Datacenters dos EUA usarão US$ 2,5 Trilhões para Inteligência Artificial até 2030

Por uma estimativa os datacenters estadunidenses consumirão 500 terawatts por hora em um ano inteiro o que é mais de 10% de toda a eletricidade doméstica

01 dez, 2025
Fotografia de uma pequena parte de um grande servidor | Reprodução/unsplash/Kevin Ache
Fotografia de uma pequena parte de um grande servidor | Reprodução/unsplash/Kevin Ache

Nos próximos cinco anos, as empresas que lideram hoje o uso de inteligência artificial como a OpenAI, Google, Amazon, Microsoft e Meta pretendem aumentar a capacidade computacional que operam as IAs, mais do que dobrando o consumo de eletricidade que atualmente é de 40 gigawatts de energia, quantidade suficiente para abastecer 30 milhões de residências.

Lideradas pelas empresas mais ricas do mundo, as IAs de uma forma ou de outra, terão uma solução para se manter funcionando.

Custos astronômicos

Com 50 milhões de dólares por gigawatt de potência computacional instalada, até 2030 serão cerca de US$ 2,5 trilhões gastos, ou na conversão, 13,35 trilhões de reais. Uma média de 80% desse valor será para compra de GPUs de empresas como a Nvidia e a AMD, empresas de tecnologia muito famosas pelo mundo, e os produtos serão utilizados com energia fabricada em novas usinas e linhas de transmissão financiadas pelo resto do montante, que gira em torno de US$ 500 bilhões (ou 2,67 trilhões de reais).

Numa estimativa da Goldman Sachs, um banco de investimentos, os datacenters estadunidenses consumirão 500 terawatts/hora por ano o que por si só é mais de 10% de toda a eletricidade doméstica.

Briga em demanda

Problemas envolvendo datacenters e energia já acontecem pelo território norte-americano. No Oregon, a Amazon Data Services entrou com uma reclamação contra a Pacificorp, que recusou a fornecer energia para ativar os datacenters da empresa na região, que investiam cerca de 30 bilhões de dólares da companhia, uma média de R$ 160, 2 bilhões.

Já na Califórnia, em Santa Clara, dois centros de 50 megawatts, desenvolvidos tanto pela Digital Realty quanto pela Stack Infraestructure, enfrentam um problema parecido. Mesmo prontos, não conseguem eletricidade até a Silicon Valley Power finalizar suas atualizações de rede, previstas para 2028 ou depois, custando mais de 450 milhões de dólares (ou 2,403 bilhões de reais).


Por que data centers consomem tanta energia e água? (Vídeo: reprodução/Youtube/@TheInterceptBrasil)


Dentre cenários pessimistas, Joseph Majkut, diretor de segurança energética do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou que este é um bom problema para os Estados Unidos enfrentarem. “Os EUA estão posicionados para alimentar mais crescimento econômico e indústrias estratégicas do que vimos em décadas”, disse Majkut.

Datacenters com energia própria

Fugindo da situação, muitos desenvolvedores de datacenters estão assumindo o controle ao construir geração de energia no local para não depender de concessionárias. No Texas, esses geradores são especialmente comuns, possuindo a própria rede elétrica e não sujeita à supervisão regulatória federal, facilitando a obtenção de licenças. Muitas petroleiras fazem o mesmo, para lucrar na área com diferentes preços entre gás e eletricidade.

O Projeto Stargate, desenvolvido em parceria pela OpenAI, SoftBank, Oracle e MGX, está instalando 10 turbinas a gás para server como energia de backup no local, em Abilene, Texas. Para o Goldman Sachs, 60% de toda a nova demanda de datacenters será abastecida com gás natural.

Segunda vida ao carvão

Com a nova demanda impulsionada pelas IAs, até o carvão pode voltar a ser utilizado em grande escala. No último ano, seu uso subiu após Donald Trump propor a revogação das regras do governo Biden com a EPA, Agência de Proteção Ambiental. Assim, no Colorado, houveram pedidos para que duas usinas de carvão não fossem fechadas até que haja substitutas.

A Energia nuclear também parece garantir eletricidade abundante. Tanto a Meta, como Microsoft e Amazon contrataram fornecimento de energia por reatores nucleares, tanto velhas como novas.

Por meio de sua “modelagem integrativa” as inteligências artificiais e seus datacenters mostraram como a indústria poderia aumentar reservas globais de petróleo, modernizar linhas de transmissão de alta tensão e permitir que empresas de energia criem programas de resposta à demanda. Se os operadores de datacenters concordassem em diminuir o consumo de energia em apenas 1% e reduzir o uso de eletricidade em momentos de pico, o efeito criaria uma “folga” para os cortes de carga em basicamente 125 GW.

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