O filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, foi o escolhido pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (15).

A decisão veio após uma semana de campanha marcada por polêmicas e disputas acirradas. Como determina o regulamento da premiação, cada país pode inscrever apenas um título na categoria internacional. Embora o longa não selecionado ainda possa concorrer em outras categorias, como direção, roteiro ou atuação, historicamente é raro mais de uma produção de um mesmo país chegar à lista de indicados.

Segundo as regras da Academia de Hollywood, para ser elegível, o filme precisa ter mais de 40 minutos de duração, ser produzido fora dos Estados Unidos e apresentar pelo menos 50% de seu áudio original em idioma diferente do inglês.

Novo trailer divulgado pela Vitrine Filmes de 'O Agente Secreto' (Vídeo: Reprodução/Youtube/Vitrine Filmes)

Reconhecimento internacional

O Agente Secreto já conquistou destaque na imprensa estrangeira. O jornal britânico The Guardian classificou o filme como “visual e dramaticamente soberbo”, além de “ambicioso, complexo e elusivo”, atribuindo nota máxima à produção.

Nos Estados Unidos, o Hollywood Reporter elogiou o longa como “magistral” e destacou o “retorno maravilhoso de Wagner Moura ao cinema brasileiro”. Já o site The Playlist avaliou o filme como uma “obra-prima” e o mais ambicioso projeto da carreira de Kleber Mendonça Filho.

Além do prestígio crítico, a produção também conquistou prêmios relevantes, como Melhor Direção e Melhor Ator (Wagner Moura) no Festival de Cannes.

Na última semana, Mendonça Filho esteve em Toronto para divulgação do filme no Canadá (Foto: Reprodução/Cindy Ord/Getty Images Embed)

Walter Salles impulsiona a campanha

Um dos momentos mais importantes da campanha aconteceu em Los Angeles, durante a 17ª edição do BRAVO Film Festival, que promove o audiovisual brasileiro nos Estados Unidos. A exibição especial de O Agente Secreto ocorreu no prestigiado Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e contou com a apresentação de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025 com Ainda Estou Aqui.

A presença do cineasta reforçou a credibilidade do longa e abriu caminhos no circuito hollywoodiano. Durante o evento, Salles destacou o potencial universal da narrativa ambientada em Recife, nos anos 1970, durante a ditadura militar.

Vencedor do Oscar com Ainda Estou Aqui, Walter Salles apoiou a candidatura do longa (Foto: Reprodução/Mike Coppola/Getty Images Embed)

Sinopse e elenco

A trama acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna a Recife após anos no exterior em busca de paz. No entanto, ele logo percebe que sua cidade natal esconde perigos e segredos inquietantes.

O elenco conta ainda com Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Alice Carvalho, Roberto Diogenes e Hermila Guedes, além da participação internacional de Udo Kier, conhecido por Bacurau.

O caminho até o Oscar

Após a inscrição oficial feita pela comissão brasileira, O Agente Secreto passará a disputar uma vaga entre os finalistas da categoria internacional. O processo ocorre em duas etapas:

1. Primeira fase – Todos os membros da Academia podem assistir aos filmes inscritos. Os 15 mais votados formam a lista preliminar, divulgada em dezembro.

2. Segunda fase – A partir dessa lista, os membros escolhem os cinco indicados oficiais ao Oscar.

A divulgação internacional e a campanha de visibilidade são fatores decisivos nesse processo. Como lembra um velho ditado do circuito hollywoodiano, “quem não é visto, não é lembrado”.

Um novo momento para o cinema brasileiro

Com a força de Kleber Mendonça Filho, o prestígio internacional de Wagner Moura e o apoio de Walter Salles, O Agente Secreto surge como um dos projetos brasileiros mais promissores da última década.

Mais do que disputar uma estatueta, o filme simboliza uma fase mais ousada e sofisticada do cinema nacional, capaz de dialogar com plateias globais sem perder sua identidade. Se o bom momento se mantiver, a produção pode abrir portas para uma nova geração de cineastas e, quem sabe, trazer mais um Oscar para o Brasil.