Governo acredita em compensações que serão pedidas pelos EUA para negociar tarifas

Apesar da retirada da sobretaxa de 40%, tarifas ainda pesam sobre manufaturados e 22% das exportações nacionais aos EUA seguem tarifadas

01 dez, 2025
Presidentes Donald Trump e Lula | Reprodução/ Ricardo Stuckert / PR
Presidentes Donald Trump e Lula | Reprodução/ Ricardo Stuckert / PR

O governo Lula já admite nos bastidores que qualquer avanço nas negociações com os Estados Unidos sobre o “tarifaço” vai vir acompanhado de alguma cobrança.

Em outras palavras: Washington não deve entregar novas reduções nas sobretaxas de graça, mesmo com o clima de diálogo que o Planalto tenta vender publicamente. A avaliação interna é que os EUA sabem exatamente o peso político e econômico que essas tarifas têm para o Brasil e por isso não vão abrir mão delas sem receber algo em troca.

Governo admite concessões para negociar tarifas

A retirada da sobretaxa de 40% em setores como carne e café ajudou a reduzir a pressão inicial, mas isso não muda o cenário geral: boa parte dos produtos manufaturados continua pagando tarifas altas, e cerca de um quinto das exportações brasileiras aos EUA ainda está travado por essas regras. O impacto não é pequeno, e o governo sabe disso. Por isso, o discurso oficial é de “paciência diplomática”, mas nos corredores já se fala em possíveis concessões, caso a negociação aperte.

O ponto é que ninguém no Executivo assume claramente qual seria essa moeda de troca. Fontes envolvidas nas conversas dizem que os norte-americanos não deixaram pistas sobre o que querem, mas que não seria surpresa se pedissem algum gesto político, inclusive em temas sensíveis, como sanções individuais ou posicionamentos internacionais alinhados aos interesses deles. Nada concreto por enquanto, mas o temor existe.


 

 

Nota oficial do Governo Federal sobre retirada de tarifas (Foto: reprodução/Instagram/@govbr)


A diplomacia brasileira tenta atuar em duas frentes: manter um tom cordial para evitar travar as tratativas e, ao mesmo tempo, preparar o terreno para não ser surpreendida por exigências difíceis de bancar internamente. O governo também sabe que qualquer concessão mais pesada teria repercussão imediata no Congresso, que anda longe de ser previsível.

Indústria já pressiona o Governo para agilidade e rapidez

Enquanto isso, exportadores pressionam por rapidez. O setor industrial, especialmente, afirma que o “tarifaço” vem tirando competitividade e segurando contratos importantes. Na visão deles, o Brasil está perdendo espaço justamente em um mercado que deveria ser estratégico.

O Planalto, porém, evita marcar prazos. A ordem é continuar negociando, tentar ampliar as exceções já conquistadas e torcer para que o clima político com Trump ajude. Mas, dentro do governo, a leitura já está feita: não existe avanço sem contrapartida e o Brasil vai ter que decidir, em algum momento, até onde está disposto a ir nessas trocas.

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