Pijamas nos aeroportos: o novo debate entre conforto e etiqueta

O uso de pijamas em aeroportos reacende o debate entre conforto e etiqueta de viagem, enquanto moda e luxo redefinem o que significa vestir-se para voar

30 nov, 2025
Celebridades também tem adotado o pijama como look casual | Reprodução/Instagram/@
missmariesmodeintime
Celebridades também tem adotado o pijama como look casual | Reprodução/Instagram/@ missmariesmodeintime

Nos corredores dos aeroportos — historicamente território da praticidade — um item doméstico virou protagonista dos debates: o pijama. Enquanto parte dos viajantes abraça o conforto absoluto como extensão natural da vida moderna, outra parcela acredita que a forma de se vestir durante o deslocamento ainda carrega um significado social. O assunto reacendeu recentemente depois de autoridades norte-americanas pedirem um retorno à “civilidade” nas viagens. Mas, antes de assumir lados, vale olhar para o que realmente levou o pijama a sair do quarto e ganhar embarques e desembarques ao redor do mundo.

A verdade é que o movimento “conforto sobre estilo” não nasceu no aeroporto, ele apenas encontrou ali o palco perfeito. Roupas macias, cortes soltos e tecidos naturais foram adotados como resposta ao ritmo acelerado da vida pós-pandemia. E, quando a moda percebeu esse desejo coletivo por aconchego, transformou o que antes era roupa de descanso em desejo de consumo.

Conforto, etiqueta e um novo código não oficial

O pedido para que passageiros “se vistam com mais respeito” reacendeu uma discussão que parece simples, mas não é. Para muitos, vestir-se para viajar é quase uma forma de gentileza coletiva: você demonstra cuidado com o espaço comum, coopera no embarque e, de quebra, contribui para um ambiente mais harmonioso. Para outros, exigir formalidade num cenário cada vez mais caótico — filas longas, atrasos constantes, cabines apertadas — é quase pedir que o passageiro ignore a realidade.


 Angelina Jolie também adota um visual mais confortável para viajar (Foto: reprodução/Instagram/@aquarentenamag)


Mas há um ponto curioso nesse debate contemporâneo: nem todo pijama é igual. No mundo das companhias aéreas premium, kits de sono assinados por marcas de luxo viraram objeto de desejo, ultrapassando facilmente a faixa dos cem dólares em sites de revenda. Há modelos hidratantes, com tecidos que liberam óleos nutritivos durante o voo, e coleções feitas em parceria com camiseiros históricos. Ou seja: o pijama, longe de ser sinônimo de descuido, pode ser também um marcador de status.

Das passarelas aos portões de embarque

A moda de luxo também contribuiu para essa normalização. Grifes tem apostado no loungewear sofisticado, borrando as fronteiras entre o casual e o elegante. Pijamas de algodão estruturado, calças amplas com recortes de alfaiataria e robes reinterpretados como casacos leves desfilaram em coleções recentes, provando que conforto não precisa ser antônimo de estilo.


Desfile da Dolce & Gabbana verão 2026 focou nos pijamas (Vídeo: reprodução/Instagram/@madeincolombiam)


Com isso, a ideia de “como viajar bem vestido” vem ganhando nuances. Se antes a regra era clara — nada de casualidade excessiva — agora existe um novo caminho possível, guiado pelo equilíbrio: peças macias, cortes elegantes e atenção ao entorno. Mais do que uma batalha entre “pijama sim” ou “pijama não”, estamos assistindo ao nascimento de um código de etiqueta reconstruído, onde a intenção pesa tanto quanto a roupa escolhida.

No fim, talvez o que realmente defina o look de aeroporto não seja a peça em si, mas a atitude. E, entre um robe de seda e um moletom oversized, o que todos parecem querer é apenas uma viagem mais tranquila — de preferência, com a mesma leveza de quem acabou de acordar.

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