 anos (mínimo) a 8 anos (máximo);
  • tentativa de golpe de Estado: pena de 4 anos (mínima) a 12 anos (máxima);
  • participação em organização criminosa armada: pena de 3 anos (mínima) a 8 anos (máxima) – pode chegar a 17 anos, com as agravantes de uso de arma de fogo e participação de agentes públicos;
  • dano qualificado: pena seis meses (mínima) a 3 anos (máxima); e
  • deterioração de patrimônio tombado: um ano (mínima) a 3 anos (máxima).

As divergências de voto entre os ministros abre espaço para a defesa dos réus achar brechas maiores e melhores para se defenderem.

Moraes reforça independência do STF e faz crítica a pedidos por anistia

Ao reabrir uma das sessões mais emblemáticas do Supremo Tribunal Federal após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes foi categórico ao descartar qualquer chance de anistia para os participantes dos ataques.

Em sua declaração, Moraes não apenas reiterou o compromisso da Corte com a manutenção do Estado Democrático de Direito, mas também dirigiu críticas severas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e fez um gesto público de reconhecimento ao ministro Luiz Fux, demonstrando unidade interna frente ao aumento das pressões políticas.

Crítica à anistia e recado a Eduardo

Ao rejeitar a proposta de anistia para os responsáveis pelos ataques, Moraes enfatizou  em sua declaração que não há lugar para impunidade em crimes que visam desestabilizar a ordem democrática como na invasão das sedes dos Três Poderes. O ministro aproveitou a oportunidade para se dirigir a Eduardo Bolsonaro, ressaltando que a atividade política não pode ser utilizada como um escudo para violações da Constituição.


Análise da fala de Alexandre de Moraes sobre soberania (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

A declaração de Moraes reforça a ideia de que a responsabilização judicial deve ser priorizada na proteção das instituições democráticas, sem espaço para impunidade disfarçada de reconciliação política.

Gesto de apoio a Fux e defesa do STF

Em um cenário político ainda incerto, Moraes, em um tom conciliador, enfatizou a importância do ministro Luiz Fux no Supremo, reconhecendo sua participação em decisões essenciais para a preservação das instituições durante períodos críticos.

O ato foi visto como um indicativo de reforço da unidade interna do Supremo, em um período em que a Corte tem enfrentado tentativas de deslegitimação por setores extremistas. Moraes enfatizou a importância da colaboração, reiterando que a estabilidade democrática depende, essencialmente, da solidez e independência do Judiciário.


Moraes faz gesto ao Fux em julgamento de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Poder360)

A atitude de Alexandre de Moraes demonstra a determinação do Supremo em permanecer atento a qualquer tentativa de retrocesso democrático. Com firmeza nas críticas e cautela nos gestos, Moraes procurou equilibrar a exigência de responsabilidade com a valorização da colegialidade no Supremo. A fala transmitiu claramente que a democracia se mantém viva quando há resistência a retrocessos e quando as instituições permanecem coesas frente às pressões externas.

Moraes libera visita de Damares a Bolsonaro um dia antes do julgamento

A senadora Damares Alves recebeu autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (1), entre 10h e 18h. A decisão ocorreu na véspera do início do julgamento em que Bolsonaro e outros sete aliados serão analisados pela Primeira Turma da Corte, acusados de participação em uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

Visita sob condições legais

De acordo com o despacho de Alexandre de Moraes, a visita deverá seguir integralmente as condições já estabelecidas pela Justiça. Entre elas estão a manutenção da vigilância reforçada no entorno da residência do ex-presidente, que se encontra em prisão domiciliar desde 4 de agosto, e a fiscalização de qualquer movimentação no local durante o período da visita. 

O ministro também determinou que todos os veículos que deixarem a casa sejam obrigatoriamente submetidos a revista, medida que inclui o carro utilizado pela senadora. O procedimento, segundo Moraes, deve abranger tanto o interior dos veículos quanto os porta-malas, a fim de garantir que não haja descumprimento das restrições impostas pela Corte. 

Damares Alves, que foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Bolsonaro, será a primeira parlamentar a visitar o ex-presidente após a intensificação das medidas de segurança estabelecidas pelo STF na última semana.

Julgamento de Bolsonaro e aliados

Na próxima terça-feira (2), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal começa a analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta a existência de um “núcleo central” encarregado de organizar um esquema para tentar invalidar o resultado das eleições de 2022. O julgamento tem previsão para se estender até 12 de setembro.


Jair Bolsonaro (Foto:reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Além do ex-presidente, o processo envolve outros ex-integrantes do governo e militares de alta patente. Todos respondem por suposta participação em atos voltados à ruptura da ordem democrática. O julgamento avaliará se a denúncia será aceita pela Primeira Turma do Supremo, o que pode abrir caminho para que os réus respondam a ações penais.

O processo é considerado um dos mais relevantes da Suprema Corte desde os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.

Moraes estende prazo e cobra posicionamento da PGR sobre Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira (26) estender o prazo para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste em processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A nova determinação dá cinco dias para que a PGR analise supostos descumprimentos de medidas cautelares, além de eventuais denúncias contra ambos.

A medida substitui um despacho anterior, no qual Moraes havia concedido apenas 48 horas para que a PGR se posicionasse. O prazo para a manifestação terminaria nesta quarta-feira (27), mas o ministro decidiu estender a análise após determinar que a polícia penal do Distrito Federal passasse a acompanhar Bolsonaro de perto. A decisão também leva em conta o pedido da defesa para reverter a prisão domiciliar imposta pelo Supremo.

Questões em análise

De acordo com informações do STF, a manifestação da PGR deverá incluir três pontos principais: o suposto descumprimento de cautelares, o recurso da defesa de Bolsonaro contra as medidas impostas e o relatório final da Polícia Federal (PF) sobre obstrução de investigações.

Na semana passada, a Polícia Federal entregou um relatório apontando que Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro teriam tentado pressionar o STF e atrapalhar o andamento de investigações.


PGR deve se manifestar sobre prisão de Bolsonaro (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Relatório da PF

No relatório, a PF indicia os dois por crimes como coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De acordo com a apuração, eles teriam usado as sanções aplicadas pelos Estados Unidos como estratégia para enfraquecer as investigações sobre a chamada trama golpista.

A defesa do ex-presidente, no entanto, nega qualquer irregularidade. Em resposta, a defesa afirmou ao Supremo que Bolsonaro nunca teve restrição para usar aplicativos de mensagens nem para se comunicar com os seus aliados. Para eles, o relatório da PF se baseia em interpretações equivocadas e representa um exemplo de lawfare expressão usada para descrever perseguição política por meio de processos judiciais.

Alexandre de Moraes determina vigilância permanente na residência de Bolsonaro

Na terça-feira, 26 de agosto de 2025, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, atendeu a um pedido da Polícia Federal e acatou a recomendação da Procuradoria-Geral da República, determinando o aumento do policiamento ostensivo na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A decisão estabelece que a Polícia Penal do Distrito Federal deve monitorar continuamente a tornozeleira eletrônica de Bolsonaro e manter uma equipe dedicada ao acompanhamento em tempo real do réu,  porém com discrição, sem expor o domicílio ou incomodar a vizinhança.

Motivação e medidas complementares

A ação é uma resposta a um ofício da PF, assinado pelo diretor-geral Andrei Rodrigues, que alertou sobre o risco de fuga do ex-presidente Bolsonaro, para possivelmente ir em direção à Embaixada dos Estados Unidos, localizada a cerca de dez minutos de sua residência, com o objetivo de pedir asilo político. O documento ressaltou que essa manobra poderia impedir a execução de possíveis mandados judiciais.


Determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Ao avaliar o pedido, a Procuradoria-Geral da República (PGR) endossou a ação e sugeriu que o reforço fosse realizado de maneira discreta, assegurando a privacidade da residência e prevenindo situação que possa vir afetar o sossego dos demais ao redor do endereço do réu.

Controles restritivos e contexto judicial

Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica desde 4 de agosto de 2025, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes. A medida abrange restrições como a proibição de contato com outros investigados, limitações nas visitas de familiares e advogados autorizados, além da proibição do uso de redes sociais.


Esclarecimentos sobre a prisão de Jair Bolsonaro (vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O reforço policial decidido pelo STF intensifica essas medidas cautelares em resposta a indícios de possível fuga, apontados pela Polícia Federal. A ação visa assegurar que Bolsonaro continue sendo monitorado até o julgamento previsto para setembro, no caso que investiga sua alegada envolvimento na suposta tentativa de golpe contra a democracia.

Defesa de Bolsonaro presta esclarecimento ao STF por pedido de exílio na Argentina

A equipe de defesa de Jair Bolsonaro entregou um documento ao STF com esclarecimento sobre solicitação de exílio político ao presidente da Argentina, Javier Milei, no início de 2024, identificado entre as mensagens do celular do ex-presidente pela Polícia Federal. A resposta da defesa de Bolsonaro foi enviada no final do prazo de 48 horas para explicação sobre o texto encontrado, estabelecido pelo Ministro Alexandre de Moraes.

Esclarecimento sobre pedido de exílio

No texto encontrado pela Polícia, Bolsonaro faz um apelo ao presidente argentino e afirma estar sendo injustiçado e cita as medidas determinadas pelo STF como evidência de uma perseguição.

“De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares. Para decretação de tais medidas foram mencionados os delitos dos Arts. 359-I e 359-M do Código Penal brasileiro”, escreveu o ex-presidente.


Javier Milei, à esquerda, e Jair Bolsonaro, à direita (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

A defesa do político declarou através do esclarecimento que a mensagem era um rascunho escrito há mais de ano, antes do processo contra Bolsonaro, e não deve ser lido como plano de fuga.

“Parece claro que um rascunho de pedido de asilo ao presidente argentino, datado de fevereiro de 2024, não pode ser considerado um indício de fuga. Seria necessário avisar à Polícia Federal, especialmente ao setor de inteligência, que o processo criminal que originou as cautelares foi proposto um ano depois e, desde então, o ex-presidente compareceu a todos os seus atos, inclusive estando em sua residência quando determinado o uso de tornozeleira por Vossa Excelência”, afirmou a defesa

Mensagem de Braga Netto

O relatório da Polícia Federal também registrou como descumprimento das medidas impostas pelo STF uma mensagem de SMS de Braga Netto à Jair Bolsonaro, em que o ex-ministro da Defesa dizia que o número pelo qual estava se comunicando era exclusivo para emergência, não possuía WhatsApp e só permitia ligações de vídeo.


Braga Netto, à esquerda, e Jair Bolsonaro, à direita (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images/Embed)

Os advogados de Bolsonaro alegam que o contato não foi correspondido e que o réu cumpre com todas as determinações da justiça.

“A ausência de resposta é mais do que esclarecedora sobre a perseguição aqui apontada. A mensagem foi apenas recebida! Sem notícia de resposta. Sem qualquer reação. Sem qualquer comunicação por parte do ex-presidente.”, escreveu a equipe de Bolsonaro.

Explicações ao STF

Esta é a segunda vez, durante o período de um mês, que Bolsonaro precisou prestar esclarecimento acerca de ações contrárias as determinações do STF.

No final de julho, a equipe de defesa de Jair Bolsonaro teve 1 dia para justificar a entrevista aos repórteres presentes na Câmara dos Deputados, quando já cumpria as medidas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes e estava proibido de falar com a imprensa.

Após resposta da defesa do ex-presidente, Alexandre de Moraes aceitou as alegações apresentadas e afirmou que caso ocorresse outro episódio de descumprimento, Bolsonaro poderia ser preso.

Governo Trump critica prisão domiciliar de Bolsonaro e repudia ação de Moraes

Em publicação no X, o órgão responsável em Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos, se posicionou contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta à decisão que impôs a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, proferida nesta segunda-feira (4).

Publicação destaca o direito de fala

Em postagem na plataforma social X, o órgão do governo de Trump declarou Alexandre de Moraes como um violador de direitos humanos”, que faz uso de organizações brasileiras para “silenciar a oposição e ameaçar a democracia”. A publicação foi além e mencionou a restrição e o direito de defesa de Bolsonaro. “Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!“, acrescenta a publicação.

O post também faz um alerta aos líderes institucionais que demonstrarem apoio ou colaborarem com o decreto. “Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, diz o conteúdo.

O conteúdo foi divulgado em português e inglês, o que tornou a mensagem acessível, contribuindo para um entendimento mais amplo por parte de todos. A Embaixada dos EUA no Brasil repostou o post.


Postagem que critica atuação de Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/X/@WHAAsstSecty)

A decisão de Moraes que gerou críticas

Na segunda-feira (4), Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, ordenou a apreensão de celulares e vedou visitas à casa do ex-presidente. No dia 18 de julho, Alexandre de Moraes havia determinado medidas preventivas em desfavor de Bolsonaro, por vestígios de que o ex-presidente estaria impedindo a ação judicial na qual responde como réu por tentativa de golpe de Estado.

As determinações incluíam a utilização obrigatória de tornozeleira eletrônica e a proibição de saída ao anoitecer e nos finais de semana. Bolsonaro também estava impedido de divulgar conteúdos em suas redes sociais, e usar redes de outras pessoas para divulgar suas publicações.

Segundo Moraes, a decisão pela prisão domiciliar foi tomada após Bolsonaro usar as redes sociais de seus aliados e filhos para compartilhar mensagens, desrespeitando as medidas cautelares e dialogando com outras pessoas investigadas.

Lula defende cautela em resposta a tarifa de Trump e reforça soberania brasileira

Durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado neste domingo (3), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as negociações com os Estados Unidos sobre a recente sobretaxa imposta por Donald Trump exigem prudência. 

O republicano determinou tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, válidas para a partir do dia 6 de agosto. Além de aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky, uma medida norte-americana que permite punir estrangeiros acusados de violações a direitos humanos.

Lula disse que, apesar de críticas ao posicionamento da Casa Branca, há limites diplomáticos que devem ser respeitados. Segundo ele, não se trata de dizer tudo o que pensa, mas sim o que a situação permite e exige, reforçando que o Brasil atua com responsabilidade nas relações internacionais.

O presidente ressaltou que o governo brasileiro não deseja confusão, mas também não recua diante de pressões. Conforme explicou, as propostas brasileiras já foram apresentadas ao governo norte-americano pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira. As negociações seguem abertas, indicou.

Presidente afirma que o Brasil não aceitará pressão dos EUA

Sem mencionar diretamente Trump, Lula criticou a adoção de medidas unilaterais e afirmou que o Brasil não deve aceitar posição de subordinação a nenhuma potência, mas sim pautar-se pelo princípio da igualdade entre as nações.

Para ilustrar sua visão de política externa equilibrada, o presidente citou trecho de Chico Buarque: “seu governo não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia”. Ele afirmou que esta linha evita tanto a submissão quanto a arrogância em relação aos vizinhos.


Discurso de Lula em evento do PT (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

A fala do presidente ocorreu em meio ao agravamento da tensão entre os dois países e à expectativa de um possível diálogo com Trump, que declarou recentemente estar disponível para uma conversa com o brasileiro. Lula afirmou que o governo sob sua liderança está sempre disposto a dialogar, contanto que haja respeito mútuo nas conversas.


Presidente dos EUA Donald Trump (Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)

PT se organiza para 2026 e destaca defesa da soberania nacional

O encontro partidário também marcou a posse de Edinho Silva como novo presidente do PT e aprovou um documento com diretrizes gerais para atuação até 2026, sem detalhar publicamente todos os pontos previstos.

Lula também sinalizou que pode disputar um novo mandato em 2026, condicionado ao seu estado de saúde, e destacou a importância de defender a democracia diante de desafios autoritários.